Vítor Bruno: de adjunto invencível a protagonista vulnerável

NACIONAL25.11.202419:00

Técnico foi escolha bem acolhida pelos portistas, no início, e reforçou créditos com a sensacional vitória na final da Supertaça. Cinco derrotas fora de casa e saída da Taça pela porta pequena quebraram esse elo com os adeptos

A escolha de Vítor Bruno para suceder a Sérgio Conceição no comando técnico do clube foi, desde o início, uma decisão envolta em polémica. No entanto, a aposta de André Villas-Boas num homem da casa, que conhecia profundamente o plantel e transmitia serenidade no seu discurso, parecia estar alinhada com a visão de um FC Porto renovado.

Vítor Bruno conquistou respeito ao substituir Sérgio Conceição sempre que o líder da equipa cumpria castigo, somando 15 vitórias e 2 empates nos 17 jogos em que assumiu o banco. Apesar de trabalhar sob orientação estratégica de Conceição, Vítor Bruno construiu para o exterior uma imagem de competência e liderança, capaz de assumir o comando de uma equipa que exige sempre resultados positivos. O empate não é opção, quanto mais a derrota.

Contudo, os recentes acontecimentos abalaram esta confiança. A receção hostil no Dragão, impulsionada, em grande parte, pela ação dos Super Dragões, e a contestação em Moreira de Cónegos evidenciam a fragilidade da relação de Vítor Bruno com os adeptos. As cinco derrotas fora de casa, frente ao Sporting (0-2), Bodo/Glimt (2-3), Lazio (1-2), Benfica (1-4) e Moreirense (1-2), resultaram num ciclo preocupante, com 13 golos sofridos, sendo 8 nos últimos três encontros.

Esta sequência negativa esgotou os créditos conquistados pelo treinador, que tinham sido reforçados pela histórica reviravolta na final da Supertaça frente ao Sporting. A falta de resposta do FC Porto em momentos decisivos é um reflexo de um problema mais profundo. A derrota pesada contra o Benfica, logo após o desaire frente à Lazio, foi um golpe difícil de superar, agravado pela eliminação precoce da Taça de Portugal, competição que o clube venceu nas últimas três edições.

Um dragão bipolar

O registo defensivo atual, com 21 golos sofridos em 19 jogos, é o pior desde a época 1998/1999. O desempenho da equipa em casa contrasta fortemente com os resultados fora. No Dragão, o FC Porto permanece invicto, com 8 vitórias e 1 empate (3-3 frente ao Manchester United), marcando 24 golos e sofrendo apenas 5. No entanto, mesmo nos triunfos, houve momentos de dificuldade e dúvidas, como nos jogos contra o Farense (2-1), Arouca (4-0, mas com empate ao intervalo), SC Braga (2-1) e Hoffenheim (2-0).

O FC Porto vive, portanto, uma fase conturbada, onde os resultados em casa não conseguem compensar a instabilidade fora de portas. Este é um momento crucial para a equipa técnica e a direção, que precisam de encontrar soluções rápidas para devolver a consistência e a identidade vencedora que sempre caracterizaram o clube.

O percurso como adjunto invencível

Como adjunto chamado de emergência à liderança do FC Porto, Vítor Bruno orientou a equipa em 17 ocasiões e com um registo de 15 vitórias e dois empates. Ou seja, saiu dessa condição invicto.

Tudo começou em 2028/19, num triunfo sobre o Boavista, por 2-0. Seguiram-se duelos com Krasnodar (1-0), Portimonense (3-1), Famalicão (3-2), Rio Ave (1-0), Vizela (4-0), Benfica (3-0), BSAD (4-1), Famalicão (3-1), duas vezes o Santa Clara (3-0 e 1-1) e frente ao Arouca (0-1).

Na época 2023/24, após a expulsão de Sérgio Conceição na final da Supertaça, que resultou numa suspensão de 23 dias, Vítor Bruno assumiu o comando da equipa nas primeiras quatro jornadas da Liga, garantindo resultados positivos contra o Moreirense (2-1), Farense (2-1), Rio Ave (2-1) e um empate com o Arouca (1-1). Mais tarde, na 34.ª jornada do campeonato, voltou a substituir Sérgio Conceição, que estava suspenso por acumulação de cartões amarelos, liderando a equipa a uma vitória por 1-0 frente ao SC Braga, no Dragão.

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