Beto aponta à conquista da Liga das Nações: «Alemanha não é superior a Portugal»
Beto, vencedor da Liga das Nações em 2019, fez uma análise ao duelo de Portugal com a Alemanha, a contar para as meias-finais da competição, já esta quarta-feira, e afirmou que os compatriotas têm tudo para conquistar mais um título.
«As expectativas terão sempre de ser inerentes à qualidade. Tendo a seleção nacional o conjunto de talentos que reúne, as expectativas têm de ser obrigatoriamente muito altas. Sinto que temos dos melhores futebolistas de sempre e, quando é assim, é um privilégio podermos dizer que somos e seremos sempre candidatos a conquistar qualquer torneio. Obviamente, temos de ir por passos», começou por dizer, em declarações à Lusa.
«Portugal tem responsabilidades, porque foi campeão da Europa em 2016, venceu a Liga das Nações em 2019 e tem a equipa que tem. Está a fazer um caminho de crescimento e de posicionamento a nível de ranking e todas as competições são importantes para isso. Foi um privilégio podermos organizar e vencer a primeira edição da Liga das Nações. É marcante e histórico para a FPF e para os futebolistas envolvidos. Não deixa de ser um troféu internacional e, por isso, é inevitável e inquestionável o valor que aporta a nível de palmarés e, sobretudo, no sentimento de me poder orgulhar em dizer que conquistei um troféu pela seleção», acrescentou, elogiando os alemães, mas reiterando a qualidade portuguesa.
«A Alemanha não é superior a Portugal. Temos de respeitá-la, já que é uma superpotência. Mais do que questões táticas ou técnicas, um dos grandes segredos será o fator mental. A Alemanha tem uma mentalidade fria e mecânica e tem uma história no futebol. De geração em geração, vai passando esses valores e bases e irá ser sempre uma grande seleção, independentemente dos futebolistas que tenha. Elevar os níveis de competitividade será o grande segredo. A Alemanha anda em profunda renovação há alguns anos, mas nunca viveu de grandes nomes e é sobretudo uma máquina que funciona muito bem a nível coletivo. Não destaco nenhum atleta deles, apesar de terem vários talentos individuais e jovens. A mentalidade competitiva e a máquina coletiva são duas características notórias», explicou, reagindo ao facto da final ser em Munique.
«O fator casa entra sempre em jogo. Fomos campeões da Liga das Nações em 2019 por mérito próprio e pelo alento e motivação que os adeptos nos deram. Jogar em casa com essa energia e força transmitida à equipa é um fator extra para os jogadores. Muitas mudanças no onze? Numa fase de qualificação ou numa prova mais longa, existe mais espaço e tempo para promover alterações e fazer descansar alguns jogadores consoante o adversário e essa gestão é facilitada. Agora, numa final four há dois jogos de alta intensidade e exigência», atirou, não querendo comentar diretamente se Cristiano Ronaldo deve ser ou não titular.
«Sou sempre apologista de que tem de jogar quem estiver melhor. Nesta altura, Portugal apenas tem de se focar no jogo frente à Alemanha ou não haverá final. Por isso, não me parece que existam grandes alterações, até pela dinâmica coletiva e pelas rotinas entre jogadores. Caso Portugal dispute o terceiro lugar, pode fazer sentido alguma gestão e rotação do plantel e Roberto Martínez tomará as suas decisões», justificou, tendo sido questionado sobre se o técnico espanhol é o melhor treinador para a Seleção Nacional.
«Mais do que avaliar a evolução do selecionador e da equipa, importa a responsabilidade que Portugal tem de acordo com a sua categoria. Temos uma das melhores seleções da história, com os melhores intervenientes. Não irei dizer que seja quase obrigatório jogar sempre bem, porque isso é uma utopia no futebol. Agora, a seleção é sempre respeitável e tem de entrar em campo para ganhar. Não sei que contrato ele tem nem sou a pessoa que irá decidir se fica ou sai. Sei é que, enquanto for selecionador, vai fazer o melhor, visto que o seu sucesso será sempre o de Portugal. O meu desejo é que a seleção se valorize, vença jogos e nos anime e orgulhe, independentemente de ser com Roberto Martínez ou com outro selecionador», disse, falando ainda sobre Diogo Costa, que tem sido apontado a uma saída este verão.
«A Liga é muito competitiva, mas há outros campeonatos de maior qualidade e é aí que um atleta cresce com o erro. O Diogo Costa tem todas as condições para dar esse salto qualitativo. Não que o FC Porto não seja um grande clube, mas, no geral, acredito que a procura por outros contextos competitivos acontecerá de uma forma natural», finalizou.