Um samba de naufragar e chorar por mais (ou menos)
Foi água a cair do céu, a juntar à água que se foi metendo dentro do campo. Mas, no final, foi a alegria do samba brasileiro que mais fez cair água dos olhos e naufragar as Navegadoras.
Nos últimos sete jogos, Portugal sofreu cinco vezes nos três primeiros minutos de jogo.
Em julho, na derrota por 5-0 contra a Espanha, sofreu ao minuto dois. Passado uns dias, também no Euro 2025, frente à Bélgica, sofreu aos três. Mais recentemente, nos dois jogos de preparação que fez nos (e contra os) EUA em outubro, Portugal sofreu no primeiro minuto.
As navegadoras voltaram hoje a permitir que o adversário entrasse praticamente a ganhar ao consentir um golo ao minuto dois. Foi pelo lado direito que apareceu o tento inaugural, mas não só… foi também por ali que apareceu o segundo e o terceiro, na primeira parte.
Portugal revelou ter fragilidades naquela parte do terreno, e o Brasil soube aproveitá-las. Os três golos surgiram após três incursões rápidas das brasileiras pelo lado direito - que pareceu, numa perspetiva, ser o ponto fraco da seleção das quinas; e, noutra, o ponto forte da canarinha.
Na segunda parte, o Brasil voltou a entrar muito mais forte, com as Navegadoras sem conseguir posse de bola. De vez em quando, as portuguesas lá tentavam sair para o contra-ataque, mas as atacantes apareciam muito desapoiadas, na hora de sair em direção à baliza contrária.
Há que salientar, ainda assim, que nos últimos 45 minutos, Portugal defendeu melhor o seu lado esquerdo. Os dois golos do Brasil que fecharam o resultado chegaram de bola parada: num canto e num penálti.
No final, o Brasil massacrou numa noite fria e inglória para as Navegadoras, no Estádio Municipal de Aveiro, perante 15.323 espectadores. As craques canarinhas brilharam mais, com muitos adeptos brasileiros nas bancadas, que fizeram festa rija no final do jogo.
Foi o último jogo das Navegadoras em 2025, que voltam ao ativo em março, para iniciar o qualificação para o Mundial de 2027.
A figura de Portugal
Andreia Jacinto foi muito lutadora durante todo o jogo. A número 6 das quinas criou a grande oportunidade de Portugal, mas Ana Capeta não chegou para finalizar. Aos 84', com muita vontade (tão característica da jogadora da Real Sociedad), rematou com perigo, mas a bola acabou por sair por cima da baliza do Brasil.