10 momentos que marcaram o futebol português

Protagonista de três dos momentos que a seguir se listam, Ruben Amorim deixou uma marca indelével no nosso futebol em 2024 - com um título indiscutível e uma derrota histórica - só para depois sair e tentar fazer o mesmo em Inglaterra. O Benfica aprendeu com os erros de 2023/24, disse adeus a uma fórmula esgotada e voltou a apostar numa cara que já deu cartas. O FC Porto decidiu dar um rumo ao clube que podia ser esperado, mas não nos moldes em que se verificou (sobretudo após 42 anos disto). Houve também história a escrever nos escalões inferiores, mostrando que, longe dos holofotes, a qualidade também existe no nosso futebol. E os clubes do Minho, cada um à sua maneira, transpuseram a sua luta pelo domínio regional para um contexto nacional e outro internacional.

O primeiro campeão do ano foi o SC Braga, com o triunfo numa final-four da Taça da Liga que teve tanto de memorável como de inesperado. A equipa então orientada por Artur Jorge eliminou o Sporting numa meia-final; na outra, o Benfica foi surpreendido pelo Estoril nos penáltis… que também decidiram a final. Ricardo Horta foi o herói, com um golaço de fora da área que abriu caminho ao título dos minhotos.

Após 42 anos, os associados do FC Porto não tiveram dúvidas do rumo que o seu clube devia tomar: nas eleições de 27 de abril, os mais de 1.300 títulos conquistados com Pinto da Costa ao leme do clube só convenceram 19,5% dos eleitores. Venceu André Villas-Boas, com 80,3% dos votos, que trouxe um novo treinador e uma nova gestão que marcou um virar de página inolvidável no futebol português.

Sem dar hipóteses. Ruben Amorim levou o Sporting ao segundo título em quatro épocas, acabando com 90 pontos (recorde do clube), mais 10 do que o Benfica e tornando-se na primeira equipa a marcar em todas as jornadas (num campeonato com 34 ou mais rondas). Um caminho glorioso, com Gyokeres como cara principal: 29 golos e nove assistências, um rendimento visto raras vezes no nosso campeonato.

A experiência de Roger Schmidt no Benfica não correu bem em 2024: sem troféus ganhos, um empate com o Moreirense (1-1) em agosto ditou o seu despedimento e o regresso de Bruno Lage, que venceu 20 dos primeiros 25 jogos, um rendimento manchado pela derrota com o Sporting a fechar o ano. Mesmo assim, Lage já deu razões aos benfiquistas para acreditarem que a conquista do título ainda é possível.

O jogo marcante do nosso futebol em 2024. O campeão Sporting, com uma liderança inabalável em Ruben Amorim, frente a um FC Porto a passar por uma transição que não conhecia há mais de quatro décadas, com Vítor Bruno a estrear-se como treinador principal. Aos 25’, os leões estavam encaminhados para a goleada. Mas a raça de dragão falou mais alto e protagonizou uma reviravolta épica, de 0-3 para o 4-3 final.

Apenas 19 golos sofridos em 34 jogos. A defesa de betão do Santa Clara trouxe os açorianos de volta à 1.ª divisão, apenas um ano após a descida. Com Vasco Matos ao leme, os açorianos foram bravos, perderam apenas três jogos e repetiram o triunfo de 2001 com o título de campeão. A boa forma passou para esta época, com o Santa Clara a acabar 2024 na 4.ª posição e o rótulo de equipa-sensação da Liga.

Lembra-se de Rashid Yekini, portentoso avançado nigeriano que representou o Vitória de Setúbal nos anos 90? Até 2024, era o único a ser melhor marcador na 1.ª (em 1994) e na 2.ª divisão portuguesa (em 1992 e 1993). Só que Nenê, na sabedoria dos seus 40 anos, igualou esse feito: 15 anos depois de ser o goleador da Liga ao serviço do Nacional, fez o mesmo na Liga 2, agora pelo Aves SAD, marcando 23 golos.

Com um desempenho fantástico na fase de apuramento de campeão – 30 pontos em 14 jogos, com o melhor ataque e a defesa menos batida –, o Alverca venceu a Liga 3 e regressou aos campeonatos profissionais 19 anos depois. Projetou um treinador para a 1.ª Liga – João Pereira, que foi para o Casa Pia – e está a vingar na Liga 2, ocupando a 7.ª posição, agora com Vasco Botelho da Costa ao comando.

«O único clube que queria e que mexeu comigo.» Assim explicou Amorim a saída do Sporting, em novembro, para o Manchester United, que doeu mais a si «do que a qualquer sportinguista». Depois de 16 vitórias em 18 jogos a abrir a época nos leões, tanto estes como Ruben Amorim sofrem com esta mudança drástica que abalou o futebol português. Só o futuro dirá se alguma das partes beneficiou da mesma.

Absolutamente exemplar. O Vitória de Guimarães está a fazer uma época memorável na Liga Conferência e é responsável por praticamente um terço dos pontos amealhados pelas equipas portugueses nas competições europeias. Rui Borges levou a equipa ao 2.º lugar da fase de liga, só atrás do todo-poderoso Chelsea, o que lhe valeu uma mudança para Alvalade. Resta a Daniel Sousa escrever mais história nesta campanha, até agora, memorável.