Tudo o que disse Roberto Martínez no anúncio da convocatória para o Euro
Roberto Martínez anuncia os convocados. RODRIGO ANTUNES/LUSA

Tudo o que disse Roberto Martínez no anúncio da convocatória para o Euro

INTERNACIONAL21.05.202415:09

A ausência de Pedro Gonçalves e Francisco Trincão foi um dos temas mais falados

Como explica que o campeão nacional só tenha tido um jogador convocado, Gonçalo Inácio, e não Trincão, Pedro Gonçalves ou Paulinho? Pepe, Diogo Jota e Nuno Mendes tiveram problemas de lesões e integram, ao invés, a lista.

Na minha experiência, para uma lista de convocados para o Euro, na nossa forma de trabalhar não é possível entrar se não se fez parte da seleção nos últimos seis estágios. Temos muitos jogadores, fizemos um apuramento impecável e tomámos decisões difíceis, mas que tivemos de tomar para ter uma equipa equilibrada e ter as opções de que precisamos. Acho que o Trincão e o Pedro Gonçalves tiveram uma época excecional mas tiveram azar, porque o estágio de março era importante para eles. Agora, para entrarem, há jogadores que precisam de sair.

[Pepe, Diogo Jota e Nuno Mendes] É importante ter uma decisão médica e estes jogadores estão aptos. O Raphael Guerreiro foi muto importante para nós, tem perfil e é uma pessoa especial, mas não está apto para o começo da preparação. O Pedro Neto jogou o último jogo da sua época, o Diogo Jota também está apto e o Pepe está pronto para o começo do período de preparação, a 2 de junho. Não há risco e no desporto, no futebol, os acidentes podem acontecer mas não estamos a correr riscos porque os jogadores estão aptos medicamente.

Ainda hesitou em convocar Pepe? Fez apenas um jogo na fase de qualificação e tem 41 anos. Como avalia o momento de Cristiano Ronaldo?

Temos um balneário muto equilibrado, jogadores de gerações diferentes, os nomes de Pepe e Cristiano Ronaldo são de uma geração diferente da geração do Bernardo Silva e do Rúben Dias, e diferente da do António Silva e do João Neves, portanto é importante a presença do Pepe pela exigência e a sua forma de representar a seleção. Em estágio, o futebol é uma luta constante e foi interessante ver o Pepe fazer dois jogos em março e manter baliza a zero nos 90 minutos em que jogou.

Posicionalmente o Pepe, se estiver apto, é muito importante. De Cristiano Ronaldo, o melhor é falar de dados – um jogador que faz 42 golos em 41 jogos mostra uma continuidade e capacidade física de estar sempre apto e uma qualidade em frente à baliza de que precisamos e gostamos muito.

Qual foi o jogador que mais lhe custou deixar de fora? Encontra na equipa um misto de estilos?

Não gosto de falar de nomes, mas preciso de falar de um. O Ricardo Horta é um exemplo, um jogador que tática e tecnicamente é um sonho para um treinador. Há uma situação em que há especialistas para o que precisaremos para a Chéquia, a Turquia e a Geórgia e foi impossível convocá-lo. Fez tudo para estar na lista. Acho que temos continuidade e é importante para a equipa técnica treinar conceitos, a flexibilidade tática é essencial. Podemos jogar com linha de cinco, quatro, dois pontas de lança…mas também temos jogadores novos: o momento de forma do Chico Conceição é importante.

Como será o estágio? Que pontos serão essenciais para o êxito?

O período de preparação é muito bom porque acho muito importante termos três amigáveis junto dos nossos adeptos. É sempre essencial para melhorar a parte psicológica do grupo e trabalhar nas nossas instalações para dar um tratamento individual aos jogadores, para que possam dar tudo. O importante para nós é crescer durante o torneio e temos três jogos. O objetivo é utilizarmo-los para crescermos muito nos jogos. O compromisso, o esforço, a dedicação e dar tudo pela equipa num período de 24, 25 dias é essencial.

A título pessoal, chegando ao segundo Euro, sente que é a maior oportunidade para conquistar uma grande competição?

É uma pergunta muito difícil porque nunca olho para mim. O selecionador está aqui para lançar o trabalho do jogador e fazer a equipa melhor para termos vantagens no relvado. A Federação é muito profissional, temos tudo para chegar ao máximo nível e precisamos de utilizar todos os dias que estivermos juntos para crescer.

O que pode prometer aos portugueses? Que alcunha gostaria de dar a esta seleção?

Faz parte da preparação ter um sonho. Acho que para a nossa seleção é um sonho e todos os dias há uma oportunidade para alcançar os objetivos. A seleção pode ser tudo o que os adeptos queiram que ela possa ser. Posso prometer dedicação, compromisso… o nome é difícil, quero pensar bem. Sonhadores? Pode ser, mas a sonhar gostava de estar mais perto, de controlar o sonho. Vou esperar para decidir.

O Toti Gomes não está entre os eleitos. Este será o grupo definitivo? Tem uma lista alternativa para o caso de existirem contratempos?

O Toti é um jogador de perfil claro, um central muito forte de pé esquerdo e teve azar porque chamámos cinco centrais e ele é o número 6, não posso ser mais honesto. Não e fácil ver o Toti, o Matheus Nunes, o Ricardo Horta, o Bruma ou o Jota silva, que tiveram um papel na fase de apuramento, não poderem entrar, mas fazem parte do futuro. Temos 26 jogadores e temos uma pré-lista de jogadores para eventuais lesões. É uma lista de 42 jogadores com perfil, posição e soluções para trocar. Até dia 17, podemos alterar.

Francisco Conceição ultrapassou colegas como Ricardo Horta ou Bruma. Está a ter um impacto semelhante ao de João Neves?

Ainda não falei com o Chico, mas teve um período de janeiro até ao fim da época muito bom e é um jogador diferenciado. Gosta de ser vertical e tem boa personalidade, é um espalha-brasas com nível excecional. É um jogador que está num momento ótimo e aproveitou a sua oportunidade.

Pedro Gonçalves e Trincão poderiam estar aqui hoje e falham a convocatória. Que palavra tem para os sportinguistas que possam estar mais desiludidos?

Gostaria de dar os parabéns ao Sporting, fez uma época ótima. O Trincão teve azar, estava lesionado e Pedro Gonçalves também, não entraram na lista de março. A nossa lista não é para deixar jogadores de fora, o foco não é esse. A seleção somos todos e muitos representam o Sporting: o Bruno Fernandes, o Palhinha, muitos jogadores que lá fizeram a formação. A mensagem para quem não está é que depois do Euro há outro processo, um período novo e têm porta aberta.

A lista tem caras mais novas. Podem assumir-se como titulares, a exemplo do que aconteceu com Renato Sanches em 2016?

É uma boa reflexão. Os balneários têm jogadores que controlam momentos diferentes e cria-se competitividade no treino para os jogadores terem minutos no relvado. Não tenho o onze inicial na cabeça e a meritocracia é importante. As idades não importam e sim o que os jogadores podem fazer no dia a dia, no futebol moderno cinco jogadorw para das equiopa, jogos terminam com 10 jogadores diferentes.

Convocar 26 jogadores implica deixar de fora vários jogadores que tiveram participação na equipa e não poderão dar o seu contributo. Contactou algum jogador no sentido de o incentivar ou justificar a sua decisão?

Não falei com ninguém, faz parte da minha posição, de tomar decisões «O Toti Gomes é um exemplo, o João Mário também, o Ricardo Horta, o Bruma, o Matheus Nunes ou o Jota Silva. Temos os nossos jogadores favoritos, gostamos dos jogadores e é normal os adeptos terem as suas escolhas, o treinador de bancada faz parte do processo, mas os jogadores que fizeram parte da fase de apuramento…é difícil para mim e para a equipa técnica.

O único jogador a quem liguei foi o Ricardo Horta, porque fiquei realmente triste por não ter feito parte. É uma situação difícil ver jogadores que fizeram tudo e fizeram parte da fase de apuramento não estarem.