Treinador do FC Porto fez a antevisão da partida de domingo frente ao Estoril, da 12.ª jornada

O gesto de Gabri Veiga, o calendário e as armadilhas: tudo o que disse Farioli

Treinador do FC Porto fez a antevisão da partida de domingo frente ao Estoril, da 12.ª jornada

— É a primeira vez que defronta o Estoril. O que pensa deste adversário?

— Será um jogo muito difícil, como sempre, contra uma equipa que está em muito boa forma. Uma equipa que tem muita rotação, podem defender com muitas formas táticas, atacam com muita mobilidade, muito dinâmica e é um jogo que apresentará muitos cenários. Apesar do curto tempo para preparar o jogo, temos uma boa capacidade para reagir. Temos um grupo muito forte e atento para perceber rápido as dinâmicas e espero que defrontemos o Estoril com o espírito certo.

Alan Varela está disponível para a partida?

— Depois do jogo contra o Nice, tivemos dois ou três jogadores com problemas, e claro que ficámos um pouco curtos em termos de opções. É sempre muito difícil de recuperar, mas o departamento médico trabalha arduamente para os recuperar, portanto, vamos avaliá-los esta tarde para saber se podem ir a jogo.

— Se o FC Porto vencer o Estoril será a sua centésima vitória na carreira. Que importância pode ter esse marco?

— É sempre bom vencer. Queremos continuar nessa trajetória daqui para a frente e esperamos que contra o Estoril seja um dia importante para nós.

No jogo com o Nice o Gabri Veiga abdicou de fazer um ‘hat trick’ ao dar a Samu a possibilidade de marcar a grande penalidade do 3-0. O que isso lhe diz sobre o espírito da equipa?

— Queremos que os nossos avançados marquem golos e o Samu é quem marca as grandes penalidades, portanto, o Gabri Veiga respeitou essa ordem e deu a bola ao Samu. É lógico que todos querem marcar, mas a prioridade é sermos uma equipa e o Gabri é um grande exemplo disso, não só pelo gesto nesse jogo, mas pela forma como se comporta e se exibe em campo. É muito importante para a nossa manobra ofensiva e defensiva e temos de continuar assim, com essa forma de estar, com o ADN do FC Porto.

— Disse esta época que Gabri Veiga treinava para atingir uma melhor condição física. Está ao nível que o treinador deseja?

— Está muito próximo. Ainda há uma margem para melhorar, não que ele não esteja a render ao nível que quero, mas porque acredito que tem mais para dar. As minhas expectativas são elevadas e a verdade é que nas últimas semanas está diferente, com pernas fortes e capaz de ser mais decisivo. Não acredito que os jogadores podem ser divididos num parâmetro como físico, depois noutro técnico, e por aí fora, na realidade todos esses fatores trabalham juntos. Se está um pouco melhor fisicamente, isso dá mais frescura nos movimentos técnicos e do ponto de vista mental permite estar mais conectado com o jogo. O Gabri tem trabalhado muito para ficar cada vez melhor. Deixem-me dizer-vos que por vezes ele é mais exigente que eu e tenho que acalmá-lo um pouco no sentido de querer sempre fazer algo mais e melhor. Esse é o segredo do grande momento que vive. Acredito que ainda tem espaço para melhorar, devido à idade, à experiência, especialmente ao seu talento, e do seu perfil distinto.

— Há algumas semanas disse que o FC Porto luta contra tudo e todos. O presidente do FC Porto diz haver muitas armadilhas pelo caminho. Que armadilhas são essas?

— As armadilhas são coisas com as quais não se conta, de outra maneira não seriam armadilhas. São coisas para as quais temos de ter os sistemas em alerta para reagir e encontrar a melhor resposta. Há outras coisas que são infelizmente muito evidentes aos olhos de todos nós: uma é o calendário, até me chateia estar sempre a falar nisso, mas infelizmente continua presente. Estou contente por ter um presidente muito presente na atividade diária do clube, muito próximo, está a fazer o melhor pelo clube e a tentar que a competição seja justa para todos, é para isso que devemos apontar.

Tomás Pérez esteve no Mundial de sub-20. O que precisa de fazer para ter minutos?

— O Tomás está a trabalhar bem. Regressou da seleção sub-20 da Argentina ainda em melhores condições, também pelo facto de ter jogado bastante e pela confiança que o torneio lhe deu. Está a trabalhar com determinação e a puxar por ele mesmo, ainda que esteja um pouco na sombra, neste momento. É um número 6, posição onde é mais complicado dar minutos e oportunidades aos jogadores, mas a sua oportunidade está ao virar da esquina e ele sabe disso. Trabalha para estar pronto quando essa oportunidade chegar.

— Pensa ter as soluções necessárias para atacar este calendário de jogos?

— Quando trabalhamos num grande clube como o FC Porto essa é a rotina. Não temos de nos queixar. Quando assinamos já sabemos que vamos ter mais de 50 jogos por época e temos de preparar os jogadores para estarem expostos a estes cenários e é isso que temos tentado fazer. Os jogadores respondem muito bem em treino e jogo, temos sempre mais corrida do que os adversários por alguns quilómetros de diferença… Mas é evidente que a longo prazo é preciso ter cabeça fresca, pernas frescas, por isso tentamos alguma rotação porque o nosso plantel, na minha opinião, é equilibrado. Temos respondido bem, inclusive às lesões mais graves, de Nehuén Pérez e De Jong, e isto graças à capacidade de adaptação dos futebolistas. Viram o Deniz Gul a dar um passo em frente, Pablo Rosario como sabem dá-nos cinco ou seis posições… Então acredito que podemos continuar, embora o foco esteja sempre no próximo jogo. Em janeiro vamos ver o que é possível fazer, especialmente na defesa. Isso apesar do calendário... Gostávamos de ter o mesmo tratamento dos adversários no calendário, não sendo possível isso ainda nos dá mais motivação.

— Contra o Nice utilizou Deniz Gul na esquerda do ataque. O que achou do seu desempenho?

— Na minha opinião esteve bem, participou e contribuiu para algumas ocasiões da equipa, uma delas resultou mesmo na grande penalidade. Esteve bem com e sem bola, por isso, sim, fiquei contente. Tem que continuar a trabalhar, mas também não excluímos jogar com dois avançados. Em função das necessidades vamos tentar encontrar as melhores soluções.

— Que planos pode ter o FC Porto para os cinco jogadores campeões mundiais pelos sub-17 de Portugal?

— São muito jovens, contudo, a idade não é uma limitação. Para eles é uma oportunidade e sempre dei oportunidades a jovens, até de 16 anos, de terem uma estreia profissional. A curto prazo podem ter a oportunidade de trabalhar connosco durante os próximos meses e no longo prazo alguns deles farão certamente parte da nossa pré-temporada. Terão um tratamento especial com alguns elementos da equipa técnica a trabalharem com eles. Estamos a alinhar as nossas ideias e tentar maximizar o potencial destes jogadores, para benefício do clube, quer desportivamente, quer depois financeiramente.