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Richard Ríos, ao centro, envolvido pela bandeira colombiana, e ao lado do treinador Maurício Souza, nos sub-20 do Flamengo (D.R.)

«Trazia 'vícios' do futsal»: a história incrível do reforço do Benfica

Maurício Souza, treinador brasileiro que recebeu Richard Ríos no Flamengo aos 19 anos, revela méritos e dificuldades de um processo verdadeiramente improvável

Maurício Souza, 51 anos, brasileiro, atual treinador do Persija, da Indonésia, dirigia a equipa de sub-20 do Flamengo em 2019 quando Richard Ríos, reforço do Benfica, chegou ao Rio de Janeiro. E pertence-lhe o mérito de ter transformado alguém que era uma certeza do futsal numa promessa do futebol.

«O Richard era um jogador da seleção colombiana de futsal e chegou até mim pela mão de Paulo César Oliveira, treinador que foi campeão mundial de futsal pelo Brasil. Eu também tinha ligações ao futsal e conhecia o PC Oliveira. Ele trouxe-me o Richard, em conjunto com os empresários do jogador. Tinha 19 anos e muito destaque no futsal e o objetivo era colocá-lo num clube onde houvesse alguém que soubesse o que era futsal e futebol e que pudesse ajudá-lo a fazer essa transição, que era complicada e exigia paciência», começou por explicar o técnico a A BOLA.

«Era um ala muito bom no futsal e eu até brincava com ele, pela forma como jogava futebol. Era nosso papel passar os conteúdos do jogo de futebol e ele era muito bem elaborado tecnicamente, fisicamente muito forte e inteligente. O mais difícil para mim foi entender realmente a melhor posição para ele. Tinha muita valência física, grande estatura e poderia jogar em diferentes posições», observou, antes de abordar o que chamou de «vícios do futsal».

«A primeira avaliação que fizemos foi: jogará do meio-campo para a frente ou do meio-campo para trás? Ele poderia ser um médio mais ofensivo, jogando mais aberto, com a sua velocidade e drible, metendo depois para dentro. Mas trazia alguns vícios do futsal, via o jogo de forma muito curta, exagerava nos dribles à entrada da área, pisava a bola como se faz no futsal. Lembro-me, todavia, que marcou ao Palmeiras dessa forma, ameaçou o remate, pisou a bola e depois fez golo. Comigo passou a jogar como médio mais adiantado e ganhámos cinco títulos com ele nos sub-20.»

No futsal não se joga muito de cabeça, mas Ríos dá conta do recado. «Sim, mas mais tarde ele até fez um golo de cabeça contra mim. É um jogador que disputa muito bem a primeira bola. O que mais lhe pedi e acabei por corrigir foram os momentos em que poderia usar drible de futsal, ameaçar o passe e pisar a bola. Era complicado, pois a bola poderia escorregar e fugir, ele gostava de ludibriar nessa situação de passe e remate. E como não tinha muita noção dos espaços usava as artes do futsal em qualquer parte do campo. Assim, quanto menos fizesse aquilo, melhor.»

Aspeto financeiro pesou na decisão
Em Portugal é improvável trocar o futsal pelo futebol, no Brasil também não é habitual fazer a mudança tão tarde como Richard Ríos, mas há uma mentalidade mais preparada. «Aqui é muito comum as crianças começarem no futsal e depois aos 13, 14 anos passarem para o campo relvado e deixar a quadra», explicou Maurício Souza, que lidou com alguém que procurava melhores condições de vida quando arriscou aos 19 anos deixar de ser internacional colombiano de futsal para tentar a sorte, à experiência, no Flamengo: «O motivo não sei exatamente, mas deve ser esse mesmo.» O atual técnico do Persija, da Indonésia, lembra os primeiros tempos: «Experimentei o Richard a 10, a 9, a 5 [médio-defensivo]... até a lateral-direito. Encaixava fácil, mas é um médio.»

Depois de Flamengo, México (Mazatlán), «experiência pouco feliz por causa de uma lesão», e o regresso ao Brasil para jogar no Guarani, onde se afirmou e conseguiu o salto para o Palmeiras. O presente é prometedor: «Richard encaixa em qualquer liga do mundo, não sei se vai ter sucesso, mas apostaria que sim. O mais importante é o que ele tem para oferecer, é um médio box-to-box, tem boa técnica, chega bem ao ataque, tem compromisso forte com a equipa… Qual é a liga que não quer um jogador destes?! Hoje, encaixa em qualquer liga do mundo.»

Maurício Souza termina com elogios: «Tinha a certeza de que iria dar jogador. Richard tinha muita força e capacidade para aparecer também na grande área. Fisicamente, é um cavalo, é muito forte, tem passada larga e força física, aguenta até as entradas duras, tem essa capacidade. Hoje em dia é um jogador muito moderno, tipicamente para ligas grandes.»

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