Soam as sirenes: principais clubes já excedem limite de estrangeiros

Um problema bicudo se coloca neste momento a oito dos 18 clubes da Liga da Arábia Saudita: já têm jogadores de nacionalidades que não a local acima do limite legal permitido no País, o que poderá obrigar Luís Castro (Al Nassr), Jorge Jesus (Al Hilal) e Nuno Espírito Santos (Al Ittifad) à difícil decisão de terem de abrir mão, já, de algumas das estrelas com as quais reforçaram os respetivos plantéis.

Caso a lei em vigor no país não seja alterada – uma possibilidade forte, em cima da mesa… e que motiva o ‘açambarcamento’ de craques contratados a peso de ouro, num êxodo que se iniciou com Cristiano Ronaldo no Al Nassr logo em janeiro -, no campeonato local os clubes apenas podem inscrever oito jogadores de outras nacionalidades que não a saudita, e utilizar sete destes futebolistas no limite.

Uma ‘bota’ por ‘descalçar’ para técnicos e dirigentes, uma vez que oito dos 18 clubes do escalão principal já têm nos seus quadros nove ou mais profissionais de outras nacionalidades que não a saudita.

A solução poderá passar ou por não inscrever os jogadores na liga e ‘encostá-los’ a época inteira na liga local… ou cedê-los a outros mercados. E convirá, neste ponto, recordar que, se por paradoxo os clubes da Arábia Saudita podem inscrever jogadores até 20 de setembro, a janela de transferências em Portugal fecha a 31 de agosto, e em muitos países europeus a 1 de setembro: é o caso de Alemanha, Inglaterra, Países Baixos, França, Itália e Espanha.

Já a Champions da Confederação Asiática de Futebol (AFC, em inglês) permite a utilização de um máximo de seis futebolistas de outras nacionalidades que não a do país do clube… desde que um sexto elemento seja de outra nação inscrita na confederação do continente. Caso não tenham asiáticos (ou australianos, a Austrália compete na Confederação Asiática, recorde-se), o limite de utilização de jogadores de outras nacionalidades na Champions mingua para a mão cheia, cinco no máximo.

 Na vitória sobre Al Shabab Al Ahli por 4-2, esta semana, na fase preliminar, que permitiu ao Al Nassr juntar-se ao Al Hilal, Al Ittifad e Al Fayha como os quatro cludes da Arábia Saudita que irão jogar a fase de grupos Champions asiática em 2023/24, o técnico Luís Castro utilizou o costa-marfinense Konan, o croata Brozovic, o brasileiro Talisca, o congolês Sadio Mané e CR7: cinco jogadores de outras nacionalidades, o máximo permitido neste caso (sem qualquer jogador asiático).

A ‘overdose’ de jogadores estrangeiros em busca de fama e fortuna na Arábia Saudita impressiona, mesmo se nos reportarmos apenas aos quatro clubes que vão disputar a Champions asiática, três deles com as equipas orientadas por técnicos portugueses.

Vejam-se os dez estrangeiros às ordens de Nuno Espírito Santo no campeão saudita Al Ittihad, de Jeddah: um quarteto de brasileiros constituído por Romarinho, Marcelo Grohe, Igor Coronado e Fabinho, o marroquino Abderrazak Hamdallah, os franceses Karim Benzema e N'Golo Kanté, os egípcios Ahmed Hegazi e Tarek Hamed e o extremo português Jota (ex-Celtic, Escócia). Não vai haver lugar para todos.

Já no Al Hilal, Jorge Jesus tem às suas ordens, em oito estrangeiros um trio brasileiro - Michael, Malcom e Neymar. A estes se juntam o senegalês Koulibaly, o guardião marroquinou Bounou, o sul-coreano Jang Hyun-Soo, o avançado sérvio Mitrovic e o médio luso Rúben Neves (ex-Wolverhampton).

No Al-Fayha, às ordens de Vuk Rasovic, militam já oito jogadores de outras nacionalidades que não a saudita: o brasileiro Ricardo Ryller, o espanhol Víctor Ruiz (Espanha), o zambiano Sakala, o bósnio Cimirot, os nigerianos Nwakaeme e Onyekuru e os sérvios Pavkov e Vladimir Stojkovic.

Já Luís Castro, no Al Nassr, tem 12 estrangeiros: além de Cristiano Ronaldo e Anderson Talisca (Brasil, ex-Benfica), recorde-se, tem já à sua disposição nos efetivos Alex Telles (Brasil, ex-FC Porto), Otávio (Portugal, ex-FC Porto), Marcelo Brozovic (Croácia), os costa-marfinenses Fofana e Konan, o senegalês Sadio Mané (Senegal) o argentino Pity Martínez, o guardião colombiano David Ospina e desde este dia também o defesa espanhol Aymeric Laporte.