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Marc dos Santos, adjunto no Los Angeles FC, perspetiva a A BOLA a campanha dos dragões no Mundial de Clubes nos Estados Unidos. Treinador luso-canadiano considera que o emblema azul e branco tem todas as condições para passar a fase de grupos e poder ambicionar chegar longe na prova da FIFA
Está aí ao virar da esquina o renovadoMundial de Clubese oFC Portoprepara-se para competir na prova da FIFA com perspetivas de chegar bem longe.
Quem o frisa é Marc dos Santos, treinador luso-canadiano, atualmente adjunto no Los Angeles FC, emblema da MLS e última equipa a garantir um lugar na competição que arranca neste fim de semana, após um triunfo no play-off contra o Club América (2-1, a.p.), no dia 1 de junho. A BOLA esteve à conversa com o técnico de 48 anos, que regressou à América do Norte há 20 anos e é profundo conhecedor da realidade do futebol naquele continente, para perceber o contexto competitivo que os portistas vão encontrar em solo americano.
Para Marc dos Santos, os dragões são os favoritos no Grupo A, a par do Palmeiras: «Não consigo imaginar o FC Porto a não passar. Vai ser um grande jogo contra o Palmeiras, mas acho o FC Porto muito mais forte do que o Inter Miami, que conheço bem. Não é tão forte na organização defensiva, mas, a qualquer momento, toda a gente sabe que o Messi, numa jogada, pode resolver. O FC Porto vai ter de ter cuidado com isso e terá de tentar matar o jogo logo que possa. Em relação ao Al Ahly, é um clube com muita história, e acho que o jogo com o Wydad Casablanca (1-0) é culturalmente parecido com aquilo que pode encontrar. Acho que o FC Porto vai lutar pelo primeiro lugar com o Palmeiras.»
31 maio 2025, 19:20
Perante mais de 50 mil adeptos, portistas vencem o primeiro ensaio para o Mundial de Clubes. Primeira parte assim-assim, com destaque para João Mário e o golo do espanhol. Após o intervalo, o FC Porto entregou o jogo aos marroquinos
O treinador não tem dúvidas de que os dragões têm a ambição máxima, assim como o Benfica, que está inserido no Grupo C: «Do que conheço do FC Porto, e do que entendo da cultura do clube, sendo que passei lá alguns meses de estágio, quando iniciei a minha carreira de treinador, aquilo que mais marcou, e que era muito claro desde os 10 anos até à equipa profissional, era a mentalidade de entrar para ganhar em todos os jogos. O FC Porto vai querer chegar longe na prova. Não é um clube que entra numa competição para ir de férias. Tanto FC Porto como Benfica vão entrar para ganhar.»
Vindo do futebol mexicano, que tem vários pontos comuns com o americano, até pelas provas continentais que partilham, Martín Anselmi pode ser um trunfo para os dragões: «O Palmeiras é um clube que o FC Porto e Portugal conhecem bem, por causa do trabalho do Abel Ferreira. O Inter Miami é um clube que o Anselmi conhece um pouco melhor, por causa da sua passagem pelo Cruz Azul. A MLS e a Liga MX têm muitas competições juntas, como a Leagues Cup ou a Liga dos Campeões da CONCACAF, o que faz com que tenhas de estudar muito mais clubes mexicanos ou americanos. Anselmi aí deve conhecer melhor o Inter Miami do que um treinador que nunca passou pela CONCACAF. Sobre o Al Ahly, é um clube contra o qual o FC Porto vai cumprir a sua tarefa.»
O mediatismo em torno do Mundial de Clubes tem sido crescente nos Estados Unidos e Marc dos Santos traça uma distinção entre os adeptos mais casuais e os mais fervorosos, também apontando uma diferença que é cultural: «Noto que depende muito da cultura e dos países. Para os sul-americanos, é uma competição que sempre foi muito importante, e agora como é um Super Mundial, ainda ganhou maior relevo, para as equipas mexicanas também. Aqui, nos Estados Unidos, é algo novo. O público está ainda a tentar perceber o nível e a grandeza da competição. Vai haver os adeptos conhecedores de futebol, que entendem perfeitamente a amplitude da competição, e depois os que ainda são novos no desporto. Aquele adepto que está habituado a ir ver o Nashville, o Columbus, o Galaxy, e agora percebe que há um Mundial de Clubes. Diria que há dois públicos diferentes aqui.»
O interesse dos americanos no futebol e nas grandes ligas europeias é cada vez mais notório, num país onde há desportos praticamente impossíveis de destronar - casos do futebol americano, beisebol e basquetebol - e para o ano há outro torneio que promete cativar (ainda mais) o país: «O interesse já é muito grande. Voltei para a América do Norte em 2005. 20 anos depois, noto um crescimento enorme. Há anos era difícil ter constantemente futebol europeu na televisão, e agora já temos jogos da Serie A, Premier League, La Liga, UEFA Champions League... Isso está a mudar muito. Não há dúvida de que o futebol está a crescer muito aqui. É difícil chegar a ser o desporto número um, porque compete com desportos com tradição e cultura muito grande para o país, como a NBA ou a NFL, mas o futebol não está aqui para ser o número um. Está aqui para ser um desporto importante. É claro que ter o Mundial de Clubes aqui e no ano a seguir o Mundial... São duas competições enormes para aumentar a popularidade do futebol.»
Quanto ao seu LA FC, onde trabalha desde 2018, Marc dos Santos mostrou-se orgulhoso pelo feito da qualificação para o Mundial e traçou o objetivo do clube na prova: «Temos noção de que o nosso grupo é muito difícil. Vamos dar o nosso melhor em cada jogo.»
O calendário sobrecarregado para os clubes europeus, que vêm de uma época desgastante, pode ter peso, sobretudo contra equipas mais frescas, mas ao nível técnico há ainda diferenças, considera Marc dos Santos: «Fisicamente, os clubes da MLS vão correr o jogo todo, terão essa intensidade. Em relação à componente técnica, há ainda uma diferença entre as grandes ligas europeias e a MLS, mas claro que é muito diferente jogar contra uma equipa em alta rotação, como os clubes da MLS ou mexicanos, por exemplo. As equipas da América do Sul também estão em competição e num ritmo forte nesta fase. Pode notar-se uma diferença, mas em qualquer altura que fosse este Mundial iria haver uns continentes mais beneficiados do que outros.»
«Somos um clube muito novo e já conseguimos conquistar muitas coisas nos últimos anos. Ganhámos a MLS Cup e a Supporters' Shield, além de termos ido duas vezes à final da Champions League da CONCACAF. Aquilo que ganhámos nos Estados Unidos também e tudo aquilo que tem sido feito num espaço de tempo tão curto nos deu-nos a oportunidade, por causa do ranking da CONCACAF, de jogar o play-off contra o Club América. Foi muito importante para nós termos jogado em casa, onde normalmente somos muito fortes.»
«Quando a FIFA nos falou dessa situação do León, com quem perdemos a final da Liga dos Campeões em 2023, disseram-nos que havia uma hipótese de haver um play-off. O nosso foco todo foi apenas nesse jogo. A partir daí, tudo o que podemos fazer será um bónus para nós. Estamos num grupo em que temos, a par do Palmeiras, uma das duas melhores equipas da América do Sul, o Flamengo. Uma equipa que está em primeiro no Brasileirão e que luta sempre para ganhar a Libertadores. Depois temos o Chelsea, que é uma equipa de alto nível. Apurou-se para a UEFA Champions League novamente, ganhou a UEFA Conference League... E temos o Espérance de Tunis, que foi várias vezes campeão africano e é uma equipa muito complicada. Temos a noção total de que o nosso grupo é muito difícil, mas também temos a alegria e o reconhecimento que nos apurámos para uma competição onde estão os melhores clubes do mundo. Queremos dar o nosso melhor em cada jogo.»
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