«Quem vai acreditar em mim?»: julgamento de Dani Alves arranca e eis o que está em causa
Julgamento de Dani Alves. Foto: EPA/ALBERTO ESTEVEZ

«Quem vai acreditar em mim?»: julgamento de Dani Alves arranca e eis o que está em causa

INTERNACIONAL05.02.202407:00

Ex-jogador de Barcelona, Juventus e PSG começa a ser julgado esta segunda-feira por alegada agressão sexual contra mulher de 23 anos em dezembro de 2022

«Não vou fazer uma denúncia, porque... quem vai acreditar em mim?», disse a mulher de 23 anos, em lágrimas, numa conhecida discoteca de Barcelona, onde Dani Alves alegadamente a agrediu sexualmente. Os receios desse dia 30 de dezembro de 2022 desapareceram depois e a jovem convenceu mesmo os investigadores do Ministério Público espanhol desde o instante em que apresentou queixa. O julgamento do ex-jogador vai finalmente começar, pouco mais de um ano após o ocorrido.

A partir desta segunda-feira, e durante três dias, Daniel Alves terá de sentar-se no banco dos réus para responder à acusação. Poucas semanas após o sucedido, recorde-se, o jogador de 40 anos apresentou-se voluntariamente perante a Justiça e foi detido preventivamente. Depois disso, foi dando cinco diferentes versões dos factos, o que pôs em causa a sua credibilidade em relação à da vítima que, desde o primeiro dia, manteve sempre a mesma versão. 

Ao longo deste processo, Daniel Alves mudou de advogados, mas nem assim conseguiu sair da prisão, considerando os magistrados responsáveis pela investigação que existia um sério risco de fuga para o Brasil, país com o qual Espanha não tem acordo de extradição e onde, por exemplo, se refugiou Robinho, julgado e condenado em Itália por um delito similar. 

O Tribunal decidiu que o julgamento do antigo lateral de Barcelona, Juventus, PSG, Sevilha e São Paulo será público, mas com algumas limitações destinadas a proteger a privacidade da vítima, cujas declarações serão realizadas atrás de um biombo, para não ser vista, e com a voz alterada para que não possa ser identificada – também todas as pessoas, incluindo jornalistas, estarão proibidas de fazer qualquer espécie de gravação.

«Não vou fazer uma denúncia, porque... quem vai acreditar em mim?»

A defesa do internacional que somou 126 jogos pelo Brasil procurará que ele seja absolvido, ou que, como mal menor, a pena seja o mais benévola possível, com o argumento de que a relação sexual foi consentida. Nesse sentido, apresentará como atenuantes que o seu representado atuou sob efeito de álcool e que aceita pagar uma indemnização de 150 mil euros.

O Ministério Público exige uma pena de 9 anos de prisão, enquanto a acusação particular vai mais longe, exigindo 12 anos de cadeia, mais 10 de liberdade condicional. A decisão, essa, estará na mão dos juízes, não sendo de excluir que optem por um castigo algo inferior. 

Existe, ainda, a hipótese remota de que o julgamento não venha a efetuar-se. Para que isso aconteça, é necessário que, à última hora, haja entre as partes um acordo no qual Dani Alves deveria reconhecer a sua culpa e aceder a pagar uma indemnização muito mais elevada, o que, para ele, não constitui um problema, dada a sua conhecida solvência económica.