Lance entre Sudakov e Samu Silva em Guimarães. Foto: D. R.
Lance entre Sudakov e Samu Silva em Guimarães. Foto: D. R.

Sudakov deveria ter sido ou não expulso em Guimarães — o que diz a FPF?

Antigo árbitro e diretor técnico de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol Duarte Gomes abordou vários lances polémicos das últimas jornadas

No programa Livre Arbítrio, transmitido pelo Canal 11, Duarte Gomes, diretor técnico de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, analisou vários lances polémicos que marcaram as últimas jornadas da Liga e Liga 2.

Num episódio dedicado a pisões, o primeiro momento que mereceu a atenção do antigo juíz foi o amarelo a Heorhii Sudakov, do Benfica, na sequência de uma falta sobre Samu Silva, do V. Guimarães, considerando correta a decisão de João Pinheiro.

«Percebe-se a controvérsia que este lance gerou. É um lance muito duro, que nós consideramos alaranjado, na linha fronteiriça. Tem alguns elementos que podemos considerar para vermelho e outros que não. Este lance tem uma variável de contacto perigosa, mas tem atenuantes para justificar o amarelo, que foi a decisão correta.»

«O jogador perde o domínio incial da bola e tenta recuperá-la com força a mais. O Sudakov e o jogador do V. Guimarães tinham o pé apoiado no chão e, portanto, entre os elementos para vermelho e amarelo, o árbitro decidiu segundo os critérios. Na dúvida, decide-se por baixo. Ou seja, entre amarelo e vermelho, dá-se amarelo. Contudo, se o árbitro mostrasse vermelho, o VAR não podia intervir, por ser lances subjetivos, sem erros claros e óbvios», disse.

O cartão vermelho a Fabio Blanco, no mesmo jogo, foi igualmente merecedor de comentário. «Há uma disputa de bola, o jogador do Vitória não tem nenhuma malícia, mas a forma como o atinge é perigosa, que pode provocar lesões. É uma abordagem com intensidade, ao ponto de, depois de acertar no joelho, ainda puxa os calçoes do jogador do Benfica. Não teve malícias, mas há outros fatores. João Pinheiro estava em cima do lance e não teve dúvidas. Parece exagero, porque não houve malícia, mas carimbamos estas entradas com o cartão vermelho», afirmou.

O amarelo a Ricardo Mangas, por pisão a Dinis Pinto, no Sporting-Moreirense também foi avaliado: «Não há intenção, mas há risco. Cartão amarelo bem mostrado. O jogador do Sporting não tem má intenção, mas atinge-o no calcanhar de Aquiles, uma zona propícia a lesões. A lei não avalia intenção, mas os riscos.»

Entre os vários lances que estiveram sob escrutínio, nota também para uma falta de Francisco Moura sobre Dodi Lukebakio, no clássico entre FC Porto e Benfica: «Aqui, o árbitro avalia de forma incorreta, porque não exibe cartão amarelo. Existe uma entrada por trás, um pisar do tornozelo e o pé do jogador do Benfica até torce. Não há intensidade para vermelho, mas é amarelo. Mas é um lance em que o árbitro tem dificuldade em ver.»

Noutra parte do episódio, o antigo árbitro voltou ao encontro da primeira jornada, entre FC Porto e V. Guimarães, para recordar um vermelho perdoado à turma vitoriana, num lance entre Tiago Silva e Alan Varela: «Um lance em que o Tiago não tem malícia, mas corre um risco altíssimo. Os pitons quando sobrem a coxa, podem provocar lesões. Esta entrada teve intensidade e velocidade. O árbitro mostrou amarelo, mas, na nossa opinião, deveria ter sido mostrado o vermelho.»

Lance entre Tiago Silva e Alan Varela

Ainda em relação aos dragões, o segundo golo em Moreira de Cónegos foi analisado. «No primeiro momento, há duas mãos de Froholdt nas costas do defesa, que assim que sente, salta a dois pés, comum quando se quer ganhar a falta. No segundo momento, há agarrões mútuos, sem infração. O futebol não espera faltas neste tipo de ações. Para nós, o golo é legal», disse Duarte Gomes.