Rui Costa, presidente do Benfica (Foto: Miguel Nunes)
Rui Costa, presidente do Benfica (Foto: Miguel Nunes)

Rui Costa já entrou em campanha eleitoral

Presidente do Benfica está a preparar a próxima temporada desportiva como se não houvesse eleições à distância de quatro meses. Está mandatado para tal e ninguém lhe admitiria inação ou falta de comprometimento. Pelo contrário, sócios, demais candidatos e adeptos exigem-lhe competência máxima, ainda que, para muitos, tardia

A data das eleições do Benfica, em outubro, com as temporadas desportivas (não apenas a futebolística, mas principalmente, também as das ditas modalidades) já em curso, afeiçoa-se a uma mais do que previsível recandidatura de Rui Costa à presidência do clube. Não faria sentido, a não ser que houvesse impedimento ou indisponibilidade, que uma liderança que não pode adiar a preparação da próxima época (e naturalmente as seguintes) renunciasse ao sufrágio, a não ser, que, em eventualidade remota e improvável, estivesse alinhado com putativo candidato e a este declarasse inequívoco e incondicional apoio, passando-lhe a pasta. Nas condições de fim de mandato em que se encontra Rui Costa, nem o próprio e muito menos outrem com pretensões ao cargo aceitariam essa sucessão pacífica. Nenhum dos candidatos conhecidos, todos de rutura com o modelo de gestão preconizado pelo antigo futebolista, encararia esse cenário.

Assim, Rui Costa está a preparar a próxima temporada desportiva como se não houvesse eleições à distância de quatro meses. Está mandatado para tal e ninguém lhe admitiria inação ou falta de comprometimento. Pelo contrário, sócios, demais candidatos e adeptos exigem-lhe competência máxima, ainda que, para muitos, tardia. Por esses motivos, Rui Costa irá recandidatar-se. Fala-se em oficialização nos próximos dias. Entretanto, reforce-se, por estar em funções e não descura argumentos que possam valher-lhe a reeleição e já tomou decisões com relevância na composição do seu (atual, mas que crê próximo) executivo e na estrutura do futebol profissional. Desde logo, a substituição (de Lourenço Coelho por Mário Branco) na direção-geral e a saída de Rui Pedro Braz do cargo de diretor desportivo, cuja competência há muito duvidosa na opinião pública benfiquista, mas à qual Rui Costa tem sido impassível. Estas mudanças, o atual presidente, na iminência de eleições que as colocam imediatamente a prazo, poderia não ter tomado.

Já se sabendo a confiança reiterada no treinador Bruno Lage e apesar de a remodelação (reforço e dispensa) do plantel estar ainda indefinida, Rui Costa já está em campanha pré-eleitoral, mostrando um vigor reformista pouco visto durante o seu mandato. Acrescentando a decisão de suspender a participação do clube no processo de centralização dos direitos televisivos, ao encontro de posição unânime no universo benfiquista (candidatos presidenciais incluídos), Rui Costa está a tentar reabilitar a imagem de um líder parcimonioso com as entidades que tutelam o futebol em Portugal.

São os primeiros de outros trunfos eleitorais de Rui Costa que previsivelmente se seguirão (contrações sonantes para a equipa de futebol contribuirão sobremaneira). Não se sabe se suficientes para eventual recondução ao cargo, mas indubitavelmente proveitosos.

Rui Costa tem uma vantagem substancial sobre os adversários (os oficiais e eventuais outros) na corrida ao trono encarnado: pode tomar decisões importantes, com impacto nos associados (eleitorado), sem que possam ser consideradas por aqueles (ou pelos demais candidatos à sucessão) como eticamente reprováveis em vésperas de campanha. Porque é tempo de decisões, das inadiáveis e das que não. Rui Costa sabe-o. A data das eleições é apenas (in)oportuna.

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