Finalmente, Éder!
Éder e o golo mais famoso do futebol português (IMAGO)

EDITORIAL Finalmente, Éder!

OPINIÃO22.11.202309:05

Está feita justiça apesar de não o convidarem especialmente para nada desde... 2017

Sete anos após ter marcado o histórico golo que deu a Portugal o histórico título de Campeão da Europa numa histórica final com a França, em Paris, o histórico Éder vê-se, por fim, historicamente nomeado embaixador da Seleção pela Federação Portuguesa de Futebol.

Dir-se-á que já não era sem tempo, mas, aparentemente, para o promover, a Federação esperou que Éder deixasse de ser jogador profissional, apesar de Éder não ter, pelo menos oficialmente, anunciado o fim da carreira, que prosseguiu apenas até ao verão de 2022, no Al Raed, da Arábia Saudita.

Talvez a expectativa de Éder fosse ter continuado a jogar ainda na última temporada, e é possível que por isso a Federação não o tenha nomeado embaixador na Gala Quinas de Ouro que promoveu em setembro do ano passado, quando voltou a realizá-la após dois anos de interregno devido à pandemia.

Se assim foi, agora que Éder é, não oficial, mas notoriamente um ex-futebolista, não há, na verdade, como contrariar o espírito que levou, finalmente, a Direção federativa a eleger Éder um mais do que justo embaixador da Seleção pelo que Éder representará, sempre, para a história do futebol português e para aquele histórico título conquistado em 2016, graças ao histórico e memorável golo de Éder (com cheirinho a Eusébio, perdoem-me a comparação…) na final de Paris, frente aos anfitriões franceses.

Compreende-se: enquanto estivesse profissionalmente no ativo como jogador, e Éder, recordo e sublinho, manteve-se no ativo até ao verão de 2022, talvez fosse, na realidade, inapropriado (e, porventura, inoportuno) a Federação distingui-lo como embaixador da Seleção, ainda que no passado o tivesse feito com Luís Figo, nomeado embaixador das quinas em 2008, quando ainda jogava nos italianos do Inter, ou mesmo Fernando Couto, distinguido igualmente em 2008, quando arrumava as botas ao serviço dos também italianos do Parma.

Durante anos capitães da Seleção, Figo (127) e Couto (110) foram então nomeados por ultrapassarem as 100 internacionalizações, número há muito superado, entretanto, por Cristiano Ronaldo (205), e ainda pelos também campeões europeus João Moutinho (146), Pepe (134), Nani (112) e Rui Patrício (107).

Pela importância, carisma, impacto, memória e eternidade do momento protagonizado por Éder no histórico (repetível?) feito da Seleção Nacional em 2016, admito que nenhum português rejeite a ideia de ver Éder como especial embaixador da Seleção Nacional, um bocadinho mais no papel que pertenceu ao único e inigualável Eusébio, estando próximo da equipa nacional, se não sempre, pelo menos bem mais do que Figo ou Couto, convidados apenas para algumas ocasiões especiais.

No fundo, a proximidade à equipa das quinas que teria ficado bem à federação ter proporcionado a Éder num ou outro momento das importantes competições em que Portugal marcou presença depois do Euro-2016. Como se sabe, Éder não voltou a integrar a Seleção em nenhuma outra das fases finais seguintes (Mundiais em 2018 e 2022, Europeu de 2020 jogado em 2021, por causa da pandemia, Taça das Confederações em 2017 e Liga das Nações em 2019), e, que tivesse sido tornado público, a federação também não foi capaz de o convidar uma única vez para estar com a equipa naquelas competições, quanto mais não fosse para jantar, assistir a um jogo ou servir de inspiração. Mas isso agora serão contas de outro rosário.

O que importa é estar, pois, finalmente feita justiça com esta nomeação de Éder, como, em breve, terá inevitavelmente de ser reconhecido com Cristiano Ronaldo, inegavelmente o maior de todos e já uma lenda antes do tempo.

Que não seja, em qualquer caso, apenas para inglês ver, porque só com memória e respeito pela história a Seleção (como as equipas de clubes) poderá continuar a aprofundar a ligação afetiva com os adeptos. O futebol é muito mais do que um jogo!