Cláudio Botelho (Estoril): «A final é um justo prémio pelo nosso trabalho»
Menos conhecido no plano mediático mas altamente respeitado na estrutura técnica do Estoril, Cláudio Botelho integra, com orgulho e satisfação, a equipa técnica do emblema da Linha de Cascais como um dos adjuntos de Vasco Seabra e sabe qual é o seu papel. «Aqui na primeira o objetivo é de rendimento, de tentar potenciar estes jogadores ao máximo e continuar a formação deles», assinalou o treinador, que viveu as emoções do histórico apuramento dos canarinhos e confessa ter vibrado com o triunfo desta quarta-feira frente ao Benfica, após desempate por grandes penalidades.
«Foi sem dúvida um justo prémio para o trabalho que nós realizámos. Somos uma equipa técnica que está junta há muito tempo e que trabalha desta forma, que acho que valoriza a ideia de jogo que apresentamos, positiva e ofensiva, e beneficia as capacidades e o desenvolvimento dos nossos jogadores acima de tudo», argumentou Cláudio Botelho, para quem a presença na final valoriza o esforço do Estoril, que para chegar à partida decisiva necessitou de afastar o FC Porto, ainda na fase de grupos, e depois o Benfica, numa emotiva meia final de final four.
«Foi um percurso muito dificultado e meritório, primeiro na fase de grupos, onde defrontámos e vencemos uma equipa com a valia que todos conhecemos como é a do FC Porto, o que nos permitiu defrontar uma equipa também de grande valia, como o é o Benfica. Também tivemos a nossa sorte, não o escondo e também faz parte, mas merecemos a nossa presença nesta final e lutámos muito por isso», destacou.
O apuramento para a final da Taça da Liga, salienta Cláudio Botelho, premeia o coletivismo do plantel, que foi sujeito a uma rotatividade planeada que envolveu jogos de elevado grau de dificuldade como perante dragões e águias.
«As pessoas acham que a nossa opção tem apenas que ver com a condição física, mas no nosso caso não foi só. Achámos que era importante valorizar o trabalho de todos os jogadores, que foi extraordinário», elogiou o treinador, que ainda enalteceu o trabalho de cada elemento, que conduziu a equipa a uma histórica final.
«Desde aqueles que tiverem mais minutos até aqueles que não tiveram menos minutos, todos sabiam da importância do seu papel e desempenharam-no. Todos mereceram competir e contribuíram para o sucesso da equipa», destacou o adjunto de Vasco Seabra, que reconhece que uma eventual conquista do troféu poderia representar um incentivo para a restante temporada na Liga.
No entanto, recusa resignar-se à luta pela manutenção. «Quando falamos com os jogadores, não olhamos para classificações nem objetivos concretos. Focamo-nos no nosso trabalho e em ganhar todos os jogos, apresentando a máxima qualidade. Se o fizermos muitas vezes, como pretendemos, iremos conquistar muitos pontos, e no final faremos as contas», concluiu, ambicioso.
Ajudou a lançar Toti, Chiquinho e Vital…e regressou com Vasco Seabra
Cláudio Botelho tem uma curiosa história para contar, pois já conhecia os cantos à casa...por via de ter trabalhado no clube da Amoreira, nas equipas técnicas das equipas sub-19 e sub-23 até 2019. «Um dos objetivos era nomeadamente o de colocar jogadores aqui na primeira equipa e lembro-me perfeitamente que na altura foi conseguido», recordou, satisfeito.
O treinador, que atualmente é um dos adjuntos de Vasco Seabra, lembrou ter projetado para a equipa principal nomes como Toti Gomes, hoje internacional A por Portugal, Chiquinho, atualmente ao serviço do Famalicão, e Bernardo Vital, com quem se reencontrou na sua chegada à equipa principal. Sobre o camisola 3 do Estoril, com quem já havia trabalhado em 17/18, o técnico revê potencialidades que já lhe havia encontrado há seis anos, quando o conheceu.
«É engraçado porque olho para trás, para há seis anos, e encontro muitas das capacidades que ele hoje tem, que já tinha há seis anos. Em 2018, ele já era capitão de equipa, apesar de ser também júnior de primeiro ano, e já revelava muita capacidade de aprender e qualidade, acima de tudo», relatou Cláudio Botelho que, meia dúzia de anos mais tarde, viu o mesmo Vital apontar o penálti decisivo contra o Benfica, que considera assentar-lhe na perfeição.
«Acho que reflete na perfeição o seu perfil como jogador, de atitude e muita inteligência no jogo, que lhe permitiu ter a maturidade necessária para um momento desses. É uma das suas principais características, é um jogador de caráter e personalidade forte», avaliou.