Sporting-Benfica: o dérbi com impacto no futuro de Amorim e Schmidt
Roger Schimidt e Rúben Amorim após o final do jogo da 2.ª mão da Taça de Portugal FOTO João Bravo SPP/IMAGO

Sporting-Benfica: o dérbi com impacto no futuro de Amorim e Schmidt

OPINIÃO06.04.202401:00

Nunca me esqueço do episódio da lã de vidro na Luz e como as coisas poderiam ter sido diferentes nessa edição, caso Leonardo Jardim tivesse mesmo surpreendido Jorge Jesus

Dizem os treinadores que o jogo não é decisivo (e concordo sobre este); que se pensa jogo a jogo; que o próximo jogo é o mais importante; dizem os treinadores que não se sabe qual é o jogo decisivo num campeonato; tudo aquilo são verdades, como também é verdade que há sempre um dia que é mais importante do que os outros. Pois bem, esse dia está aqui, chegou na ressaca de um dérbi para anunciar-se como o dia em que se joga outro.O Sporting-Benfica não decide quem é campeão, mas decide em que termos se joga a caminhada até lá.

O dérbi traz com ele toda as possíveis análises sobre um jogo de futebol. A técnico-tática, claro, que apesar de todos os especialistas nos dizerem que é a mais importante da equação torna-se demasiado redutora e analítica para estes jogos.

A emocional, que realça temperamentos em campo, explica estados de alma apesar das, estratégias e ordens de treinadores e que tantas, mas tantas vezes faz a diferença, seja por um comportamento coletivo generalizado, seja por inspiração ou insurreição individual – sim, que os cartões vermelhos surgem muitas vezes daqui…

É nesta dicotomia que tantas vezes se aborda o olhar sobre o jogo. Os «táticos» raramente contemplam, ou desvalorizam, que uma emoção seja decisiva num jogo de futebol; os emocionais argumentam tantas e demasiadas vezes que não há atitude, quando o problema é, na realidade, tático. Há os que rejeitam que o público «joga», há os que acham que faz toda a diferença.

A verdade é que há tanta coisa a suceder num estádio de futebol antes e durante um jogo que qualquer coisa pode influenciar o encontro, o seu desenrolar e, logo, o seu resultado – nunca me esqueço do episódio da lã de vidro na Luz e como as coisas poderiam ter sido diferentes nessa edição, caso Leonardo Jardim tivesse mesmo surpreendido Jorge Jesus com um Sporting diferente do habitual (ficou sem o efeito surpresa com o adiamento do dérbi).

Assim, diria que o grande desafio do Sporting tem duas vertentes: deixar fantasmas para trás e não pensar no facto de que o Benfica até tem mais vitórias como visitante no dérbi do campeonato do que o próprio leão como visitado; perceber como inverter a supremacia futebolística que a águia demonstrou nos últimos 90 minutos jogados entre as duas equipas.

Assim, diria que o grande desafio do Benfica tem duas vertentes: refugiar-se naquela mesma estatística para acreditar que é possível voltar a vencer o leão no seu reduto; conseguir fazer o que ainda ninguém fez e travar um ataque que marcou golos em todos os jogos de Liga e que fez pelo menos dois nos últimos 15 encontros.

O grande desafio está aí, pelas 20h30, em Alvalade. E o que ali acontecer terá repercussões tão grandes que nem se sabe o que vai suceder a Amorim e Schmidt: porque as decisões umas vezes são táticas, outras vezes emocionais e podem ser influenciadas por tanto que se passa à volta.