Sporting: «É um jogador diferenciado, vai adaptar-se perfeitamente»

Rui Borges chegou ao Sporting no final de dezembro último, numa altura de fragilidade para os leões, na ressaca da saída de Ruben Amorim para o Manchester United, uma aposta falhada na promoção de João Pereira do comando técnico da equipa B e as primeiras derrotas da época. O treinador de Mirandela tinha, então, pouca margem de manobra para mexer no 3x4x3 já consolidado, ainda assim, tentou impor o seu cunho, apostando numa linha defensiva de quatro, não tendo sido bem sucedido, regressando então aos três centrais.

Agora, a preparar a época de raiz, não restam dúvidas: o Sporting versão 2025/2026 vai jogar em 4x2x3x1, cabendo a Pedro Gonçalves a posição de 10. A BOLA falou com João Pedro Sousa, treinador com quem trabalhou no Famalicão, em 2019/2020, antes de dar o salto para Alvalade.

«Só posso falar baseado no tempo que trabalhei com ele. O Pedro hoje é um jogador diferente. Na altura já era diferenciado, um desequilibrador. No entanto, hoje é melhor jogador, mais maduro, com um maior entendimento do jogo, mais concentrado. Mas, dentro daquilo que conheço dele, vai adaptar-se perfeitamente à posição. Aliás, penso que o terreno onde ele se sente mais confortável é entre linhas. Seja entre as linhas avançada e média do adversário, seja entre as linhas média e defensiva do adversário, como parece que vai ser o caso. Ele aí sente-se perfeitamente à-vontade. Taticamente consegue explorar muito bem os espaços», realçou.

Os elogios seguiram-se: «Recebe, orienta, dá velocidade ao jogo, consegue manter a posse de bola nesses espaços, o que é extremamente difícil no futebol, e depois consegue fazer ligações, finalizar, aparecer com muita velocidade e com muita inteligência nas finalizações. O Pedro é um jogador muito acima da média, dentro do próprio jogo vai dar ao seu treinador uma série de opções, vai criar muito impacto na posição.»

João Pedro Sousa recuou no tempo e recordou como utilizou Pedro Gonçalves no Famalicão: «Junto ao número 6, muito perto dele, quase um 8. Uma grande parte da época jogou sempre perto do avançado, entre linhas, como um 10. Jogávamos com dois médios ofensivos, mas ele seria um dos médios ofensivos e fazia as duas posições com muita qualidade. Acho que ele até gosta de jogar em qualquer uma das posições, onde está o jogo, é onde jogadores atrevidos como o Pedro gostam de estar para recorrer ao drible, ao passe de risco.»

O treinador realçou, ainda, que a equipa leonina ressentiu-se da falta de Pedro Gonçalves durante os cerca de cinco meses em que esteve lesionado. Um jogador que, desde que chegou, tornou-se num esteio dos leões, tendo conquistado dois títulos de campeão nacional, duas taças da Liga e uma Supertaça: «Claramente, sei que um jogador não faz a equipa, mas um jogador como o Pedro pode, em determinados momentos, ser fundamental.»

Pedro Gonçalves soma apenas três internacionalizações por Portugal (64 minutos): estreou-se com Fernando Santos, a 4 de junho 2021, no Euro-2020, num nulo com Espanha, em que ao intervalo rendeu João Félix; seguiram-se mais 19 minutos, na goleada imposta a Israel (4-0), tendo substituído William Carvalho. Agora, na era Roberto Martínez, o azar bateu-lhe à porta de cada vez que viu o seu nome ser incluído nas convocatórias.

«Infelizmente teve pouca sorte, porque as lesões apareceram no momento em que ia ter a sua oportunidade na Seleção, mas com calma, seguramente, ele vai regressar e vai ter a sua oportunidade na Seleção», realçou João Pedro Sousa.

Recorde-se que Pedro Gonçalves foi chamado à Liga das Nações em setembro, jogou 3 minutos na fase de grupos, no 2-1 à Croácia. Na final four, após cinco meses de lesão, entrou na convocatória, mas não somou minutos — Portugal conquistou o troféu.

A oportunidade para se afirmar na Seleção é, assim, a peça que falta no puzzle para que Pedro Gonçalves se sinta um jogador ainda mais realizado.

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