O Benfica e o último Botafogo campeão
Paulo Autuori, aqui no Rio de Janeiro em 1996, treinou, entre outros clubes, Botafogo e Benfica (A BOLA)

O Benfica e o último Botafogo campeão

OPINIÃO30.11.202408:30

JAM Sessions é o espaçp de opinião semanal de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil

Com o Botafogo nunca se sabe: mesmo podendo ser coroado hoje rei da América frente ao Atlético Mineiro e liderando o Brasileirão com três pontos de avanço a duas jornadas do fim, ainda pode botafogar, o neologismo brasileiro para quem morre na praia, inventado após o campeonato incrivelmente perdido pelo clube no ano passado. Além disso — e isto agora não é um neologismo, é frase com mais de 60 anos —, «há coisas que só acontecem ao Botafogo...»

Mas, como a equipa de Artur Jorge tem provado ser sólida como as rochas da Enseada de Botafogo, a conquista do terceiro Brasileirão da história do clube deve estar mesmo por dias. Tempo, por isso, de rever a conquista do anterior — o segundo e até ver último —, em dezembro de 1995, há longínquos quase 30 anos.

Na altura, o presidente Carlos Montenegro inovou. Contratou como treinador um jovem desconhecido no Brasil, mas de reputação estabelecida em Portugal: Paulo Autuori. Depois de subir o Nacional, de assustar os grandes com um ótimo V. Guimarães e de solidificar o Marítimo na zona europeia, Autuori voltava à cidade natal, o Rio de Janeiro, e para um clube onde trabalhara como incógnito preparador físico anos antes, o Fogão.

O Brasileirão à época dividia-se em dois grupos de 12 equipas. As vencedoras da primeira volta, 11 jogos entre essas equipas, apuravam-se para as meias-finais. E as vencedoras da segunda volta, 11 jogos frente às equipas do outro grupo, também. Foi nessa segunda volta que o Botafogo de Autuori, que bateria depois o Cruzeiro nas meias-finais e o Santos numa controversa final, ganhou forma.

Numa equipa onde brilhava o folclórico goleador Túlio Maravilha, jogavam ainda Wilson Gottardo, o central que Autuori trouxera do Marítimo, e Jamir, o volantão que o treinador levaria, ao lado do ágil atacante Donizete Pantera, para o próximo projeto: o Benfica de 1996/1997, já depois de no final da época 1995/1996 ter servido como uma espécie de olheiro especial do clube.

Na Luz, porém, ficaria marcado pela derrota de 0-5 para o FC Porto na Supertaça Cândido de Oliveira e sairia, em janeiro de 1997, após desaire em Guimarães e sem ver Jamir e Donizete, apesar de um ou outro lampejo, conquistarem o terceiro anel.

Apenas passageiros na história do glorioso português, Autuori, hoje diretor técnico do Athletico Paranaense, Jamir e Donizete, membros da equipa master botafoguense, são, pelo contrário, eternos na história do Glorioso brasileiro.