A BOLA traça-lhe o perfil do homem-forte do futebol que tem uma paixão imensa pelo Sporting e que em tempo de mercado aberto tem papel de relevo. O amor ao leão aliado à eficiência profissional
Bernardo Morais Palmeiro, 41 anos, tem por estes dias um papel relevante no mercado, ou não tivesse ele a partir de fevereiro a direção desportiva dos leões em substituição de Hugo Viana, que partiu para o Manchester City.
A BOLA dá-lhe a conhecer um perfil aprofundado do advogado, pai dedicado de três filhos que ainda não falou desde que assumiu a tarefa para a qual foi nomeado por Frederico Varandas e que foge das fotografias como diabo da cruz.
Casado com uma luso-americana, a paixão de Bernardo pelo clube de Alvalade começou bem cedo, tal como nos relata Miguel Salema Garção, amigo pessoal da família que esteve na estrutura do futebol leonino quando estes conquistaram os títulos de 1999/2000 e 2001/2002, integrando os quadros da SAD nas presidências de Luís Duque e de Miguel Ribeiro Telles. «Conheço-o desde que ele tinha três anos. Sou amigo da família, que lhe passou uma educação repleta de bons valores. O Bernardo sempre teve uma paixão imensa pelo clube, era e é doente pelo clube. Fui eu quem o fiz sócio do Sporting, quando ele tinha sete/oito anos. Levava-o aos jogos mas, também, aos treinos no estádio antigo porque ele queria acompanhar o máximo possível o dia a dia da instituição», conta.
Miguel Salema Garção conhece Bernardo Palmeiro desde que este tinha três anos
É uma convicção. Se no final de 2024 o ainda diretor desportivo dos leões e futuro diretor desportivo do City andou mais por Lisboa do que por Manchester, neste janeiro parece que tem andado tanto por um sítio como pelo outro e a partir de fevereiro creio que andará mais por Inglaterra do que por Portugal. Não sei mesmo se não passará, mais cedo do que o previsto, a tempo inteiro para os ‘citizens’... Este é o ‘Nunca mais é sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo
Bernardo Palmeiro continuou sempre com forte ligação ao clube, prosseguiu os estudos, licenciando-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tirando mestrados em direito fiscal no ISCTE e outro em Gestão, pela Universidade Católica. Começou o percurso profissional pelo escritório de advogados PLMJ em 2006, mas tinha a ambição de estar ligado ao desporto e esse desejo levou-o à Suíça, onde cursou uma pós-graduação em Gestão do Desporto pela AISTS: uma academia fundada na Suíça pelo Comité Olímpico Internacional (COI), em parceria com as universidades de Genebra e de Lausana.
Bernardo Morais Palmeiro marcou presença da no Signal Iduna Park esta terça-feira para assistir à conferência de imprensa de Rui Borges
E foi no COI que teve a sua primeira experiência mais ligada ao desporto, num percurso que prosseguiu na Federação Internacional de Motociclismo, até entrar na FIFA para os comités disciplinares e de boa governança, nos quais conheceu Marc Cavaliero, um advogado suíço especializado em desporto que nos dá a conhecer as principais características de Bernardo Palmeiro. «Tem muita competência e desde o primeiro dia que foi alguém muito correto, preparado, com uma força de persuasão enorme. Antecipa os problemas com uma facilidade incrível, joga na antecipação, e pode-se dizer, em linguagem futebolística, que é um número 10, com uma visão a 360 graus do mundo em todos os sentidos profissionais», relata.
Marc Cavaliero trabalhou com o homem-forte do futebol dos leões na FIFA
E a verdade é que se tivermos em conta este aspeto referenciado pelo causídico suíço, não nos podemos esquecer que bem antes da abertura oficial do mercado, o Sporting, com mão de Palmeiro, vendeu os passes de Quenda e Essugo ao Chelsea e contratou Alisson Santos ao Vitória da Baía e Kochorashvili ao Levante.
AGREGADOR NATO
Após deixar a FIFA, Palmeiro fundou um escritório de advogados exclusivamente dedicado ao desporto, teve a sua primeira experiência no Sporting com Frederico Varandas e Hugo Viana como consultor jurídico, esteve no Rio Ave a assessorar a presidente Alexandrina Cruz e foi consultor autónomo, papel que desempenhou na transferência de João Palhinha do Fulham para o Bayern, no verão passado. «É muito bom negociador e extremamente leal. É um agregador nato e isso vê-se na união que o Sporting demonstrou em campo nos últimos tempos», considera o pai do jogador , que tem o mesmo nome do filho, que dividiu a formação entre o Sacavenense e o leão.
Morais Palmeiro assessorou transferência de João Palhinha para o Bayern
MARC CAVALIERO - antigo membro do Comité disciplinar da FIFA
É extremamente educado, tranquilo, sereno, mesmo em situações de grande stress, mas não tem medo de enfrentar os opositores. Quando exercemos funções na FIFA, muitas vezes, éramos uma equipa de quatro ou cinco representantes do organismo e tínhamos pela frente extensas equipas de advogados dos grandes clubes europeus e ele não se atemorizava e apresentava os seus argumentos com muita clareza e assertividade. Entende tudo em pouco tempo e tem o condão de conseguir guiar com quem ele trabalha rumo ao caminho certo. Trabalha horas seguidas sem problema e fala muitas línguas, o que ajuda.
SALEMA GARÇÃO - antigo diretor de meios da Sporting, SAD
Reconheço-lhe um talento intrínseco no futebol. Tem pela frente um enorme desafio, mas acredito que, com a sua racionalidade, não se vai deixar enredar pela componente emocional, tendo em conta que tem uma ligação afetiva muito grande ao clube. Desde que bem acompanhado pela estrutura do futebol do Sporting, julgo que poderá desenvolver um excelente trabalho, estando à altura do enorme estímulo profissional que vive nesta altura da sua vida. Tem um 'low profile' que é muito adequado ao trabalho que está a desenvolver de momento