Uns respiram cada vez melhor, outros sufocam (crónica)
Duas equipas com o mesmo objetivo, mas vindas de caminhos distintos. O Aves SAD, que já viveu chicotada na equipa técnica, procurava a primeira vitória da época e o Alverca almejava o segundo jogo consecutivo a vencer, e pela primeira vez fora de casa.
A chuva afastou muitos adeptos da bancada — a Direção do emblema avense ofereceu capas aos visitantes —, mas os poucos mais de mil ainda vibraram com entrada vigorosa da equipa de João Pedro Sousa, com quatro alterações — destaque-se o facto de Gustavo Assunção ter entrado diretamente no 11 após ter sido contratado como desempregado — que chegou cedo ao golo, com Pedro Lima a dar o melhor seguimento a cruzamento de régua e esquadro por parte de Diego Rivas.
Os ribatejanos foram pressionando, sem, no entanto, conseguir criar grande perigo junto da baliza à guarda de Bertelli. Mas, os homens da casa mostraram-se pouco à vontade em vantagem e já perto do intervalo surgiu o primeiro golaço da tarde: na sequência de um pontapé de canto, Alex Amorim encheu o pé, de fora da área, com a bola ainda a tocar Tomané e a desenhar um arco perfeito para o empate.
É certo que chovia, mas foi um autêntico balde de água fria despejado em cima dos avenses. No reatamento, sem alterações nos onzes, foram os ribatejanos a tomar as rédeas do jogo e o segundo não tardou. Lincoln (fez um jogaço) encontrou Lucas Figueiredo dentro da área, num lance que foi analisado pelo VAR, mas o camisola 20 estava em jogo, por 10 centímetros.
Nova machadada nas intenções dos homens da casa que não mais conseguiram pegar no jogo, denotando fragilidades na organização defensiva, transições e ataque. João Pedro Sousa mexeu nalgumas peças — Nenê, jogador mais velho da Liga, com 42 anos, tentou fazer o gosto ao pé —, mas Custódio Castro mostrou que a cada jornada a sua equipa — que conta com 30, leu bem, são trinta, caras novas — está mais entrosada e a tomar o rumo da tranquilidade no regresso ao principal escalão, 21 anos depois, e a entrada de Gonçalo Esteves foi, sem dúvida, xeque-mate num jogo que pendia para os ribatejanos.
O lateral-direito, formado no FC Porto, que também representou o Sporting, entrou muito bem, criou desequilíbrios e teve execução soberba: arrancou da zona da bandeirola de canto, do lado direito, tirou vários jogadores da frente no drible e num remata rasteiro matou o jogo.
O Aves SAD sofreu três golos pelo quarto jogo consecutivo, tem a defesa mais batida da Liga (20), naquele que é um dos (muitos) problemas que João Pedro Sousa tem para resolver para aliviar a corda que cada vez mais aperta no pescoço da equipa.
As notas dos jogadores do Aves SAD:
Simão Bertelli (4), Diogo Spencer (4), Tiago Galletto (4), Sidi Bane (5), Leonardo Rivas (4), Jaume Grau (5), Gustavo Assunção (5), Akinsola (5), Pedro Lima (6), Rafael Barbosa (5), Tomané (4), Kiki Afonso (4), Bruno Lourenço (4), Kodisang (4), Gustavo Mendonça (4) e Nenê (-).
As notas dos jogadores do Alverca:
André Gomes (6), Naves (5), Sergi Gómez (6), Meupiyou (5), Nabil (5), Davy Gui (6), Alex Amorim (7), Chissumba (6), Lincoln (7), Marezi (6), Figueiredo (7), Sandro Lima (5), Tomás Mendes (5), Cédric Nuozzi (5), Gonçalo Esteves (7) e Gian Cabezas (-).
O que disseram os treinadores:
João Pedro Sousa, treinador do Aves SAD
Sentimos de forma impactante o golo nos descontos no primeiro tempo, até pelo momento que vivemos. Terminámos a primeira parte a sofrer um bocadinho, mas, tendo em conta as dificuldades para formar o onze, chegámos a ter períodos até agradáveis. A segunda parte começou com o segundo golo, a partir daí vi uma equipa que ainda não tinha visto ao nível ofensivo, melhorando imenso ao nível de finalizações e remates. O resultado é justo, mas, se calhar, por números exagerados. Agora, é trabalhar e recuperar o ânimo dos jogadores, procurando recuperar os pontos perdidos
Custódio Castro, treinador do Alverca
Acabámos por ser uns justos vencedores, num jogo difícil. Não entrámos bem no jogo, pouco agressivos, mas o 'timing' do primeiro golo [aos 45+4'] acabou por nos beneficiar. No segundo tempo já estivemos mais próximos daquilo que temos apresentado, fomos melhores e fomos uns justos vencedores. É uma boa fase, com três vitórias em quatro jogos, mas, se olhar para trás, também fizemos bons jogos