Ruben Amorim e Bruno Fernandes, reis da Europa
O Manchester United agoniza na Premier League mas continua a convencer na UEFA, com uma campanha na Europa League de fazer inveja. Aliás, é o único clube, dos 108 que entraram nas fases de liga de UEFA Champions League, Europa League e Conference League, sem qualquer derrota na competição — 8 vitórias e 5 empates, 31 golos marcados e 17 sofridos.
Ruben Amorim esteve em 7 dessas vitórias e 2 dos empates e também ainda não perdeu nas competições da UEFA esta temporada, porque do Sporting levava 3 triunfos e 1 empate na Champions.
E apesar do cuidado do treinador português em garantir que a meia-final com o Athletic Bilbao não está resolvida, depois do United ter vencido em Espanha por 3-0, quinta-feira, na primeira mão, é impensável não ver o clube de Manchester na final deste ano, precisamente em Bilbau. Afinal, esta foi a 133.ª vez que, na Liga Europa e na sua antecessora, a Taça UEFA, um clube visitante venceu por três golos ou mais, fora, na primeira mão. Nas 132 anteriores, nenhum foi eliminado.
A adaptação a Casemiro
Os resultados do Manchester United continuam sem convencer na Premier League — 2 empates e 3 derrotas nos últimos 5 jogos —, mas isso resulta da opção assumida por Ruben Amorim de privilegiar a Liga Europa, a única forma de ter acesso à Liga dos Campeões, a qualquer prova europeia, na verdade, na próxima época. Porque as melhorias no futebol dos diabos vermelhos são evidentes, e voltaram a ser notórias em Bilbau.
O que explica, então, a melhoria do United? Em primeiro lugar, Bruno Fernandes, que se encontra em excelente momento de forma. Nos últimos quatro jogos europeus, o capitão só não marcou na visita ao Lyon (2-2), mas fez uma assistência. À qual junta seis golos, três na goleada por 4-1 à Real Sociedad, um na louca reviravolta contra o Lyon (5-4) e dois, anteontem, em Bilbau.
Bruno Fernandes tinha também marcado ao Rangers, na penúltima jornada da fase de liga, e leva então sete golos na Liga Europa, o que já fazem dele o melhor marcador da competição, a par de Hogh (Bodo/Glimt) e El Kaabi (Olympiakos). Mais: com o bis no San Mamés, alcançou Lukaku e já é o terceiro melhor marcador de sempre da competição (contabilizando apenas desde de 2009/2010, quando a Taça UEFA se transformou em Liga Europa), com 27 golos, só atrás de Aubameyang (34) e Radamel Falcao (30). E já agora, é também recordista de assistências, com 18.
Mas tão central como a subida de forma de Bruno será, pelo menos a avaliar pelo jogo de San Mamés, o novo enquadramento de Casemiro. «Foi sensacional, tão disciplinado. Falam em mandá-lo embora, que já não tem pernas, mas não deu um passo em falso», elogiou o antigo central Rio Ferdinand, agora comentador, na TNT.
Ruben Amorim admite que mudou de ideias, e de estratégia, com o brasileiro. «Às vezes o Toby [Collier] estava a jogar à frente dele, mas agora é difícil tirá-lo. Melhorou muito, é uma lição para todos os jogadores do Manchester United. Não interessa o passado, ou o último mês, tudo pode mudar num momento», admitiu o treinador.
O segredo passou por não pôr Casemiro a fazer coisas para as quais (já) não tem perfil: «Percebemos que já não pode saltar sempre para pressionar alto. Por vezes é melhor juntá-lo aos três defesas e ter os alas a pressionar alto, são coisas que vamos compreendendo. Mas o grande mérito é dele.»
E depois, a experiência do brasileiro, mas também de Bruno e Maguire, lembrou Amorim, é valiosa para os mais novos. Foi o caso no ambiente infernal de San Mamés: «Havia gente nervosa, como Dorgu, até Ugarte, apesar de ter mais experiência, e eles acalmaram a equipa.»
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