Segredos do general do Benfica à beira do jogo 100

Otamendi vai atingir marca importante na Champions. Aos 37 anos sente-se «na plenitude» da forma

Nicolás Otamendi, capitão do Benfica, está a um jogo de atingir os 100 na UEFA Champions League. Um número que chegará quarta-feira, na receção ao Barcelona, desafio da primeira mão dos oitavos de final da competição, salvo algum imprevisto. O defesa-central argentino fez 9 jogos da fase de qualificação e 90 nas fases finais. Pelos encarnados tem 42 desafios na Champions, mais 40 com a camisola do Manchester City e 17 quando representou o FC Porto.

Nesta edição da prova milionária, Otamendi é o jogador mais utilizado, com 900 minutos, feito só alcançado por mais 11 jogadores, entre eles o guarda-redes Trubin. É, também, o 4.º jogador com mais recuperações de bola - 71, perdendo para Hien (Atalanta, com 73), Marquinhos (PSG, 76) e Pacho (PSG, 76); e o 3.º em cortes tentados, 54, num pódio completado por Kashia (Slovan Bratislava, 55) e Ordoñez (Club Brugge, 57).

Estes números impressionam, e mais ainda aqueles que soma desde que assinou pelo Benfica, em 2020/21. São cinco épocas (a atual ainda decorre) ao mais alto nível, com uma regularidade surpreendente. Tem 214 jogos no conjunto das competições, 213 na condição de titular, um total de 19.046 minutos em campo; marcou 10 golos e fez 7 assistências .

Nestas cinco temporadas, o Benfica fez 259 jogos, o que significa que Otamendi tem uma taxa de aproveitamento acima dos 80% (82,6), quanto a presenças.

Se juntarmos o que fez na seleção argentina esta época, nos Jogos Olímpicos de Paris e na qualificação para o Mundial, o central tem um total de 46 jogos, 4.038 minutos nas pernas.

Mas, afinal, quais são os segredos de Otamendi, aos 37 anos ainda a liderar o Benfica num momento competitivo exigente e com ele em boa forma? Não serão bem segredos, e o próprio contou, numa entrevista, detalhes que fazem a diferença.

AS BOAS PRÁTICAS

Além de todo o trabalho que faz no Benfica, Otamendi revelou, numa entrevista que deu aos argentinos da Radio La Red, em meados de fevereiro, que conta frequentemente com o apoio de um nutricionista italiano.

2 março 2025, 10:00

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«Estou com ele há muito anos. Dá-me medicamentos naturais que me ajudam, entre outras coisas, na recuperação, na digestão, limpa-me o estômago por completo [...] Depois dos treinos fico mais duas ou três horas a fazer massagens, faço água fria, gelo...», partilhou o argentino, que falou também de uma alimentação cuidada, «frango, arroz e saladas praticamente todos os dias», que contribuem para que se sinta na «plenitude» da forma, aos 37 anos.

«Hoje, sinto-me no meu melhor, estou a jogar na UEFA Champions League, estou na Europa. Sinto-me bem», confessou o central a 12 de fevereiro, dia do aniversário e que foi passado no Mónaco, onde o Benfica ganhou 1-0 na primeira mão do play-off da UEFA Champions League.

Ganhar está no meu ADN. Vou continuar a lutar por isso até que digam basta

Otamendi continua a não fechar a porta a nenhum jogo, a nenhuma competição. «Estarei na seleção nacional até que o treinador escolha outra pessoa. Estou sempre disponível. A decisão será do treinador. Ou até dizer que não estou pronto para competir ou que não estou à altura [...]. Estou na Europa há 15 anos. Estou feliz pela carreira que tive, pelos objetivos a que me propus. Ganhar está no meu ADN. Vou continuar a lutar por isso até que digam basta», confidenciou na mesma entrevista, ele que pela seleção soma 123 jogos e 7 golos.

O PERFIL

Apesar das oscilações de forma durante as épocas, que lhe valem algumas desconfianças, Otamendi continua a ser incontornável enquanto titular do Benfica, líder da defesa e também capitão. Esta época tem assumido especial destaque essa liderança, sendo ele já várias vezes quem falou aos jornalistas antes e depois de jogos importantes, em momentos delicados da equipa ou de polémica.

«O Ota é o nosso capitão, um símbolo desta equipa, deste clube. Está sempre a 100 por cento, joga todos os jogos, dá a vida por esta camisola e temos muito orgulho por tê-lo como nosso capitão», disse o compatriota e companheiro no balneário das águias Ángel Di María, depois da vitória em Itália, frente à Juventus (2-0), que qualificou a equipa para o play-off da Champions.

«O Nico tem sido um campeão. É um privilégio ter jogadores deste calibre no nosso plantel. Regressou da seleção com um pequeno toque, se calhar vinha com ideia de recuperar bem para o Mónaco e quando percebeu que o Tomás [Araújo] não estava disponível deu dois passos em frente para jogar com o Estrela da Amadora», salientou o treinador, Bruno Lage, que publicamente tambem já tinha destacado a importância do argentino fora de campo. Por exemplo, tomou a iniciativa de organizar um almoço de plantel.

O Nico tem sido um campeão. É um privilégio ter jogadores deste calibre no nosso plantel

Otamendi tem sido importante também na gestão das emoções e na adaptação dos mais jovens, como Prestianni, extremo argentino de 19 anos que tarda em reaparecer na equipa depois de ter iniciado a época como titular de Roger Schmidt, o anterior treinador. Ou Carreras, lateral-esquerdo de 21 anos, que se impôs na equipa esta época e já confessou que tem no central argentino um dos principais conselheiros — «Dou-me muito bem com Otamendi. Em campo estamos ao lado um do outro, estamos sempre a falar, ele dá-me conselhos e eu aceito-os todos. Tenho orgulho em jogar ao lado dele e também temos uma relação muito boa fora do campo», disse o espanhol.

Nicolás Otamendi assume, de corpo e alma, destaque no Benfica.