Estoril, 2-Farense, 2 O canário fugiu, mas o leão ainda teve forças para o agarrar
Estoril vencia por 2-0 aos 85 minutos. Tozé Marreco mudou e o Farense melhorou e evitou a derrota. Lance de génio de Rafik Guitane.
Na caça aos pontos, o canário conseguiu voar bem alto atingindo uma altura que se julgava inacessível ao leão. Porém, acabou por cair na esparrela e com mudança de estratégia do predador, acabou por ser caçado.
Neste jogo de sobrevivência, evitaram-se no início. O leão fez as primeiras tentativas por Rony Lopes (2’) e Marco Matias (4’), mas sem perícia. E, por aí se ficaram até António Nobre apitar para o descanso, até porque sempre com muita pressa em soltar-se, sentiu problemas em ligar transições para tentar alvejar o alvo.
Com um bloco defensivo muito baixo o leão algarvio deu a oportunidade ao canário do Estoril, que labutou, mas também sentiu dificuldades em furar a muralha que se ergueu em frente à baliza de Ricardo Velho. Por isso, para tentar fugir ao leão de Faro utilizou arma idêntica e com o mesmo destino: visou de longe, mas sem conseguir soltar-se.
Bem diferente foi depois de ambos descansarem. E para melhor, com o canário a voar com relativa facilidade para uma vantagem de dois golos, contudo a não conseguir travar a fúria do leão, com uma reação positiva e a conseguir agarrá-lo.
Na fuga do canário o génio de Rafik Guitane (50’) foi determinante, quando efetuou uma diagonal da direita para o centro, passando por Artur Jorge, Cláudio Falcão e Tomás Ribeiro para isolar Zanocelo, que ladeou Ricardo Velho e agitar o marcador com a baliza aberta.
O leão nem teve tempo para respirar, já que quatro minutos depois voltou a sofrer novo revés com o segundo golo dos canarinhos. Pedro Carvalho – boa exibição no lugar que tem sido de Wagner Pina – colocou a bola no centro da área, Orellana viu Ricardo Velho defender o remate, mas na recarga e no meio da confusão, Marqués não falhou.
De seguida Tozé Marreco mudou e o leão de Faro ganhou nova vida. O treinador tirou dois centrais e deu mais poder de fogo ao ataque com as entradas de Rui Costa e Elves Baldé e clarividência no miolo com Miguel Menino. E o rei da selva foi mais feroz e ameaçador, pecando apenas na finalização, nas sucessivas oportunidades que foi construindo para tentar agarrar a presa.
Rui Costa (67’) atirou forte com Robles a defender, na recarga Rony Lopes errou o alvo, quando tinha tudo para matar, Miguel Menino (70’) teve um golo anulado, Yusupha Njie atirou ao poste (80’) e com tanto porfiar acabou por ferir e agarrar o canário, por Rui Costa e Miguel Menino, este já nos descontos, premiando o esforço e superação que teve num cenário de (extrema) dificuldade.
Melhor em campo: Rafik Guitane
É com protagonistas com a qualidade do extremo franco-argelino que o futebol é belo. Regressou ao Estoril para voltar a brilhar e neste jogo teve um momento de génio no lance que abriu o marcador, quando numa diagonal passou por três adversários para isolar Zanocelo. Uma jogada digna de ser vista e revista e que elevou a sua enorme qualidade técnica.
O melhor do Farense: Rui Costa
O avançado entrou aos 63 minutos e agitou o ataque dos algarvios e galvanizou-o no assalto final até ao empate. Vejamos: quatro minutos depois de estar em campo já estava a testar os reflexos de Robles, aos 70’ foi desarmado por Pedro Carvalho quando se isolava e aos 85’ fez renascer a esperança da sua equipa com um tiro forte e colocado.
As notas dos jogadores do Estoril: Joel Robles (6), Kévin Boma (5), Félix Bacher (5), Pedro Álvaro (6), Pedro Carvalho (7), Jandro Orellana (6), Holsgrove (5), Pedro Amaral (6), Rafik Guitane (7), Marqués (6), Zanocelo (6), Begraoui 85), André Lacximant (5) e Fabrício Garcia (-)
As notas dos jogadores do Farense: Ricardo Velho (6), Marco Moreno (5), Artur Jorge (5), Tomás Ribeiro (5), Pastor (6), Zé Carlos (5), Cláudio Falcão (5), Poloni (5), Rony Lopes (5), Tomané (6), Marco Matias (5), Miguel Menino (6), Elves Baldé (6), Rui Costa (6), Filipe Soares (5) e Yusupha Njie (6)
A reação dos treinadores
Ian Cathro, treinador do Estoril:
«Mostrámos a qualidade dos nossos jogadores. Nos primeiros 60/70 minutos trabalhamos muito com muita qualidade, posse e dinâmica, vi a equipa a jogar bem. Os últimos 20 minutos são fatores do nosso crescimento e mostrou que ainda não sabemos ganhar. Hoje foi duro, mas temos de aprender. Estamos num processo de crescimento e não é só para esta época é também para a próxima.»
Tozé Marreco, treinador do Farense:
«1.ª parte dividida sem grandes ocasiões de golos. Depois uma reentrada que tem sido recorrente da nossa parte, que nos tem penalizado e sofremos dois golos em quatro minutos, que nos abanou muito. Depois reagimos com caráter enorme e não fizemos mais golos e se calhar não virámos o resultado, porque o jogo não durou mais quatro ou cinco minutos. Fica o caráter da reação e o ponto somado.»