Benfica: o 14.º lateral-direito da década ataca como Bah e defende como Tomás Araújo

Amar Dedic: dois jogos no Benfica, duas exibições bem consistentes. Na Supertaça, frente ao Sporting, não ficou condicionado por ter visto cartão amarelo logo aos 23’ e andou sempre num sobe e desce constante; na Champions, perante o Nice, continuou atrevido a atacar e seguro a defender, destacando-se ao fazer o passe para Aursnes assistir Ivanovic no 1-0. Tem atacado como Bah e defendido com Tomás Araújo.

Claro que dois jogos são uma amostra minúscula para podermos afirmar que o lugar está ganho pelo bósnio e, sobretudo, que poderá continuar a atacar como o dinamarquês e a defender como o português. Os indícios, porém, são muito positivos.

Com Alexander Bah ainda a recuperar de gravíssima lesão (regresso incerto a médio prazo), Tomás Araújo ainda não a 100 por cento e apostado em ser, sobretudo, opção para o eixo da defesa e Leandro Santos ainda a crescer, Amar Dedic chegou, viu e, para já, está a vencer.

Uma Supertaça Cândido de Oliveira no bolso e presente na jogada que abriu o marcador no Nice-Benfica na quarta-feira.

Os números do lateral bósnio frente ao Nice são bem interessantes. Executou, segundo o site Sofascore, 56 passes, 50 deles com êxito, o que é uma percentagem (89 por cento) superior ao do total da equipa (419/488, ou seja, 86 por cento), sendo que muitos desses passes foram de risco médio/alto. E um deles antecedeu a assistência de Fredrik Aursnes para o golo de Franjo Ivanovic.

Destacou-se também, em zonas defensivas mais interiores, com cortes, alívios e muitos duelos ganhos. Ganhou dois em dois pelo ar (nada mau para quem tem 1,80 metros) e venceu cinco dos nove que travou pelo chão, provando ser, se preciso for, também jogador de algum combate.

Dedic foi contratado ao Salzburgo por €10 milhões, assinou contrato até 2030 e ficou com cláusula de rescisão de €50 milhões. Na época passada, jogou a primeira metade no clube austríaco, somando 25 presenças e seis assistências, e a segunda no Marselha, por empréstimo, no qual esteve em campo 10 vezes e fez um passe para golo.

Amar Dedic é o 14.º lateral-direito utilizado na última década pelos treinadores do Benfica. Houve oito portugueses (André Almeida, Nélson Semedo, Tomás Tavares, João Ferreira, Leandro Santos, Diogo Spencer, Pedro Pereira e Tomás Araújo, o qual, não sendo lateral de raiz, foi dono da posição após a lesão de Bah) e seis estrangeiros (os brasileiros Gilberto e Douglas, o dinamarquês Alexander Bah, o austríaco Valentino Lázaro, o francês Corchia e agora o bósnio Dedic).

A maior parte dos jogadores utilizados como laterais-direito não deixaram saudades entre os benfiquistas, muitos deles porque jogaram muito pouco, casos de Corchia, João Ferreira, Douglas ou Pedro Pereira). Leandro Santos (19 anos) e Diogo Spencer (21) estão ainda em fase de formação.

Excluindo o caso muito particular de Tomás Araújo, jogando muito mas quase sempre fora da sua posição natural, quatro jogadores deram nas vistas nos últimos dez anos: André Almeida com nada menos de 165 jogos neste período, seguido por Gilberto (107), Alexander Bah (103) e Nélson Semedo (47 em apenas uma temporada).

Agora é a vez de Dedic (completará 23 anos a 18 de agosto) assumir a titularidade no lado direito da defesa.