Ainda assim,Bruno Fernandes admite menor importância da competição em relação ao Mundial e ao Europeu

Futuro, desgaste extremo e o melhor jogador alemão: tudo o que disse Bruno Fernandes

Médio do Manchester United frisou capacidade lusa para bater congénere germânica, detalhou papel de Cristiano Ronaldo na armada das Quinas e admitiu cansaço físico e mental. Ainda assim realçou, que prefere jogar a 'final four' em vez de disputar dois jogos particulares

-Vem de uma época difícil, foi uma época dura no Manchester United. É a Alemanha que vai pagar algumas tristezas por se ter tido este ano?

- Obviamente toda a gente está à par da época que passei no clube. Foi difícil, uma época em que os objetivos que tínhamos delineados acabaram por não se concretizar. Acaba por parecer tudo muito negativo, mas estou num espaço diferente, de Seleção, eu adoro. Estou sempre disposto e feliz por representar e espero que isso possa acontecer. Seria um bom sinal não só para mim, mas também para a nossa Seleção, para podermos chegar à tão esperada final.

- Olhando para a história, só há três vitórias de Portugal sobre a Alemanha e todas foram com atos heróicos. Como é que a equipa está preparada para poder chegar aqui e surpreender sair daqui felizes?

- A equipa preparou-se muito bem, o que está no passado está no passado. Queremos criar uma história nova e começa por ganhar este jogo para podermos chegar à final. Sabemos que é uma das melhores seleções do mundo que temos pela frente, assim como nós também o somos. Queremos fazer das nossas valências o melhor possível para tirar o melhor resultado deste jogo. Temos muitos jogadores com essa capacidade para ter esse ato heróico, por isso acredito que se houver um momento de inspiração, temos jogadores capazes de nos fazer ganhar este jogo. Mas como equipa, estamos cientes do trabalho que temos de fazer e que será necessário para ganhar esta grande seleção.

- Em relação à proposta da Arábia Saudita, o que é que pode dizer sobre isso, se houve essa possibilidade e o que é que decidiu?

- Houve essa possibilidade, o presidente do Al-Hilal ligou-me há cerca de um mês a perguntar-me sobre a possibilidade de eu transferir-me para lá. Houve um tempo de espera pela minha parte para pensar naquilo que seria o meu futuro. Se o Manchester United assim achasse que era hora de seguir em frente, estaria disposto a fazê-lo. Falei com o míster Ruben Amorim, que durante todo esse período me chateou bastante para que não fosse. O clube disse-me que não estariam dispostos a vender-me, que seria somente se eu quisesse sair, mas que não era uma questão financeira. Foi uma proposta muito ambiciosa, a presidente foi uma pessoa espetacular. Nunca falei de valores, mais à frente acabou por vir à baila já com o meu empresário. Simplesmente tive que tomar a decisão, após falar com a minha mulher, a única pergunta que ela me fez, quais seriam os meus objectivos profissionais e o que eu queria fazer na minha carreira. Nunca em algum momento ela disse que sim ou que não, ou que seria a decisão dela, sempre foi uma pessoa que me apoiou bastante nas minhas decisões e que meteu o meu ato profissional à frente de qualquer outra coisa. Era uma mudança fácil no aspeto familiar, tinha lá o Ruben Neves e o João Cancelo, os meus filhos estão habituados a brincar com os filhos deles em espaço de Seleção, são duas pessoas com quem eu tenho uma grande amizade, mas simplesmente quero manter-me no mais alto nível, a jogar as grandes competições, porque ainda me sinto capaz disso. Quero continuar a ser feliz, a fazer aquilo que eu mais gosto, sou muito apaixonado por este desporto, mas é a minha maneira de ver o futebol e a minha vida. Estou feliz com a minha decisão.

- Como é que estão os seus colegas de seleção, em particular aqueles que estiveram na final da UEFA Champions League?

- Independentemente das cervejas que tenham bebido, não, são jogadores com uma grande qualidade, com uma grande ambição, estão com mais motivação do que nunca, acabam de vir do maior momento das carreiras deles, não podia estar mais feliz por eles e pelo momento que eles estão a passar. São miúdos excepcionais, com uma humildade incrível, que trabalham imenso, que têm uma qualidade muito acima da média, todos eles. E todos nós, do nosso lado, esperemos que a energia positiva, aquilo tudo de bom que eles fizeram durante esta época, aquilo positivo que eles retiraram de todo este tempo que acabou da melhor maneira para eles, possam trazê-lo e voltar a fazê-lo aqui. Tenho toda a certeza que eles estão mais do que preparados para isso. Da nossa parte, não temos dúvidas nenhumas que o farão. A Alemanha está mais preocupada porque são jogadores de grande qualidade e de grande calibre que podem fazer a diferença durante o jogo.

- Qual é a importância que os jogadores atribuem à Liga das Nações. É uma preparação para o Mundial ou uma competição com muito valor?

- Há competições mais importantes que outras. Obviamente o Mundial é mais importante, O Europeu passa a ser a segunda e a Liga das Nações, pelo número de clubes que estão incluídos nesta Final Four, é um bocadinho mais curta. Acaba por ser uma competição de uma semana, que obviamente tem a fase de grupos anteriormente, mas que é jogada durante um ano inteiro, basicamente. Um troféu é um troféu, independentemente do nome dele. É um troféu pela seleção, é um troféu muito importante. Eu prefiro jogar a Final Four da Liga das Nações do que jogar dois jogos amigáveis no final de uma época. A competitividade vai ser um bocadinho mais acima daquilo que são os jogos amigáveis. A oportunidade de representar uma seleção e poder estar num momento de decisão, de poder levantar um troféu, é sempre vista com bons olhos. Em 2019 sentimos isso. Foi jogada em nossa casa, foi sentida. Foi também muito sentido pelas pessoas do Norte, pelo facto de pela primeira vez poderem festejar com a seleção nacional. Por isso, eu acho que para nós tem a sua importância. Não vou dizer que tem mais importância que um Mundial e que um Europeu, porque não tem, é a realidade, mas tem importância. Porque senão não estaríamos aqui, não teríamos os melhores para jogar esta competição e não estaríamos focados e centrados em fazer aquilo que é possível para chegarmos à final.

- Por falar em 2019, consegue comparar um pouco estas duas equipas? Há semelhanças? Há diferenças?

- Há sempre diferenças, obviamente, como as gerações vão mudando, acabam por mudar as rotinas e as qualidades que temos e valências na Seleção. As seleções boas são aquelas que ganham e nós queremos fazer parte desse lote e mais uma vez poder ganhar uma competição para Portugal, independentemente de ser a primeira, a segunda ou a terceira, é sempre um motivo de orgulho. Todos nós dentro do grupo estamos focados em tentar repetir esse feito de 2019 e é a única coisa que nos passa pela cabeça.

- O desgaste tem sido um tema muito recorrente. O é que vos pesa mais nesta altura? É desgaste físico, porque são muitos jogos ou emocional porque a maior parte de vocês jogam em equipas grandes?

- O desgaste está lá, acho que já muitos referimos o problema que existe, não somos donos da solução, obviamente tentámos ser parte da solução e o que mais queremos é dar espetáculo às pessoas, estar na nossa melhor condição física para poder fazer com que toda a gente que paga um bilhete para vir ao estádio possa usufruir de um grande espetáculo e de um grande dia de futebol. São épocas desgastantes, mas ao mesmo tempo, é mais fácil lutar para ganhar. Neste Seleção temos essa capacidade, quase todos tivemos uma semana para refrescar a cabeça, para descansar um bocado e agora temos uma pequena semana curta para dar o nosso melhor, para podermos ganhar esta competição e depois teremos as nossas merecidas férias, mais uma vez nem todos, porque obviamente tem quem vá ao Mundial de Clubes. Queremos estar na nossa melhor condição e tem que existir o descanso suficiente para que todos os jogadores possam ter a capacidade física e psicológica para dar o melhor espetáculo a quem quer assistir.

- Os quatro campeões europeus jogaram a final da UEFA Champions League, vão jogar a Liga das Nações e o Mundial de Clubes. Há tempo para descansar?

- Foi uma época longa para eles, foram à final da Taça e da UEFA Champions League, puderam celebrar e pode ser que seja um sinal para celebrarem duas vezes e de forma ainda especial porque é com a Seleção.

- Qual é a sua opinião sobre João Palhinha e a sua situação no Bayern?

- Não estou dentro do clube para saber porque é que não está a jogar.. Sabemos que ele faz o máximo para estar preparado mentalmente e fisicamente. Deu um salto para um clube Grande como o Bayern, é difícil tecer uma opinião. Não sei se é o melhor para ele ou não, mas sei que ele quer mostrar que tem qualidade para jogar

- Quem é que acha que é o jogador mais perigoso na equipa alemã?

-Têm jogadores muito bons, para mim o mais perigoso não vai jogar, o Musiala. Se não é o melhor nº10, é um dos melhores, muito jovem, felizmente para nós não vai jogar.

- Aos 40 anos, qual é o papel de Cristiano Ronaldo na Seleção?

- O papel é sempre o mesmo, marcar golos. É o melhor goleador do mundo. Estamos muito felizes quando ele consegue marcar cada vez que sobe ao relvado, é o melhor marcador da história da Seleção, ele quer melhorar esse número. Felizmente para nós esperemos que ele continue a marcar e que amanhã seja um daqueles dias.