0 seconds of 1 minute, 15 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
A Seguir
A BOLA DA NOITE - ANALISE LANCE OTAMENDI E PEDRO GONÇALVES
05:25
00:00
01:15
01:15
 

Sporting-Arouca (2-2) Pergunta pertinente: quem perdeu pontos em Alvalade? (crónica)

NACIONAL15.02.202523:58

Perante tanta ‘desgraça’ que foi acontecendo ao Sporting, tivesse o Arouca mais qualidade na definição e teria ganho um jogo que à beira do fim esteve quase a perder. Que falhanço, Gyokeres! E a seguir, que falhanço, Jason!

O primeiro quarto de hora deste Sporting-Arouca, povoará durante muito tempo os pesadelos dos adeptos leoninos. Perante o que estava a acontecer, a cara de incredulidade de Rui Borges dizia mais do que mil palavras. Logo aos oito minutos, sem que nada o fizesse prever, St. Juste, que já apresentava queixas físicas (com tanta qualidade, uma pena ser de ‘cristal’) fez um passe absolutamente disparatado para Rui Silva, de meio-campo, o guarda-redes do Sporting – que viria a assinar uma exibição soberba – precipitou-se e acabou por introduzir, de calcanhar, a bola na sua baliza. Como um mal nunca vem só, St. Juste não recuperou e foi substituído aos 11 minutos por Debast. Estava a malapata leonina terminada? Não. Como se as bruxas andassem à solta na Segunda Circular (na semana passada Manu Silva e Bah disseram, de rajada, adeus à época) Daniel Bragança lesionou-se (aparentemente sozinho) e não deixou boas sensações a ninguém a expressão que tinha estampada no rosto. Aos 14 minutos, entrou para o seu lugar Conrad Harder e o Sporting, em desvantagem, passou de 4x2x3x1 para um 4x4x2 em que a dupla nórdica nem sempre coincidia no meio, Gyokeres mais pela esquerda e Harder mais pela direita. Três minutos depois de ter entrado, o avançado dinamarquês, a passe do seu companheiro sueco, empatou a partida e pensou-se que o jogo retomaria a normalidade, sem mais incidentes. Mas a verdade é que, perante um Arouca que durante muito tempo se manteve em 4x4x1x1, com Gozálbes a ajudar Henrique Araújo no ataque às saídas de bola leoninas, o Sporting, manifestamente afetado por tantos incidentes, não jogava bem, tinha dificuldades em ligar o seu futebol e abusava das diagonais longas, sistematicamente transviadas, o que facilitava a vida dos forasteiros, num momento em que deveriam sentir-se submetidos a uma pressão asfixiante. 

Foi pouco depois de Hjulmand (38) ter cabeceado, após um pontapé de canto, pouco ao lado das redes de Mantl, que o Arouca deu sinal de vida atacante, e de que maneira: Aos 40 minutos, após boa jogada coletiva, Henrique Araújo cabeceou à trave; ato contínuo, Sylla obrigou Rui Silva a uma defesa dificílima; e aos 45+3 Hulmand aplicou um ‘ippon’ a Henrique Araújo, que o VAR viu e acabou em penálti e golo. O Arouca recolheu à cabina em vantagem e os leões deviam perguntar-se «o que mais nos irá acontecer»? 

PRESSÃO LEONINA 

No reatamento, Vasco Seabra trocou Henrique Araújo, tocado no lance com Hjulmand (que viu amarelo), pelo uruguaio Dylan Nandim (tem pinta de jogador), mas a entrada do Sporting foi fortíssima e correspondeu ao melhor período verde-e-branco na partida. Quenda e Maxi meteram intensidade nas ações, Trincão despertou para o jogo e o meio-campo mostrava-se capaz de conter as tentativas arouquenses. Vasco Seabra, perante tanta pressão, viu-se obrigado a baixar linhas e a chamar Sylla para lateral esquerdo, passando Weversom para central e apostando, por necessidade, em cinco defesas. O Arouca ainda fez perigo aos 58 minutos por Trezza (enorme Rui Silva), mas Seabra (60) sentiu necessidade de ‘oficializar’ o 5x4x1, com Loum a entrar para central, refrescando também o meio-campo com Jason. Foi então que Hjulmand, depois de uma hesitação da sua responsabilidade, cometeu uma falta óbvia para sanção disciplinar, e viu o segundo cartão amarelo. À pergunta «o que mais nos irá acontecer?», foi dada resposta: Hjulmand expulso por dois amarelos, e meia hora mais tempo de compensação a jogar com dez contra onze. E pior ainda: sem grandes argumentos no banco face à onda de lesões que atinge Alvalade, Rui Borges limitou o meio-campo a João Simões, que tinha ajudas esporádicas de Quenda e Trincão, o que levou o jogo a ‘partir-se', com clara desvantagem para os leões.  

AMEAÇA AROUQUENSE 

Aos 64 minutos Rui Silva salvou o 1-3 após livre de Jason, e aos 68 Fukui, em lance de três avançados para dois defesas, foi egoísta e permitiu a defesa ao ‘keeper’ leonino. Continuando de costas voltadas ao bom futebol, os jogadores do Sporting, apesar de alguns mostrarem evidente cansaço, nunca viraram a cara à luta e tanto porfiaram que ‘mataram caça’, quando aos 74 minutos Trincão, a passe de Harder, empatou a partida. Foi então que Vasco Seabra lançou dois trunfos importantes, que podiam ter-lhe dado a vitória, Mansilla e Pedro Santos. Rui Borges jogou as fichas que tinha, fez entrar Biel e Alexandre Brito, e o Arouca, que estava sólido defensivamente, começou a ameaçar mais a baliza leonina. Imagine-se que aos 89 minutos a vantagem do Sporting em pontapés de canto era de 9-8, e no minuto seguinte, um contra-ataque do Arouca com cinco avançados (!!!) contra dois defesas, foi concluído por Pedro Santos com um remate ao lado. No minuto seguinte, foi Harder a desviar uma bola que saiu a tirar tinta ao poste. Mas as emoções não ficavam por aqui. Naquele que foi, provavelmente, o falhanço mais escandaloso desde que chegou a Portugal, Gyokeres, a três metros da baliza aberta, cabeceou ao lado, estavam jogados 90+2. Falhado o xeque-mate pelos leões, os lobos de Arouca não quiseram ficar atrás, e aos 90+4, Jason permitiu uma intervenção milagrosa a Rui Silva, que garantiu que o jogo ia acabar empatado. Pior resultado para o Sporting, é óbvio, num jogo recheado de peripécias, em que o triunfo podia ter caído para qualquer dos lados. Em Alvalade as lesões acumulam-se, os resultados não têm dado confiança, e há sinais de algum descontrolo emocional, a que Rui Borges tem de pôr cobro. Entra-se agora na fase decisiva da temporada, e embora não falte atitude aos leões, sente-se que o futebol não é o mesmo de outrora. O que ficou perfeitamente evidente nesta partida com o Arouca.