Sporting: adepto que ficou cego nos festejos já teve alta e conta o que se passou
Bernardo Topa, o adepto sportinguista de 28 anos que perdeu um olho nos festejos do bicampeonato, na sequência de ter sido atingido por uma bala de borracha quando se encontrava na zona do Saldanha aquando da passagem do autocarro panorâmico que transportava a equipa estava prestes a passar, já teve alta. E conta tudo o que se passou...
O jovem teve alta ontem, segunda-feira, e esta manhã, esteve na TVI, no programa 'Dois às dez' apresentado por Cristina Ferreira e Cláudio Ramos, a relatar o sucedido. «Sinto que é importante para mim e para outros estar aqui», começou por dizer o comissário de bordo.
«Tenho recebido muito apoio, tenho as caixas de mensagens das redes sociais cheias, por isso tenho o dever de explicar o que se passou. Fui mais um para ir festejar, estava na zona do Saldanha, não senti confusão alguma, nem ia ficar perto do autocarro, sabíamos que o corpo de intervenção da PSP ia afastar as pessoas, tal como aconteceu no ano passado, e, por isso, afastei-me um pouco. Estava no convívio com amigos e do nada vejo uma equipa de intervenção da polícia armada a aparecer, ainda longe de mim, e começo a ouvir tiros e disparos e de repente fui atingido. A minha preocupação logo era se via, deitei imenso sangue, fiquei desesperado, os meus amigos não se aperceberam de nada», relatou.
«Depois encontrei dois agentes e dirigi-me a eles a pedir ajuda. Vieram depois duas enfermeiras, estancaram o sangue até chegar a ambulância. Só via de um olho, percebi logo o que se estava a passar, deitei imenso sangue, mas fui percebendo que o pior cenário se confirmava. Na ambulância estava muito pessimista, chegado ao hospital na triagem disseram-me logo que era muito grave. A bala foi direta ao olho e destruíram-no. A operação foi para retirar a bala que ficou alojada», contou, emocionado.
A pior notícia surgiu no dia seguinte: «Disseram-me logo que já nunca mais ia ver do olho esquerdo. Falaram-me de reconstrução e do que é necessário. Estava muito concretizado profissionalmente e o que já soube é que com prótese não posso trabalhar. Foi tudo assustador, é tudo muito recente e estranho. Ainda estou em tratamento, vou ter consultas, não tenho dores, estou medicado, já me vi sem penso e é mesmo muito feio... Depois vou avançar para uma prótese», avançou.
Topa vai avançar com queixa formal e adaptar-se a toda uma nova realidade: «Sinto frustração e revolta. Agora já está e não há nada a fazer. Agora quero que seja feita justiça, que o autor seja identificado, porque isto não pode voltar a acontecer. É por isso que exponho a situação. Vou apresentar queixa formal presencialmente e depois vamos aguardar pelo desenvolvimento do processo. Agora é adaptar-me e confiar no que me dizem, a vida continua.»
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