Hjulmand, o intocável? O que dizem os números

A conferência de imprensa de José Mourinho no final do Benfica-Sporting, no Estádio da Luz, ficou marcada por algumas palavras do treinador dos encarnados na direção de Morten Hjulmand.

«Foi um jogo bom e competitivo. Um árbitro que cometeu poucos erros. Erros decisivos nem cometeu. Cometeu erros no critério dos cartões amarelos. Não falo do Prestianni, porque é capaz de ser vermelho. Mas nos amarelos, que já estava à espera, há um jogador do Sporting que é intocável. Manda no jogo, faz as faltas que quer e mais uma vez sai do jogo sem amarelo. Relativamente a esse jogador é que há uma dualidade de critérios», disse o setubalense, depois de uma partida em que o médio saiu limpo no que aos cartões diz respeito. Mas será o internacional dinmarquês dos verdes e brancos mesmo intocável? Claro que a subjetividade duma análise deste género é sempre difícil de ultrapassar, as faltas não são iguais e há cartões que nem por falta são, há protestos e outro tipo conduta a avaliar.

Fomos, então, ver os números desde que o capitão dos leões chegou ao clube, no verão de 2023, contratado por 18 milhões aos italianos do Lecce.

De então para cá, Hjulmand foi o jogador da Liga Portugal que mais cartões viu — total de 26 cartões, dos quais 25 amarelos e um vermelho por acumulação, com os números a subirem para 37 cartões quando contabilizadas todas as competições.

Numa comparação com Otamendi, o capitão do Benfica, por exemplo, Hjulmand viu mais cinco cartões. Em 2023/24, o argentino foi amarelado 11 vezes, na época passada quatro e, nesta, já foi admoestado em cinco ocasiões com a cartolina amarela.

Mais um dado e desta época: são três cartões amarelos com 11 faltas cometidas, o que significa que vê cartão a cada 3,7 faltas. Comparando com os médios utilizados na mesma posição por Mourinho no Benfica, Leandro Barreiro tem um amarelo com 11 faltas e Richard Ríos cinco com 27 faltas, vê cartão a cada 5,4 faltas cometidas.

Por outro lado, Hjulmand, como capitão de equipa e interventivo, acaba por pecar nessas intervenções junto dos árbitros, protestos que contribuem também para esta contabilização disciplinar — é o jogador cujos cartões relacionados com lances extra jogo tiveram mais peso (total de 38%) entre todos os que viram 20 ou mais cartões ao longo destas duas épocas e meia.