Mundial Andebol: «Foi a paixão que nos trouxe até aqui»

António Areia, que veste a camisola dos franceses do Tremblay HB desde o início da época, quer levar para casa a medalha de bronze, hoje, às 14hoo frente à França, campeã europeia, e continuar a fazer história

Quase sem tempo para respirar, depois da derrota nas meias-finais com a Dinamarca, Portugal enfrenta, hoje, a França à procura do terceiro lugar no Mundial, que pode acrescentar mais uma página à história dos Heróis do Mar nesta prova.

Um missão complicada, mais uma, frente aos campeões europeus, mas a Seleção Nacional está pronta, garante o ponta-direita António Areia. «Errar contra a Dinamarca não é como errar contra outra seleção qualquer, não é? O preço é muito alto. Sabíamos que não podíamos cometer muitos erros e em todos os erros que cometêssemos íamos sofrer golos. E depois é um bocado no desenrolar do jogo, cometer erros, sofrer golos fáceis entre as ações deles, um guarda-redes excelente... Foi fatal», avaliou o jogador.

Porém, esse desaire já é passado, garante. «Isto não abala em nada o espírito que temos tido durante a competição, os nossos objetivos de ganhar a medalha que tanto desejamos. Estão intactos. Portanto, estamos tranquilos e preparados para jogar com a França, uma velha conhecida», atira.

«Vejo que a Dinamarca, neste momento, está a um nível superior em relação a quase todas as seleções, senão mesmo a todas. A um nível muito superior, mas a França também é um colosso, são campeões europeus!», recorda. «É uma equipa que já ganhou muito, é um grande desafio», considerou. «Se calhar, a única vantagem é que já não é a primeira vez que vivem estes palcos, estes momento decisivos, ao contrário de nós. Conhecemos melhor a França do que conhecíamos a Dinamarca, mas eles também nos conhecem melhor. Temos de saber jogar com com isso. O facto de já lhes termos ganho mais do que uma vez também serve de motivação, porque não ganhámos por acaso e é nesta perspetiva que vamos para cima deles», avisou.

Sem querer fazer grandes contas, António Areia acredita que a chave do encontro pode estar na gestão das emoções. «Neste momento vivemos um período de alegria, mas temos de ter os pés no chão e muita atenção. É preciso gerir emoções e nós somos bons nisso, às vezes, outras nem tanto porque somos um povo muito dado a emoções. Mas quando se joga meias-finais e agora terceiro e quarto lugar é preciso gerir muito bem as emoções. Há muitas coisas que contam, principalmente a experiência que a França tem a jogar nestas fases dos campeonatos e nós não. Não sei falar de probabilidades, mas temos hipóteses», diz sorridente o internacional, que esta época trocou a camisola do FC Porto pela dos franceses do Tremblay HB.

França é recordista em Mundiais
A França quer continuar a aumentar a sua coleção de medalhas no Campeonato do Mundo e, perdida a hipótese de conquistar o ouro ou a prata, o bronze serve para manter esta relação quase inseparável desde 1993, quando conquistou a sua primeira medalha na competição. Desde então, a França só não subiu ao pódio por quatro vezes, tendo conquistado 11 medalhas e tornando-se a equipa mais condecorada da história da competição, com seis títulos — o dobro dos dinamarqueses –, uma medalha de prata e quatro de bronze.

«É um orgulho estar neste grupo. A emoção que temos no jogo, a garra, toda a paixão que temos por este desporto, acho que isso se transmite na forma como jogamos e como lidamos uns com os outros em campo. E a relação que temos cá fora também ajuda bastante. Por isso, acho que é um bocado isto...A união... A paixão, sim, a paixão. Tenho a certeza que foi uma das coisas que nos levou a chegar tão longe neste Mundial», rematou.