Combustível da revolta só deu mesmo para um ponto (crónica)
Galeno abriu o ativo através da conversão de uma grande penalidade

Anderlecht-FC Porto, 2-2 Combustível da revolta só deu mesmo para um ponto (crónica)

NACIONAL28.11.202420:45

Mudança tática promovida por Vítor Bruno trouxe um FC Porto fresco e revigorado, contudo, a cada golo dos dragões o Anderlecht foi capaz de responder à altura. Ainda assim, foi uma pequenina fuga ao abismo

BRUXELAS - Um ponto parece pouco, mas um ponto representa, no atual enquadramento do FC Porto, uma fuga do abismo, ou, se quisermos brincar aos trocadilhos, um ponto final na senda das derrotas. Este empate, que até foi simpático para os belgas, mas não injusto, até é histórico, porque nunca os dragões tinham vencido ou marcado qualquer golo em Bruxelas. O combustível das derrotas só deu para isto, e a revolta interior que a equipa sentia pedia um pouco mais, mas, é bom dizê-lo, Vítor Bruno arriscou em apresentar um 4x3x3 que deixou vibrações positivas, apesar de não eliminar erros defensivos, esse velho pecado.

Dois sustos, um em cada início das partes, com golo anulado a Dolberg (15 segundos) e uma bola ao poste de Rits (48’) pareciam não deixar o FC Porto impressionado com este Anderlecht. Afinal, com um ajuste tático que trouxe à relva um dragão diferente, os belgas não só chegaram ao intervalo a perder, após Galeno transformar com sucesso penálti após falta cometida sobre Moura, como viram os seus espaços bem ocupados pela espartana organização dos azuis e brancos. Claro que todas as estratégias têm lacunas, simplesmente, os violetas de Hubert demoraram um pouco mais a descobri-las, atingindo o FC Porto no coração por via de uma reentrada em jogo forte.

Diferente, mas os pecados...

O 1-1 promoveu nova ordem no jogo. Pelo menos nos primeiros 15 minutos, em que o Anderlecht, movido pela energia contagiante do seu público, e por uma maior pressão ofensiva, furou a muralha do FC Porto. Por Degreef, que cometera a tal grande penalidade favorável ao FC Porto, a surgir furtivo na área para faturar. Não parecendo debater-se com os fantasmas do passado, a equipa de Vítor Bruno foi à procura do segundo golo e, por incrível que pareça, na primeira vez que tocou na bola Fábio Vieira trouxe a explosão de alegria ao público portista.

Belo remate do n.º 10, lançado na hora certa por Vítor Bruno. Mas, lá está, o Anderlecht teve esse mérito incontestado de nunca se render e a quatro minutos do final, Amuzu colocou em cima da mesa o tal pontinho que serve mais aos belgas que aos portistas.

Em relação ao jogo contra o Moreirense, Vítor Bruno operou a cinco mudanças. Quatro delas eram esperadas: as entradas de Diogo Costa, Eustáquio, Galeno e Samu. Neste enquadramento caíram pelo menos dois nomes de peso que pouca produtividade tiveram na partida que determinou a eliminação dos azuis e brancos da Taça de Portugal, Fábio Vieira e Namaso, já que Pepê se manteve na equipa. A maior surpresa foi, sem dúvida, a inclusão de Otávio numa função defensiva, após mais de dois meses ausente.

A alteração do sistema tático revelou-se determinante, conferindo ao FC Porto uma superioridade estratégica, à qual o Anderlecht não conseguiu logo adaptar-se. Exceção feita a lances protagonizados por Edozie e a um remate de longa distância de Dendoncker — ambos resolvidos com competência por Diogo Costa —, o Anderlecht pouco ou nada conseguiu criar ofensivamente na 1.ª parte, recordando, de certa forma, o encontro frente ao V. Guimarães (triunfo portista por 0-3), o FC Porto dominou o jogo ao ocupar eficazmente os espaços. Porém, esta equipa belga, que tem muita juventude mas também experiência, teve a serenidade de responder tanto ao golo de Galeno como, depois, ao de Fábio Vieira. E fê-lo sempre motivado pelo desejo de vitória, apesar de o FC Porto ter beneficiado de ocasiões mais claras para fazer o 2-3 e sair, como pedia Vítor Bruno, a sorrir.