Superioridade Real e um final com polícia que 'El Clásico' não merecia (crónica)
Este não foi, certamente, o melhor clássico de sempre, mas não lhe faltou emoção, incerteza até final, golos anulados e um penálti falhado.
Como se previa, o público do Bernabéu estava à espera que Lamine Yamal entrasse no relvado para lhe dedicar uma das mais sonoras apitadelas de que há memória, como castigo pelas suas palavras ofensivas ditas dois dias antes do encontro, concerto de assobios que se repetiu cada vez que o jovem jogador tocou na bola.
O jovem internacional espanhol esteve no primeiro lance polémico do desafio, logo aos dois minutos: a sua perna encontrou-se com a de Vinícius dentro da área, o árbitro decretou grande penalidade, mas, depois de ter sido avisado pelo VAR, deu marcha atrás e mudou de opinião. O explosivo começo do Real surpreendeu o Barcelona que perdia muitas vezes a bola e quando a recuperava não sabia que fazer com ela. Num desses lances em que Fermín ficou sem o esférico, Arda Guler lançou Mbappé que com um potente tiro fez o golo que o VAR anulou ao descobrir um milimétrico fora de jogo.
A terceira tentativa sim foi válida, Bellingham fez um passe de rotura para Mbappé, que com um remate cruzado bateu Szczesny que nada pôde fazer para evitar o tento.
Este golo veio premiar a evidente superioridade do Real com uma intensa pressão em todo o campo e sabendo como não cair na ratoeira do fora de jogo, uma das grandes armas usadas pelo inimigo no desafio de há um ano por estas alturas. Mas até os melhores jogadores cometem erros e numa aproximação à área local sem perigo aparente, Arda Guler, demasiado confiante, deixou que Pedri lhe roubasse a bola, que depois de passar pelos pés de Rashford e Baldé acabou nos de Fermín que, com um remate certeiro bateu Courtois.
O Real, porém, não tardou em recuperar a vantagem, Vinícius internou-se pela esquerda, centrou para a área onde, de cabeça, Militão passou a Bellingham que sem ninguém à sua volta fez o segundo golo. Assim se chegou ao descanso com os donos do campo a ganhar pela mais que merecida diferença mínima depois de terem feito um muito bom primeiro tempo em que dominaram e foram melhores em tudo.
Tudo podia ter ficado resolvido ou quase a favor do Real quando, no início do segundo tempo, o VAR desta vez decidiu a favor dos donos da casa: vendo uma mão de Eric Garcia dentro da área, o árbitro confirmou que havia penálti. Mbappé foi encarregue de o executar, mas fê-lo de forma a permitir a defesa de Szczesny que, não só neste lance, como em muitos outros, foi o grande salvador da equipa.
Passado o que a ponto esteve de ser o final de todas as suas aspirações, o Barcelona reagiu, adiantou as suas linhas e começou a aparecer com mais frequência nas redondezas da área contrária onde o esperava uma defesa madrilena consistente e bem organizada que, com tranquilidade, foi neutralizando todas as tentativas do adversário. Para tentar corrigir a falta de profundidade atacante do Barcelona e sem ninguém no banco que pudesse resolver o problema (sentiu-se a falta de Lewandowski e Raphinha, ambos ausentes por lesão), foi Araújo quem passou a jogar de ponta de lança à espera de alguma bola perdida que nunca chegou a aparecer.
Courtois não se viu obrigado a grandes intervenções e, fazendo uma boa gestão da vantagem que tinha a seu favor, o Real Madrid soube aguentar o resultado até ao fim, lograr a desforra da penosa derrota do ano passado e colocar-se na tabela com cinco pontos mais que o seu grande rival.