Bragança lembra «choque» pós-Amorim e «calma» de Rui Borges que «caiu de chapa»
Daniel Bragança, médio do Sporting, fez um balanço da época em entrevista ao Flashscore, desde o «choque» com a saída de Ruben Amorim para o Man. United, que deixou os jogadores «desamparados», à «chegada na altura certa» de Rui Borges. E destacou também o golo de Eduardo Quaresma frente ao Gil Vicente que lhe devolveu a vida, lançando o clube para o título.
«Com a saída do mister, as coisas começaram a abanar um bocadinho, perdemos dois jogos, andámos um bocadinho a desconfiar de nós, mas conseguimos aguentar o barco e seguimos em frente. A verdade é que as coisas começaram a melhorar outra vez e conseguimos ser campeões», observou, numa primeira análise à saída de Amorim.
«Não me lembro muito de equipas que, a meio da época, fiquem sem treinador por as coisas estarem a correr muito bem. Às vezes, quando as coisas correm mal, vem outro treinador e as coisas começam a correr melhor. Aqui foi diferente: o choque foi outro. Perdemos um treinador que estava cá há cinco épocas, que mudou a história e a vida do Sporting. Foi um choque para nós. Aceitámos e compreendemos», disse.
João Pereira foi o sucessor, sem sucesso. «Ficámos um bocado desemparados, sem saber bem o que estava a acontecer, com dúvidas sobre como seria sem o mister. A verdade é que o mister, depois de tantas saídas importantes no grupo - como o Seba (Coates), o Paulinho, o Adán, que eram capitães - o Neto também... o grupo abanou um bocadinho. E o Amorim, no início do ano, fazia o papel de treinador e de capitão. Nunca sentimos a falta disso até ele sair. Quando vai embora, o grupo abana, e tivemos de puxar mais por nós. O Morten (Hjulmand) foi importante nisso. Acho que nem foi tanto por causa do João Pereira que as coisas começaram a correr mal, acho que o nosso psicológico abanou um bocadinho», defendeu.
Lesões atrás de lesões, perante a vontade de contrariar os acontecimentos, também não foram ajuda. Até que veio Rui Borges: «Tudo começa a ser uma bola de neve. Mas a verdade é que, quando o mister Rui Borges chega, trouxe-nos a calma, serenidade e confiança que o grupo precisava naquele momento. Chegou na hora certa. Não teve uma vida fácil (...) conseguiu superar todas as dificuldades que teve ao cair aqui de chapa e tem muito mérito neste campeonato. Apareceu na altura certa, quando o grupo mais precisava, e as coisas correram muito bem porque ele fez muito bem o trabalho dele e tem muito mérito nesta conquista.»
Entre os momentos importantes da época, não esqueceu o golo de Eduardo Quaresma que garantiu a reviravolta sobre o Gil Vicente, na antepenúltima jornada da Liga: «Varri o camarote todo que estava à minha frente. Nós, que estamos de fora, sofremos o triplo, não há comparação. Foi a primeira vez que estive fora [devido a lesão] a lutar pelo campeonato e a ansiedade e a pressão são maiores. Sofre-se a triplicar, e estou a ser meiguinho. Foi inesquecível. Acho que o Edu devolveu-me a vida naquele momento. Eu já estava pouco crente, mas há jogadores que nasceram para estes momentos e ele nem sabia que tinha nascido para este. A verdade é que nasceu e devolveu-me a vida.»
Sobre a disputa com o Benfica até ao derradeiro jogo, atirou: «Acho que foi dos campeonatos mais renhidos que houve em Portugal. Só se decidiu na última jornada e duas equipas podiam ser campeãs ainda. Claro que podia cair para qualquer lado nesta fase, mas a haver um justo campeão, penso que seríamos — e fomos — nós. Estivemos muito mais vezes na frente, sempre no 1.º lugar, e acho que fomos justos vencedores.»