Ressaca europeia, desentendimento e baixas: tudo o que disse Rúben Amorim
Rúben Amorim (Sérgio Miguel Santos)

Ressaca europeia, desentendimento e baixas: tudo o que disse Rúben Amorim

NACIONAL16.03.202413:23

Treinador do Sporting fez a antevisão do jogo com o Boavista, referente à 26.ª jornada, amanhã, domingo, às 20.30 horas, em Alvalade

- Como está a equipa depois da despedida da Liga Europa e quais são as maiores dificuldades que o Boavista pode criar ao Sporting?

- Em relação à eliminação na Liga Europa, obviamente que o grupo está em silêncio, um bocadinho parecido quando aconteceu a eliminação com o SC Braga [Taça da Liga]. Percebemos logo onde falhámos. Quanto a mim podíamos ter ganho o jogo e a eliminatória. Não aconteceu e o foco agora é o Boavista, que está a subir nos últimos jogos. O campeonato está tão competitivo que basta às vezes duas vitórias para subir muito na classificação. O Boavista vem com mais tranquilidade, uma equipa que mudou o sistema desde o jogo com o SC Braga e está a jogar no mesmo sistema do que nós, com o Agra a viver um bom momento, o Bozeník é um jogador sempre perigoso e Bruno Lourenço, que não sendo um extremo, é um jogador com a mesma ideia do Pote, um médio que joga mais na frente, com muito boa qualidade na finalização, depois tem três centrais fortes e os médios centro poderão ter alguma alteração, acho que o Makouta poderá entrar, para a equipa ter capacidade de carregar a bola diferente, dois laterais diferentes, um com características muito diferentes, um mais rápido outro mais construtor, que é o Malheiro, sabemos disso tudo, é uma equipa perigosa, mas estamos preparados para o jogo e temos de vencer.

- Sente que a equipa precisa de crescer só na Europa ou também em todas as competições?

- Precisa de crescer em todas as competições. Jogando na Europa ou não, temos pela frente equipa fortes, já vencemos o Benfica e o FC Porto... Não mudei o meu discurso, acho que já somos grandinhos o suficiente para vencermos estes jogos, temos essa capacidade. Tivemos sempre mais por cima do jogo, na minha ótica. Criámos mais oportunidades, principalmente na segunda parte, portanto isso demonstra que já temos essa capacidade, coisa que não tínhamos no primeiro ano para irmos a todas as frentes. Não mudei o meu discurso, simplesmente se não conseguimos vencer, ainda há qualquer coisa que temos de mudar. Já vencemos o Benfica, o FC Porto e principalmente as exibições contra as equipas mais fortes têm sido de um nível completamente diferente, por exemplo do que foi no primeiro ano. A equipa tem outra capacidade, mas em alguns momentos ainda nos falha qualquer coisa. Volto a dizer, não tem que ver com a prestação da equipa em si, mas em momentos chave, como por exemplo o início da segunda parte [em Bérgamo], coisa que já aconteceu com o Benfica, na Luz, onde temos um jogador expulso numa situação que estava controlada. Temos de crescer em alguns aspetos, mas temos equipa para discutir com capacidade para estes jogos.

- Como está o Pedro Gonçalves?

- O Pote está a recuperar. Obviamente que está triste. Expliquei hoje aos jogadores que esta ansiedade da seleção... As escolhas às vezes já estão muito feitas. Não é um estágio que muda a vida de um jogador. Isso tem de ser explicado aos jogadores porque vivem numa pressão que têm de ir para poder ir ao Europeu. As coisas não são feitas assim. Eu já passei isto como jogador e treinador. Fui suplente e fui a dois Mundiais. Depende das características, da equipa que o selecionador quer levar, e às vezes mexe muito com a cabeça de jogadores como o Pote ou o Nuno Santos. Não é nada contra eles. Um estágio não vai mudar nada, mais um golo não vai mudar nada e eles têm de viver com outra tranquilidade. Falei com o Pote e está triste porque sabe da dificuldade que vamos ter, não vai estar durante alguns jogos e, portanto, isso custa-lhe muito.

- Tem-se falado muito do cansaço da equipa, a jogar de três em três dias, considera que esta eliminação da Liga Europa pode ser um mal que vem por bem?  

- Hoje o mundo parece um bocadinho bem melhor. Ontem ainda custou a digerir, custou bastante a toda a gente. Acho que estamos lá, a jogar, mas falta-nos qualquer coisa, em certos momentos, que que são culpa nossa, o que nos custa mais. Quando eles são melhores, aceitamos com facilidade. Hoje já estamos a pensar no Boavista e temos tudo na nossa mão, importante é não cometermos os mesmos erros. A pior sequência já passou. Agora teríamos três dias entre jogos, o que seria diferente. Queríamos estar em mais uma competição, mas vamos aproveitar esses dias para trabalhar e para meter jogadores como Rafa [Rafael Pontelo] e o Koba [Koindredi] mais ao nível tático, técnico e físico da equipa. É aproveitar esse tempo para tornar a equipa melhor.

- O Sporting acaba de perder um dos jogadores mais influentes da época. O Trincão está bem e o que é que Paulinho e Edwards podem acrescentar e qual será mais útil para o jogo de amanhã?

- Obviamente que não vou dizer [risos]. Posso dizer que o Marcus [Edwards] está com uma lesão. Quando ele caiu no campo, aguentou-se o jogo todo, mas vai estar algum tempo parado e vamos aproveitar para recuperá-lo, ainda não sabemos quanto tempo vai ficar parado. O Trincão também teve o azar daquela lesão com o Rio Ave e ainda anda a arrastar ali essa lesão, mas dá-nos aquilo que nos tem dado, foram, se calhar, os dois melhores meses do Trincão, tem uma capacidade de drible muito forte, está a defender muito bem, está muito melhor . O Paulinho é mais avançado. Quando joga as características são diferentes e dá-nos qualidade extra nas bolas paradas. Em relação ao Pote é muito difícil substituir o Pote, porque faz um bocadinho de tudo e depois tem o pé direito que para alguns jogos no lado esquerdo faz muita diferença. Temos de pensar o jogo de forma diferente. O Pote vai recuperar rápido, perde uns joguinhos e depois está de volta.

- Edwards tem tido algum abaixamento, sente-se por vezes alguma displicência por parte do jogador. Isso preocupa-o?

- Eu sei que a postura corporal transmite isso, é difícil para os adeptos perceber isso, mas eu acho que ele está a tentar demasiado. Eu conheço-o, porque vejo no treino, e sei que ele está a tentar muito, porque se calhar, pela primeira vez na vida, está-se a importar tanto e a sentir que não está ao nível que tem de ser estar, o que o torna ainda mais ansioso. Eu sei é difícil perceber isso olhando para a postura corporal dele, mas eu tenho de o defender porque sei que ele está a tentar muito. Irá voltar fisicamente e ao seu nível, como o Trincão voltou. Todos os jogadores têm essa fase. Sei que é difícil de perceber, mas eu sinto que o Marcus está a tentar mais do que em algumas fases no Sporting

- Quanto ao jogo com o Famalicão, fala-se do dia 27, teve algum voto nessa matéria?

- O Vasco [Fernandes, team manager] estava a tratar dessas datas. O importante é não termos jogos com dois dias de intervalo. É essa a nossa grande batalha. É o Vasco que trata.  

- Depois de sofrer o golo do empate da Atalanta, Diomande e Gyokeres desentenderam-se no campo. Percebeu o que aconteceu?

- Os ânimos estão normais. Eu estava pior do que eles e se eu pudesse fazer aquilo a alguns faria! Eles são assim, raramente jogam no treino um contra o outro, principalmente em espaços reduzidos, para não se zangarem, já tem um historial. Se há coisa que a equipa precisa é de jogadores assim, as características deles provocam essas situações, acho que são boas. Volto a dizer, se fosse eu faria pior, depois de um golo aos 40 segundos.

- Qual é o tempo previsto de paragem de Pedro Gonçalves? E como está Morita?

- O Pote tem uma lesão muscular e não sei o tempo de paragem. Poderá falhar os dérbis, poderá falhar só um ou nenhum. Por agora está fora. O Morita está bem, está recuperado e vai a jogo.

- Irá ter Paulinho sempre como extremo, ou ter Geny Catamo ou até chamar o Quenda, da formação?
- Tudo está em cima da mesa. Podemos chamar da formação do Quenda, que acho que estaria convocado para a seleção, mas vamos tentar que não vá para treiná-lo. Também temos o Nuno Santos, que gosta muito de atacar [risos] e veria com bons olhos poder subir no terreno. E o Geny também, porque o seu passado foi de extremo. Iremos aproveitar a paragem para trabalhar isso.

- Como vê o momento de Franco Israel?

- Está a crescer, já agarrou o lugar. Tem vindo a fazer mais jogos. O Antonio [Adán] teve um azar e ele surgiu como natural substituto. Tem-se comportado muito bem com a bola nos pés, já fez grandes defesas. Obviamente que ele está aqui porque merece. Sempre que foi chamado, correspondeu. Vai continuar na baliza. Estamos muito contentes com ele.