Destaques do Benfica: João Mário não merecia que lhe roubassem a coroa
João Mário prepara-se para fazer o segundo golo do Benfica (Foto: Joaquim Ferreira/IMAGO)

Destaques do Benfica: João Mário não merecia que lhe roubassem a coroa

NACIONAL29.11.202323:54

Médio do Benfica atingiu o zénite com um 'hat trick' histórico; Tengstedt é o que mais se parece com Gonçalo Ramos; Di María sem rasgo e centrais a comprometer

O melhor em campo: João Mário (nota 9)

9 Desde a chegada de Schmidt, tornou-se no único jogador do Benfica que pensa como médio e executa como avançado, mas foi preciso esperar ano e meio para João Mário atingir o zénite e entrar para a história com o hat trick frente à ex-equipa que pagou €45 milhões pelo seu passe em 2016 . Oportuno e sibilino, manteve sempre uma relação afetiva com a bola e sóbria com os colegas, controlando o tempo e o espaço, enchendo o campo com uma classe de futebolista de elite. Menor protagonismo na segunda parte, ainda assim com fôlego para queimar linhas e levar os colegas com ele, sempre com o couro bem tratado. Não merecia que lhe tivessem roubado a coroa de glória.

(5) Trubin — Importante a mancha a Arnautovic (26’), quando o austríaco surgiu isolado, confiante nos remates de meia distância e assertivo nas saídas a cruzamentos, tentou, sem sucesso (só tocou com a ponta das luvas), tirar o golo 3-1 a  Arnautovic e nos outros dois golos nada podia fazer. 

(6) Aursnes — Jogo marcado por muita concentração defensiva e movimentos calculados ao milímetro, proibido de permitir transições ofensivas do adversário. Muito do jogo ofensivo do Inter passou pelo lado dele (porque Di María não defende) e fez o possível numa posição que não lhe é natural.

(5) António Silva — Primeira parte de luxo. Seguro a jogar de frente, nas dobras e um passe longo com as medidas certas para Tengstedt assistir João Mário para o 1-0. Desconcentrou-se na segunda parte, dividindo responsabilidades com Otamendi no segundo golo dos nerazzurri e arriscando em demasia no carrinho deslizante que redundou no vermelho. O segundo em quatro jogos na Champions.

(4) Otamendi — Deixou Arnautovic nas costas para o austríaco se isolar (26’) partilha culpas com António Silva ao deixar Frattesi sozinho na área para responder a cruzamento da esquerda. Com a sua experiência, deveria ter evitado o lance do penálti quando António Silva estava de frente para Thuram. 

(6) Morato — Muito seguro e confiante com bola, mesmo sob pressão. Não lhe peçam para fazer piscinas pelo corredor porque esse não é o seu ADN, mas esforçou-se para compreender o que pode e não pode fazer. Em crescendo.

(7) Florentino — Primeira parte soberba, somando roubos de bola com uma cadência frenética e aliando a isto boa leitura no passe longo e uma enorme segurança com bola, mesmo quando pressionado por dois adversários. Caiu de produção na segunda parte à medida que o Inter começou a crescer e quando o polvo perde tentáculos o melhor é cancelar a pescaria. Saiu aos 79’, esgotado. 

(7) João Neves — Mais uma noite de intensidade elevada e uma reação à perda da bola contagiante. Foi o jogador mais regular da equipa durante todo o jogo porque nunca teve oscilações e desta regularidade nasceram muitas transições rápidas que poderiam ter conhecido conclusões mais felizes. É cada vez mais o propulsor da equipa, com uma verticalidade, simplicidade de processos e, acima de tudo, com uma alma que pertence ao domínio da raridade.

(5) Di María — O problema dos génios é este: quando se tornam apenas bons jogadores, a equipa ressente-se. Ao argentino dá-se sempre o benefício da dúvida: de que a qualquer momento vai resolver. Ainda teve um par de lances perigosos, mas não resolveu. E quando assim é, uma exibição como a de ontem resume-se a fogachos espaçados no tempo.

(6) Rafa — Foi dele o roubo de bola a Asllani que deu origem ao segundo golo do Benfica. Mesmo perante uma equipa que defende como poucas, conseguiu galgar metros entre linhas para colocar colegas em zona de finalização (Tengstedt, 64’) ou ele próprio tentar o quarto golo. Mas deixando sempre aquela sensação de que a definição podia ser sempre um pouco melhor. 

(7) Tengstedt — Esteve nos três golos de João Mário. Inteligente nas movimentações, agressivo no pressing e rápido a definir. Ainda não é Gonçalo Ramos, mas é neste momento o mais parecido que há. Ainda sem fôlego para 90’ num jogo desta intensidade.   

(4) Kokçu — Entrou com muita determinação, mas sem acrescentar. Ainda está a perceber qual é o seu verdadeiro protagonismo na equipa. 

(3) Musa — Entrada a frio, desligado e presa fácil para os centrais.

(-) Tiago Araújo — Bombeiro após expulsão de António Silva. 

(-) Chiquinho — Menos de um minuto em jogo. Para quê?

(-) Tiago Gouveia — O leitor que permita o copy paste.