Corredor galês da INEOS Grenadiers diz que pretendeu uma «efetiva normalidade» depois de uma temporada desgastante (IMAGO)

Geraint Thomas: «Creio que estive bêbado em 12 noites de 14 no último defeso»

Corredor britânico da INEOS Grenadiers aproveitou bem o período de descanso entre temporadas. «Quase não bebemos durante todo o ano, nesta altura deixamo-nos levar. Eu, pelo menos, deixo…», admite o 2.º classificado no Giro 2023

Geraint Thomas teve um final de temporada agridoce. Primeiro, uma Volta a Espanha amarga, em que o corredor galês foi vítima de algumas quedas, mas desde o início da prova distante dos lugares de destaque, terminando-a na modesta 31.ª posição da classificação geral, a quase duas horas do vencedor, o norte-americano Sepp Kuss. 

Todavia, foi também um doce final de época para o corredor, de 37 anos, que viu prolongado o seu contrato com a INEOS Grenadiers por dois anos (2025), em parte por reconhecimento da equipa britânica do excelente Giro de 2023 do seu leal ciclista, em que conquistou o segundo lugar da classificação geral, batido por Primoz Roglic apenas na penúltima etapa, numa crono-escalada que se revelou decisiva.

Na ressaca deste turbilhão de emoções, Geraint Thomas decidiu aproveitar o defeso da temporada, e fê-lo à grande e à britânica, antes de retomar os treinos para 2024, no dia 9 de novembro. Em entrevista ao Sunday Times, o simpático e sempre bem-humorado corredor fez algumas inconfidências sobre o seu período de descanso, em que se deu ao luxo de desfrutar do que definiu como uma «vida normal».

«Honestamente, creio que estive bêbado em 12 das 14 noites neste defeso. Desde que voltei a Cardiff, foi uma loucura. Reencontrar os amigos e estes a convidarem-me para jantar ou simplesmente tomar uns copos num pub. Nós ciclistas profissionais, quase não bebemos durante todo o ano, por isso nesta altura deixamo-nos levar. Eu, pelo menos, deixo…», confidencia o vencedor do Tour em 2018.

«Sou um bom beberrão!»

Thomas revela-se «um bom beberrão», porque precisa «de uma efetiva normalidade» quando não está em época de treino e competição e que foi «ainda mais revitalizador» após uma temporada «desgastante».

«Momentos que permitem, depois, que diga para mim próprio: ‘preciso mesmo de voltar aos treinos, de me reestruturar física e mentalmente. Voltar a focar-me”, explica o simpático galês.

Segundo Geraint Thomas foi, em parte, essa «destruição e reconstrução» que o ajudou a reencontrar-se com os seus melhores momentos esta temporada, principalmente no Giro, a que acrescentam «algumas alterações na alimentação na bicicleta».

«Antes da partida das corridas costumava comer mais, agora como menos. É uma nova abordagem à alimentação em corrida, cujos resultados se viram nos últimos dois anos e permitiu manter-me competitivo», diz.

«Ver Roglic feliz no pódio do Giro, foi…»

Na mesma entrevista, Geraint Thomas não evitou regressar ao tema da última Volta a Itália, em que liderou a classificação geral com consistência até Primoz Roglic superá-lo no contrarrelógio final, na penúltima etapa, apoderando-se definitivamente da camisola rosa. O britânico da INEOS Grenadiers perdeu o Giro nas últimas centenas de metros do Monte Lussari e a frustração foi pesada.

«Naquele momento queria ter estado em qualquer outro lugar, menos ali. Foi uma m****», afirma o Thomas. «Tinha aquela camisola [rosa] há tanto tempo, que depois subir ao pódio final e ver Roglic tão feliz, a comemorar com o filho, foi simplesmente...». 

O natural de Cardiff encontrou algum consolo na vitória do seu amigo Mark Cavendish no dia seguinte, na derradeira etapa da competição. "Vê-lo vencer foi bom e deu um pouco de brilho a um dia bastante difícil», conclui Thomas.