11 fevereiro 2025, 23:49
As quebras físicas, a lesão de Gyokeres e... a lesão de Gyokeres: tudo o que disse Rui Borges
Treinador do Sporting analisou a pesada derrota frente ao Dortmund e focou-se sobretudo na lesão do avançado sueco
Treinador não só tem de explicar as lesões, como também é o autêntico psicólogo da equipa. Isto depois de receber uma pesada herança com o comboio em andamento e um calendário sobrecarregado
Ponto final na caminhada europeia do Sporting. Depois do 0-3 em Alvalade com o Dortmund, só um milagre poderia levar os leões a qualificarem-se para os oitavos de final da UEFA Champions League e Rui Borges já disse que não fazia «milagres, nem magia»… Mas o treinador admitiu muito mais nas conferências de imprensas antes e depois do jogo com os alemães. Bombardeado com as utilizações aos soluços de Morita e, fundamentalmente, Gyokeres, frisou que não era «médico». Contudo, parece ser ele o verdadeiro médico do Sporting…
Todos conhecemos o percurso de Rui Borges em Alvalade. O que herdou e em que condições tem trabalhado. E a tarefa tem sido hercúlea. Um exemplo? O jogo da noite de terça-feira. Com Hjulmand castigado, Geny Catamo, Nuno Santos e Pedro Gonçalves lesionados e Gonçalo Inácio, Morita e Gyokeres limitados, o Sporting apresentou-se de início sem sete titulares! Poderia ter alcançado um resultado diferente? Obviamente que sim, mas, convenhamos, não era fácil travar o Dortmund, só o atual vice-campeão europeu.
Rui Borges foi apresentado no Sporting a 26 de dezembro, com a equipa no 2.º lugar, e três dias depois já estava a discutir a liderança da Liga com o Benfica. Ganhou o dérbi e subiu ao primeiro lugar do campeonato, que não só mantém como possui uma vantagem de quatro pontos para o eterno rival, que aquando da chegada do treinador a Alvalade tinha mais um ponto, e oito para o FC Porto, com o qual estava então igualado.
Feitas as contas, Rui Borges realizou 11 jogos no banco dos leões, somando cinco vitórias, quatro empates e duas derrotas. E o calendário foi bem complicado: dois jogos com o Benfica (uma vitória e um empate, embora com sabor a derrota, na final da Taça da Liga decidida nos penáltis), dois jogos com o FC Porto (uma vitória e um empate), três jogos na Champions (duas derrotas e um empate) e mais quatro jogos para o campeonato (três vitórias e um empate).
Considero o saldo positivo, fundamentalmente tendo em conta a herança que recebeu: uma equipa não só órfã de Ruben Amorim — o peso do atual treinador do Manchester United sente-se bem só analisando o percurso na Liga dos Campeões: com Amorim, quatro jogos e 10 pontos, sem Amorim cinco jogos e um ponto! —, mas também traumatizada com a série de maus resultados sob a liderança de João Pereira: oito jogos, três vitórias (duas para a Taça de Portugal e outra sobre o lanterna vermelha, o Boavista), um empate e quatro (consecutivas) derrotas…
11 fevereiro 2025, 23:49
Treinador do Sporting analisou a pesada derrota frente ao Dortmund e focou-se sobretudo na lesão do avançado sueco
Os leões têm sido perseguidos pelas lesões — são, por norma, quatro/cinco os ausentes a cada jogo — e agora, para a receção ao Arouca, também há que subtrair os castigados Diomande e Matheus Reis, expulsos no Dragão, o que, claro, dificulta muito o trabalho do treinador. Rui Borges, todavia, tem sido coerente, sublinhando a cada dia que está no clube não para se desculpar, mas para encontrar soluções. E tem-nas conseguido. Mudou o sistema, confiou em João Simões — a única boa herança de João Pereira, que foi quem lançou o médio —, adaptou Debast ao meio-campo, retirou Fresneda do ostracismo e tem conseguido manter a equipa competitiva. Longe da qualidade exibida na era Amorim, mas competitiva. A nível nacional, entenda-se.
E é aqui que reside um dos principais problemas do atual Sporting. A constituição de um plantel curto e moldado para o 3x4x3, associado aos tais constantes problemas físicos, não dá grande margem de manobra a Rui Borges, que, constantemente, tem trabalhado com pouco e, considero, tem-se exposto muito. Como no final do jogo com o Dortmund.
O treinador está num mundo novo, com a agravante de ter sucedido a um líder admirado e a um comunicador fantástico. Do meu ponto de vista, o treinador deveria ser mais protegido pela Administração, que continua a optar pela discrição. Não esclarece lesões, não comenta, por exemplo, arbitragens e continua a apertar o cinto — os reforços limitaram-se a Rui Silva e Biel, entradas só possíveis dadas as saídas de Kovacevic e Edwards —, levando Rui Borges a uma exposição pública que considero desnecessária, até porque não está preparado para ela.
Rui Borges tem sido o verdadeiro médico do Sporting, já que é só ele quem enfrenta os jornalistas nos casos das lesões, como também tem de assumir a gestão do esforço dos jogadores. E, neste capítulo, sintomática foi a frase proferida no final do jogo de terça-feira: «Não utilizava Gyokeres e Morita e depois os outros jogavam 90 minutos?»…
12 fevereiro 2025, 19:02
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Além de médico, Rui Borges tem sido também um autêntico psicólogo, recuperando a confiança de uma equipa então em crise, e só deve suspirar para que lhe permitam ser simplesmente treinador, principalmente agora, que o calendário vai começar a desanuviar. O que para ele, já se percebeu, será uma grande ajuda…