Os festejos do PSG, as críticas e repetir 2000: tudo o que disse Roberto Martínez
Nos últimos cinco jogos, cinco derrotas. Já conseguiu perceber o porquê de Portugal tem sempre tantas dificuldades diante da Alemanha?
Eu acho que não é só Portugal. Acho que é o nível desta Alemanha. É uma equipa que arrisca. O treinador está a fazer um trabalho muito interessante porque não são jogadores individuais, é mais a ideia coletiva. Uma equipa de pressão alta, gosta de arriscar, de jogar o jogo interior. Mas depois, se nós analisarmos os dados dos últimos oito jogos, as duas equipas são muito semelhantes. 16 golos de bola corrida, oito golos sofridos. A Alemanha marca mais golos de bola parada. Mas, em geral, o aspeto técnico e táctico é muito semelhante. É um jogo para mostrar o que nós estamos a fazer e para tentar acrescentar e ajustar conceitos. Respeitamos muito a Alemanha. Jogar fora de casa é um duplo desafio. Durante os quartos de final vimos que só uma equipa perdeu em casa. Também é uma oportunidade para atingirmos o máximo nível num desempenho fora de casa.
Roberto Martínez ainda não é consensual entre todos os adeptos portugueses. Acredita que se vencer a Liga das Nações, isso pode mudar?
No futebol, as opiniões são subjetivas. Faz parte. O importante são os dados. Olho para os 28 jogos que disputámos e a equipa mostrou sempre compromisso. Temos o maior número de pontos, de golos e de vitórias durante 28 jogos, nas últimas décadas da Seleção, e é nisso que estou focado. Estamos onde queremos estar, na fase final da Liga das nações. É um jogo que precisamos para poder continuar no objetivo: ganhar títulos. Agora, temos uma oportunidade e, daqui a 12 meses, temos o Mundial. A minha ideia é continuar a trabalhar. As opiniões fazem parte.
Os festejos condicionaram os jogadores do PSG? Vitinha e João Neves fazem sentido a titulares neste momento?
Acho que é importante trabalhar com todos os jogadores e considerar todos os caminhos individuais dos jogadores durante as últimas semanas antes da seleção. Para nós é muito importante que o João, o Vitinha, o Gonçalo e o Nuno tivessem vencido a Liga dos Campeões. Foi um momento de energia positiva e contagiosa. Agora, também é importante que tiveram uma adaptação boa. Hoje tiveram um bom treino. Agora, é avaliar as próximas 24 horas. Porque se nós queremos ganhar a Liga das Nações, são dois jogos, em quatro dias, então precisamos de gerir todos os jogadores, os níveis de energia, as ligações, os conceitos tácticos, o que precisamos de fazer durante o jogo... Posso dizer que o aspeto emocional é importante, mas agora é esperar até amanhã para avaliar bem o aspeto físico.
Preferia que os jogadores do PSG não tivessem jogado a Champions? Seria melhor para agora poder utilizá-los a 100%?
Não. A carreira do jogador é para criar memórias, ganhar títulos, estar em balneários exigentes. Agora, temos uma oportunidade de ganhar um título internacional. Adoro ver as histórias dos nossos jogadores, vê-los a ganhar títulos. E depois é o compromisso que trazem para o balneário. Para ganhar títulos, precisas de ter essa experiência de ganhar. Não é suficiente ter valências e talento. Para nós, é melhor ter jogadores com muitos títulos e com essas experiências. Gostei muito da reação do balneário quando eles chegaram, mas também o foco deles foi de demonstrar compromisso.
Nagelsmann disse que Ter Stegen, Wirtz e Goretzka serão titulares. Isto ajuda em alguma decisão que ainda tenha por tomar?
Conhecemos a Alemanha muito bem, o mister Nagelsmann também. Está a mostrar conceitos que já utilizou no Leipzig, no Bayern. Há jogadores que têm valências específicas, mas acho que a ideia coletiva é muito clara. Temos de ser Portugal. É o maior desafio. Respeitamos o adversário, mas temos de ver o que podemos fazer amanhã e perceber como podemos continuar a fazer o que fizemos no segundo jogo com a Dinamarca. No jogo fora de casa, não gostámos porque não fomos nós. E esse é o desafio maior, ser a equipa que fomos em casa.
Até que ponto é importante que Portugal domine a posse de bola e de que forma é que a Seleção Nacional roube a bola aos alemães?
Os desempenhos que nós tivemos, as duas equipas, são muito semelhantes. As duas equipas são equipas que gostam de arriscar e chegar à área do adversário. Acho que o que nós, e o que a Alemanha, podermos fazer na área, vai ser a diferença. São esses detalhes mínimos. Acho que para o adepto neutral do futebol, amanhã vai ser um jogo muito interessante. É uma questão de gerir bem a bola, não a quantidade, mas criar boas situações para poder utilizar as valências que nós temos. Da mesma forma, precisamos defender bem a intensidade que a Alemanha tem e a reação à perda, que é um aspecto muito bom da seleção alemã. Nem a Alemanha nem Portugal vão mudar a identidade para o jogo de amanhã.
Acredita que amanhã é para jogadores portugueses de «barba rija», neste ambiente difícil, e voltar a ganhar à Alemanha, 25 anos depois?
É isso. Com todo o respeito pelo adversário, temos de nos focar no que podemos fazer. Acreditar muito no que já mostrámos. Precisamos de jogos assim para mudar o patamar a nível internacional. Temos seis jogos, depois da Liga das Nações, para o apuramento para o Mundial. É um período muito curto. Precisamos do jogo de amanhã para continuar a mostrar o que podemos fazer. Jogar contra uma equipa com uma exigência física, técnica e tática máxima, e depois, coletivamente, mostrar que podemos fazer o que o senhor Humberto Coelho fez há 25 anos. Se foi feito uma vez, pode ser feito mais uma.
Nagelsmann adiantou alguns dos titulares da Alemanha. Pode adiantar alguns de Portugal?
Honestamente, a decisão precisa de ser avaliada nas próximas 24 horas. É importante porque tivemos jogadores com viagens, jogos amigáveis, jogos importantes... É importante avaliar bem. Posso dizer que todos os jogadores estão preparados, os 23 jogadores de campo e os três guarda-redes. Todos podem ajudar e trazer qualquer coisa diferente. Estou orgulhoso do bom trabalho feito nos últimos dias. Mas, até amanhã, não temos ideia do onze inicial.
Olha para esta final-four pensando em dois jogos, ou só para o de amanhã?
O jogo mais importante é amanhã. A meia-final é o jogo que abre o caminho à final. Mas também estamos a falar de um período muito curto, temos 23 jogadores. Faz parte ter a ideia de que, para ganhar a final-four, temos de ganhar dois jogos. Então também faz parte da decisão de utilizar os jogadores da melhor forma possível.
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