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Um leão em modo híbrido a precisar de muita energia (crónica)
O Sporting venceu o Sunderland, mas esteve longe de convencer. Rui Borges apostou na estabilidade da equipa (apenas três substituições), mas as inevitáveis cargas de pré-temporada fizeram sentir-se. Tem agora, o campeão nacional, semana e meia para ajustar os níveis físicos que lhe permitam interpretar melhor o que pretende o treinador. No dia 31 já é a doer, mesmo sabendo que terá pela frente, na Supertaça, um adversário com menos tempo de preparação e menos tempos de férias.
Os leões apresentaram-se formalmente no 4x2x3x1 que Rui Borges parece querer implementar, mas desde cedo houve desdobramentos a deixar dúvidas sobre qual o verdadeiro sistema tático pensado pelo técnico. Muito provavelmente pensou em modelos diferenciados para ataque em construção, transições e momentos defensivos. O facto é que Matheus Reis apareceu sempre muito projetado pelo flanco esquerdo, enquanto Eduardo Quaresma, do outro lado, ia ficando a fazer várias vezes linha defensiva de três com Debast e Inácio. Geovany Quenda foi autêntico extremo-direito em momentos de ataque, enquanto na esquerda Pedro Gonçalves cirandava entre o flanco e o apoio mais central a Harder. O dinamarquês, mais fixo, teve na maior parte das ocasiões a ajuda direta de Trincão, teoricamente, esta segunda-feira, o número 10 do hipotético 4x2x3x1.
A defender (e o Sporting defendeu bastante mais do que queria na primeira parte, valendo-lhe sobretudo Rui Silva e Debast), Quenda muitas vezes descia o suficiente para os leões acabarem por ter uma linha de cinco, alternando com os quatro teoricamente designados no balneário. Matheus Reis ia fazendo as suas piscinas pela esquerda, Morita surgia amiúde por entre os centrais para o início das jogadas (fá-lo-ia depois Rayan Lucas), o Sporting não conseguia (de todo) ligar o jogo e o Sunderland esteve várias vezes perto do golo, não tendo conseguido, todavia, desfazer a vantagem leonina obtida logo aos 11 minutos num bom desenho ofensivo dos leões: passe longo de Debast, desmarcação de Harder pela meia esquerda , ultrapassagem ao guarda-redes e serviço impecável da linha, rasteiro, para Trincão finalizar na pequena área.
O Sunderland trocou todos os jogadores de campo ao intervalo. O Sporting, pelo contrário, manteve o onze inicial até aos 73 minutos, altura em que saiu Morita, e até final só haveria de processar mais duas substituições. O passar do tempo e a estabilidade do onze pareceu tranquilizar os leões. O novo Sunderland pareceu bem menos rotinado e a frescura que trouxe não foi suficiente para contrariar a segurança crescente com que, minuto a minuto, os leões iam baixando o ritmo de jogo e segurando a bola longe da sua área. Das poucas oportunidades de golo da segunda parte, aliás, a maioria até pertenceu ao Sporting. Ao contrário do que sucedera na primeira, Rui Silva foi um espectador privilegiado de um jogo típico de pré-época. E o que é um jogo típico de pré-época, afinal? Equipas a encontrarem-se, desgaste físico, muito pouco espetáculo, intensidade bem distante da que terão de demonstrar nos próximos meses e, convenhamos, uma preocupação com o resultado apenas relativa. Seja como for, sabe sempre melhor vencer, e o Sporting finalmente conseguiu-o neste estágio algarvio.