Boavista-Portimonense: (ainda) respiram relativamente bem, mas balão de oxigénio tem vindo a esvaziar-se
Bancadas do Estádio do Bessa devem estar bastante preenchidas no duelo desta tarde entre panteras e alvinegros (ASF)

ANTEVISÃO Boavista-Portimonense: (ainda) respiram relativamente bem, mas balão de oxigénio tem vindo a esvaziar-se

NACIONAL28.01.202408:00

Irregularidade tem pautado épocas de axadrezados e aurinegros; pontuação tem dado alguma margem, mas convém voltar a somar para evitar percalços; algarvios ainda se recordam da goleada sofrida na primeira volta...; frente a frente estarão a 2.ª e a 4.ª piores defesas da Liga

Boavista e Portimonense medem forças esta tarde, a partir das 15.30 horas, no Estádio do Bessa. O duelo tem tudo para ser interessante, mesmo que a necessidade de conquista de pontos possa beliscar espetacularidade.

Olhando para a tabela classificativa, facilmente constatamos que os axadrezados estão ligeiramente mais confortáveis. Mas sublinhamos o ligeiramente. Porque se as panteras estão em 9.º lugar e os aurinegros em 14.º, a verdade é que essa diferença por ser anulada... já no jogo de hoje. Afinal, apenas dois pontos separam as duas equipas. O que significa que em caso de vitória os algarvios ultrapassam automaticamente os portuenses.

Em contenda vão estar duas equipas que tiveram uma primeira volta bastante irregular. De um lado, um Boavista que foi Boavistão nas primeiras rondas e que chegou, inclusivamente, a estar no topo da classificação. Porque os então comandados de Petit conquistaram 13 pontos nas cinco jornadas iniciais. O problema veio depois... 

Do outro, o Portimonense. Uma equipa que não começou assim tão bem, mas que depois reergueu-se e teve uma série de jogos interessantes a somar. Mas o problema também veio depois...

Boavista

A partir de finais de outubro começou o declínio no Bessa. Um declínio que teve factos concretos (e públicos) extradesportivos, com problemas internos, ordenados em atraso a jogadores e funcionários e, depois disso, a saída de Petit do comando técnico (Ricardo Paiva seria o escolhido para a sucessão). Em paralelo, e como se isso já não bastasse, começaram também a aparecer os maus resultados desportivos.

Já a contar com a derrota frente ao Sporting (0-2), na 9.ª jornada, disputada a 30 de outubro de 2023, seis derrotas e dois empates. Uma série de oito jogos consecutivos sem vencer. Sendo que, pelo meio, registou-se ainda a eliminação da Taça de Portugal, aos pés do Arouca (2-2 no tempo regulamentar, 3-4 no desempate por penáltis).

Sendo que último desses empates, curiosamente, até foi bastante saboroso. Afinal, foi conseguido diante do FC Porto (1-1) no eterno dérbi da cidade Invicta. Os efeitos dessa partida até se fizeram também sentir na ronda seguinte, quando os boavisteiros regressaram aos triunfos, e com direito a goleada, para o Campeonato (quase quatro meses depois da vitória sobre o Chaves, na 5.ª jornada: 4-1 ao Vizela. Nem de propósito! Exatamente o mesmo resultado que tinha sido alcançado no tal jogo com os flavienses.

Seguiu-se, depois disso, novo duelo com um dos grandes do futebol português, no caso, o Benfica, e a visita ao Estádio da Luz redundou numa derrota (0-2).

É, então, caso para perguntar: o que serve de exemplo? O regresso aos bons resultados com FC Porto e Vizela ou o sabor amargo da derrota da jornada anterior com os encarnados? A resposta chegará esta tarde...

Equipa provável (4x2x3x1): João Gonçalves; Salvador Agra, Sasso, Rodrigo Abascal e Filipe Ferreira; Seba Pérez e Makouta; Bruno Lourenço, Miguel Reisinho e Tiago Morais; Robert Bozenik

Lesionados: César, Luís Henrique, Pedro Malheiro e Augusto Dabó

Nas seleções: Chidozie e Bruno Onyemaechi (Nigéria)

A antevisão de Ricardo Paiva:

Figura: Robert Bozenik

Continua a ser impressionante a época realizada pelo internacional eslovaco. Quebrou, em Vizela, há duas rondas, um ciclo de cinco jogos consecutivos sem marcar (tinha faturado pela última vez diante do Arouca, para a Taça de Portugal, a 26 de novembro), e passou a somar nove tentos na presente temporada. E se é o primeiro na lista de goleadores dos axadrezados, é o segundo na lista de jogadores com mais minutos somados (1768). Neste ranking, apenas é superado por João Gonçalves (1920), que é dono e senhor da baliza das panteras. O ponta de lança tem (muito) golo, mas também oferece (muito) mais ao coletivo. É inteligente na forma como se movimenta, com e sem bola, sabe fugir das marcações contrárias para oferecer linhas de passe aos companheiros, mas também sabe jogar em apoios frontais, muitas vezes de costas para a baliza contrária, por forma a permitir triangulações que originem desequilíbrios nas defesas adversárias. E dentro da área, já se sabe, é fortíssimo no ataque à bola.

Portimonense

O arranque foi intermitente, com apenas cinco pontos conquistados nas primeiras seis jornadas, mas, depois disso, o Portimonense passou por uma boa fase e amealhou 12 pontos nas cinco rondas seguintes. 

A questão, porém, voltou a ser negativa na série vindoura, uma vez que nas últimas sete jornadas o conjunto orientado por Paulo Sérgio teve apenas um empate (1-1 diante do Famalicão) e uma vitória (1-0 frente ao Farense). Pelo meio, cinco derrotas (com Casa Pia, Moreirense, Sporting, Rio Ave e Gil Vicente) para a Liga e ainda a eliminação da Taça de Portugal (com o SC Braga).

Sendo que o último triunfo foi no (também) sempre apetecível dérbi do Algarve: Carlinhos, de penálti, deu os três pontos aos aurinegros no confronto com os leões de Faro.

A força do dérbi poderia catapultar o Portimonense para mais uma boa fase, mas a verdade é que na ronda seguinte os algarvios voltaram a tombar, desta feita diante de outro adversário direto na luta pela permanência, o Gil Vicente (0-2).

Tudo somado, estamos na presença de uma equipa que tem apenas dois pontos a mais do que o 16.º e antepenúltimo classificado, o Rio Ave. Essa posição, recorde-se, dará play-off de permanência ou descida diante do 3.º classificado da Liga 2...

Equipa provável (4x2x3x1): Kosuke Nakamura; Igor Formiga, Rafael Alcobia, Filipe Relvas e Gonçalo Costa; Dener e Lucas Ventura; Sylvester Jasper, Carlinhos e Hélio Varela; Ronie Carrillo

Lesionado: Tamble Monteiro

A antevisão de Paulo Sérgio:

Figura: Carlinhos

O médio dos algarvios tem assumido a batuta no meio-campo, tentando sempre fazer uso da sua técnica e qualidade de passe para solicitar os seus companheiros da frente de ataque. No entanto, a par dessas tarefas, o brasileiro tem também a capacidade para, sabendo os terrenos que pisa e sem nunca desequilibrar a equipa, chegar-se à frente, aparecer em zonas de finalização e fazer o gosto ao pé. Tanto de bola corrida, como de bola parada. Com essa astúcia, consegue ser, por esta altura, o melhor marcador dos aurinegros, com sete golos, mais três do que Ronie Carrillo e Hélio Varela, dois jogadores de vocação claramente ofensiva.

Perante o exposto, percebe-se também por que razão, esta tarde, estarão frente a frente a 2.ª e a 4.ª piores defesas da Liga. O Portimonense, com 38 golos sofridos, apenas não está pior que o Chaves (44), o Boavista, com 33 golos consentidos, tem apenas atrás de si o Estoril (34), o Portimonense (38) e o Chaves (44).

Sendo que, acrescente-se, o Portimonense ainda estará (bem) recordado da goleada sofrida diante do Boavista, na primeira volta do campeonato, e por números expressivos (1-4). Haverá, agora, a respetiva moeda de troca?...

Juntando os momentos atuais das duas equipas, não só no que concerne aos resultados recentes, mas, e acima de tudo, à realidade pontual, é caso para dizer que convém que Boavista e Portimonense não abusem muito - entenda-se, em séries negativas. Porque as da chamada zona vermelha da tabela classificativa também estão a (tentar) fazer pela vida e a queda nos lugares perigosos pode dar-se a qualquer momento... Panteras e alvinegros (ainda) respiram relativamente bem, mas o balão de oxigénio tem vido a esvaziar-se...