CASO RUBIALES Hermoso: «Fui vítima de assédio constante após beijo não consentido»
Foi com um sorriso que Jenni Hermoso deixou o Tribunal Nacional, onde foi ouvida pelo juiz que decidirá se o caso do beijo de Rubiales segue para julgamento ou é arquivado. «Estou tranquila, agora fica tudo nas mãos da justiça», disse à saída da sala de audiências
Durou pouco mais de duas horas a audiência da internacional espanhola Jenni Hermoso no Tribunal Nacional, na manhã desta terça-feira em Madrid, onde, concluída a fase de inquérito do processo, se decidirá se o 'caso Rubiales' segue para julgamento ou se é arquivado. À saída, a avançada estava sorridente e fez uma breve declaração aos jornalistas.
«Estou bem, estou tranquila. Agora fica tudo nas mãos da justiça», disse a futebolista, acrescentando: «Estou muito agradecida pelo forte apoio que tenho recebido, não só por parte das instituições civis e do futebol, mas também por parte de milhares de fãs. Muito obrigado a todos.»
Em causa neste processo está o beijo de Luis Rubiales na boca de Jenni Hermoso durante a cerimónia de entrega de medalhas pelo título mundial conquistado por Espanha em agosto do ano passado.
A futebolista alega que o beijo não foi consentido e, por isso, avançou com um processo judicial contra o ex-presidente da federação espanhola. Rubiales, recorde-se, está acusado dos crimes de agressão sexual e coação, estando impedido de se aproximar a menos de 200 metros de Jenni Hermoso.
Entretanto, fontes jurídicas citadas pelo diário espanhol El País referem que, durante a audiência desta terça-feira, a futebolista terá insistido junto do juiz Francisco de Jorge que «o beijo foi inesperado e em nenhum momento consentido» e que, nos dias seguintes, «elementos próximos de Rubiales e da federação protagonizaram uma série de manobras de pressão» com o intuito de silenciá-la. «Fui vítima de assédio constante por parte dessas figuras», terá dito Jenni Hermoso em tribunal.
«Uma vez concluída a declaração da Sra. Jennifer Hermoso, ela ratificou o declaração prestada no Ministério Público. O beijo foi inesperado e em nenhum momento consensual. Posteriormente a este acontecimento, a situação vivida pela vítima, tanto no voo de regresso a Espanha como durante a sua estadia em Ibiza, pelo que foi possível apurar em processo de investigação, foi de assédio constante que alterou a sua vida normal, produzindo uma situação de inquietação e tristeza», lê-se num comunicado enviado às redações pelo Tribunal Nacional, ao início da tarde desta terça-feira, 2 de janeiro.
Com o depoimento de Jenni Hermoso, inicialmente agendado para 28 de novembro mas adiado pela advogada da futebolista para esta terça-feira, o caso contra Rubiales por alegada agressão e coação sexual entra na reta final. A internacional espanhola foi a última a testemunhar depois de mais de vinte depoimentos prestados, entre os quais os das suas companheiras de ‘La Roja’ Alexia Putellas, Irene Paredes e Misa Rodríguez, do seu irmão Rafael Hermoso, da sua amiga Ana Ecube, do ex-selecionador feminino Jorge Vilda, de Luis de la Fuente (selecionador masculino), de Albert Luque (diretor de futebol da Real Federação Espanhola de Futebol, RFEF), Rubén Rivera (diretor de marketing da RFEF), Patricia Pérez (gerente de imprensa da Seleção Feminina), Miguel García Caba (ex-diretor de Integridade), Javier López Vallejo (psicólogo da seleção) ou Pablo García-Cuervo (ex-diretor de comunicação da RFEF).
Aguarda-se agora pela decisão do juiz Francisco de Jorge, que determinará se encerra a fase de instrução e exige, ou não, a abertura de um julgamento.