O pisão não apanhou só Belotti
A equipa de arbitragem da final da Taça de Portugal teve apenas uma falha, mas grave. Não sei se mais grave do que a abordagem de Florentino ou Renato Sanches ao minuto 90+10, mas grave. Um lance ingrato para Luís Godinho, o menos culpado, pelo menos em comparação com o assistente, Pedro Mota, e sobretudo com o VAR, Tiago Martins, que não podia ter deixado passar a bárbara agressão de Matheus Reis a Belotti.
O jogador do Sporting escapou à expulsão, mas não pode agora escapar a um castigo proporcional à deslealdade do gesto para com o colega de profissão. Não foi o primeiro a assumir comportamento tal, seguramente não será o último, mas ainda por cima é reincidente em gestos lamentáveis, que ainda são transformados em argumento de chacota na festa leonina.
É caso para dizer que o pisão não apanhou só Belotti, mas até o presidente do Benfica, dentro do direito à indignação, voltou a deixar que a faceta de adepto levasse a melhor sobre a responsabilidade de líder, tal o tom irritado com que foi visto a discutir as incidências do jogo com o primeiro-ministro, a forma fria e distante como recebeu a sua equipa na tribuna de honra — que abandonou antes de erguida a taça pelo vencedor —, e depois a exaltação com que discursou aos jornalistas na zona mista (sem responder a perguntas), e que levou até para o estacionamento do centro de treinos do Seixal.
Ao jeito do antecessor, Pedro Proença também fugiu às perguntas dos jornalistas, na Conferência Bola Branca, mas entre um vídeo ou outro de apoio a candidatos à presidência de clubes lá arranjará tempo para responder a Rui Costa, que há três meses estava bem mais sorridente, ao lado de Frederico Varandas, na tomada de posse dos órgãos sociais da FPF.
Belotti é que levou um pisão na cabeça, mas não houve dor maior do que a de Di María. O argentino, que tinha feito uma assistência no adeus à Liga, em Braga, foi relegado para o banco no Jamor. Se a aposta em Dahl foi coerente, dentro da estratégia delineada por Lage, fica mais difícil compreender que Di María tenha sido apenas sexta opção a sair do banco, já depois da reviravolta do Sporting no prolongamento. Não foi um atentado ao currículo de Di María, mas sim ao valor que ainda tem, o que levanta interrogações legítimas quanto ao Mundial de Clubes, desde logo, e até à forma como o balneário olhará para Lage.