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Pais e filhos que fizeram carreira no futebol (com fotogaleria)
A nova geração está a chegar ao mundo do futebol e há cada vez mais novos jogadores, filhos de velhas glórias, a tomar o palco principal. Nos últimos tempos, Adriano, filho de Adriano ‘O Imperador’, estreou-se ao serviço da Académica SF, Étienne Eto’o, filho de Samuel e que passou pelos sub-23 do V. Guimarães, estreou-se pela equipa principal do Rayo Vallecano e Louis Buffon, filho do lendário Gianluigi, foi utilizado no Pisa.















A nova geração chega a sénior e Portugal, como se vê, não é imune a esta influência. Vários são os exemplos de filhos de antigos craques que chegaram a pisar os relvados portugueses, com mais ou menos sucesso. Dado o atual contexto do futebol nacional, o maior exemplo será o de Sérgio e Francisco Conceição. O técnico do Milan destacou-se no FC Porto na carreira de jogador, tal como o filho que, no verão passado, rumou à Juventus. Haverá exemplos de filhos de craques lá de fora que tenham escolhido Portugal como sítio de passagem nas carreiras? Sim, não são poucos... e não é de agora.
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Mattheus Oliveira, médio de 30 anos, passou oito épocas da carreira em solo português, ao serviço de Sporting, Estoril, V. Guimarães, Mafra e Farense. Foi pelos algarvios que fez a época mais goleadora da carreira com sete tentos apontados, incluindo dois de livre frente aos de Alvalade, a antiga equipa. Uma carreira que empalidece face à do pai, Bebeto. O brasileiro, campeão do Mundo, da América do Sul e tricampeão do Brasileirão, marcou mais de 400 golos em 768 jogos.
É, aliás, um caso comum. É muito raro um grande jogador ter um filho que se torna ainda melhor. É o que acontece, por exemplo, com Ruben Kluivert, defesa do Casa Pia e filho de Patrick, antigo avançado de Ajax e Barcelona, ou de Enzo Zidane, que passou pelo Aves e é filho de... Zinédine Zidane, um dos melhores que já pisou o tapete verde. Enzo, aliás, já terminou a carreira, aos 29 anos. «As coisas não correram bem, não tomei boas decisões depois do Real Madrid. Fui impaciente porque queria jogar mais e, por isso, saí. Quando mudas a cada seis meses, é difícil ganhares regularidade. Mas não me arrependo de nada», explicou, em entrevista ao L’Équipe. Noutra, à Marca, admitiu a dificuldade de lidar com a pressão de ser filho de quem é. «Sempre senti isso desde pequenino e será sempre assim. Não vai mudar, mas eu faço por ser o melhor Enzo possível. As pessoas comparam-te e dizem que estás onde estás porque és filho de quem és. Outros vão criticar-te, mas não podes pensar nisso. O mais importante é que a minha família está orgulhosa de mim», afirmou.
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A tendência também não é de agora: há nove anos, Rivaldinho, filho do Bola de Ouro Rivaldo, chegou a Portugal para representar o Boavista. Uma passagem que não correu particularmente bem: um ano, dois jogos, 49 minutos no total. Gustavo Assunção foi - e é - mais insistente: está na segunda passagem em Portugal, no Aves SAD, depois de ter sido jogador do Famalicão, onde muito prometeu. Mesmo assim, ainda não chegou ao nível do pai, Paulo Assunção, peça imprescindível para Jesualdo Ferreira no FC Porto entre 2005 e 2008, período em que realizou 106 jogos e conquistou três campeonatos nacionais.
Ainda assim, é sempre possível dar exemplos do contrário. Angel Gomes, formado no Manchester United e criativo do Lille, teve passagem proveitosa pelo Boavista em 2020/21, com seis golos e cinco assistências em 32 jogos. No Lille, tem sido, nos últimos quatro anos, imprescindível e está a construir uma carreira em que mostra mais qualidade que o pai, Gil, formado no Benfica e campeão do Mundo sub-20.
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Não é só em Portugal que este fenómeno sucede. O grande exemplo de um filho que ultrapassou o pai é Paolo Maldini, lendário defesa do Milan, que construiu carreira sensacional ao longo de quase 30 anos, conquistou cinco Ligas dos Campeões e 'apagou’ a memória do pai Cesare. Por outro lado, o filho Daniel, da Atalanta, não mostra, aos 23 anos, a mesma qualidade. O mesmo acontece com outro filho de Kluivert, Justin, que, apesar de não estar ao mesmo nível do ex-avançado do Barça, está a fazer uma época de qualidade no Bournemouth com 13 golos e sete assistências.
O caso de Lilian Thuram é, também, pouco comum, uma vez que terá o coração dividido. Pelo menos... um pouco: o filho mais velho de Lilian, Marcus, é uma das figuras do Inter, já Khephren, o mais novo, é médio na Juventus, clube que o defesa-direito francês representou durante cinco temporadas. A Juve é, de resto, um centro de rejuvenescimento: além de Thuram e Francisco Conceição, também Timothy Weah, avançado, filho de George, representa a vecchia signora. Os sete golos que leva esta época já são um máximo de carreira, uma marca que o pai, o único jogador africano a ganhar a Bola de Ouro, ultrapassou em... 15 temporadas da carreira. E já não está Federico, extremo que agora representa o Liverpool (e até marcou na final da Taça da Liga, frente ao Newcastle), filho de Enrico Chiesa.
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As infraestruturas têm cada vez mais qualidade e os jogadores conseguem, cada vez mais, apostar na carreira dos filhos. E os exemplos da próxima 'onda' começam a surgir: Kai Rooney já é, aos 15 anos, um dos principais ativos da formação do Manchester United, onde o pai Wayne se tornou uma lenda. Shaqueel van Persie, filho de Robin van Persie, também está a trepar os escalões de bases do Feyenoord.
Em Portugal não é diferente. Cristiano Jr., filho de Cristiano Ronaldo, joga, aos 14 anos, na formação do Al Nassr e, segundo o astro português, é «mais forte» que o pai era com a mesma idade, ainda que falte saber se terá «a mesma fome, que é o mais difícil». E o que dizer de Ricky Quaresma, filho de Ricardo? Basta ver o golo que apontou na Algarve Cup: um pontapé acrobático pelos sub-13 do Sporting.