Francisco Conceição mexeu com o jogo e iniciou a reviravolta portuguesa. FOTO IMAGO
Francisco Conceição mexeu com o jogo e iniciou a reviravolta portuguesa. FOTO IMAGO

Mendes e Fernandes ao comando, Chico trouxe a varinha mágica: as notas dos jogadores de Portugal

Entrada decisiva e brilhante de Francisco Conceição, com golo de bandeira que quase repetiu. Nuno Mendes e Bruno Fernandes foram outras figuras decisivas de uma equipa categórica que fez história após 25 anos
O melhor em campo: Francisco Conceição (8)
E aos 58 minutos entrou em campo a segunda versão de um fantasma que os alemães conheciam por Conceição desde o ano 2000. Joga de pé esquerdo e é baixinho, não é um poço de força dextro como aquele que no Europeu da Holanda e da Bélgica dizimou a equipa. Esperou cinco minutos até arrancar desde o meio-campo, fletir da direita para o meio e encontrar o momento certo para bater de pé esquerdo e fazer um arco indefensável para um dos melhores alemães em campo. Fez gato-sapato de Gosens e Tah no resto do tempo e aos 82 minutos quase duplicou a obra de arte, após um impressionante sprint a ganhar metros à defesa contrária. Saiu ligeiramente ao lado. E aos 89 só um inspiradíssimo Ter Stegen impediu que bisasse. Mexeu decisivamente com o jogo.

7 Diogo Costa — Logo aos 19 minutos mostrou-se enorme perante remate de Woltemade. Dois minutos depois travou tentativa de Goretzka e a partir daí estava dada à equipa a confiança que um guarda-redes de classe mundial precisa de dar nos grandes jogos. Durante a segunda parte teve uma pequena falha ao intercetar um cruzamento, mas logo se resolveu a questão. Sem muito trabalho, no fim das contas, mas sempre firme.

6 João Neves — Surpresa maior ao ser colocado como lateral-direito. Cumpriu a rigor e naturalmente surgiu amiúde noutras zonas do terreno, dando pensamento ao jogo português, tal como Martínez pretendia. Foi sacrificado quando surgiu a necessidade de mudanças na equipa, mas podia perfeitamente ter passado para o meio, porque ainda tinha fôlego para tal.

6 Rúben Dias — Segurança à prova de bala, exceto no lance do golo alemão, onde parece claramente ter sido estorvado pela ação de Woltemade, que se encontrava em posição de fora de jogo. Despachado o processo defensivo, teve até tempo para subir aqui e ali no terreno e tentar criar alguns desequilíbrios.

6 Gonçalo Inácio — Saiu menos vezes a jogar do que é costume, quando alinha com defesa a três, mas terá contrariado algumas críticas ou dissipado algumas dúvidas sobre a competência para alinhar com apenas um companheiro ao seu lado. A defesa é a primeira missão de um central, e nisso Inácio esteve bem.

8 Nuno Mendes — Impressionante a capacidade para percorrer o corredor esquerdo de montante a jusante e de jusante a montante, sempre com uma naturalidade que chega a ser misteriosa. Além disso, ainda aparece em zonas interiores, a criar desequilíbrios como aquele que deu o 2-1 a Portugal aos 68 minutos. Aos 47 já tinha ensaiado a oferta, mas Cristiano chegou um nadinha tarde à bola. Um grande jogo do lateral do PSG.

6 Rúben Neves — Esperava-se João Neves no meio, apareceu Rúben. E apareceu bem, embora não estonteante. Viu um cartão amarelo por protestos (escusado, portanto) e tornou-se candidato à saída, o que sucedeu aos 58 minutos, sem tempo de ensaiar, por exemplo, o excelente pontapé de meia distância.

6 Bernardo Silva — Já teve noites mais palpitantes, mas foi sobretudo um jogador de equipa, a fazer dupla com Rúben Neves nomeio-campo e com muito trabalho defensivo para guardar no álbum de recordações. Aqui e ali mostrou a categoria técnica, nem poderia ser de outra forma dado que é dos melhores executantes que existem.

6 Francisco Trincão — Aparenta algum esgotamento físico, natural dada a utlização que teve durante toda a época. Do ponto de vista ofensivo viu-se menos que o pretendido, mas nunca virou a cara à luta pelo equilíbrio das operações a meio-campo. Perdeu a bola no lance que iniciou o golo alemão, o que não apaga a boa noite.

8 Bruno Fernandes — Lutador incrível e impressionante criador de desequilíbrios, às vezes apenas com um toque numa tabelinha que com ele pelo meio até parece simples, como sucedeu com Nuno Mendes no lance do 2-1. Mais um grande jogo do outro capitão de Portugal.

7 Pedro Neto — Belíssima primeira parte. Esteve duas vezes perto do golo e foi o primeiro perfurador de uma defesa germânica que haveria de revelar-se, afinal, perméavel. Saiu esgotado aos 83 minutos.

7 Cristiano Ronaldo — Tarefa inglória, a de andar 90 minutos a esbarrar contras as torres alemãs. Rematou quatro vezes, umas com maior perigo que outras, e à quinta foi encostar após o passe meloso de Nuno Mendes. Quando é hora, normalmente, aparece, tenha a idade que tiver. E por isso continua imprescindível.

6 Nélson Semedo — Conferiu maior solidez defensiva e menos atrevimento ao flanco direito, permitindo a Nuno Mendes, do outro lado, aventurar-se mais para a frente.

7 Vitinha — Está num momento sublime e só não terá sido titular por gestão de esforços. Com ele, a partir da tripla substituição dos 58 minutos, a equipa cresceu muitos metros no campo e tornou-se definitivamente senhora de um jogo que já nem sequer merecia estar a perder.

6 Diogo Jota — Em sete minutos mais cinco de compensação ainda teve tempo para quase marcar. Importante para ajudar a manter o jogo perto da área alemã, sem sobressaltos, lá atrás, para Diogo Costa e companhia.

- João Palhinha — Entrou para o período de compensação e ainda ensaiou um remate por cima da baliza de Ter Stegen.