Azuis e brancos não dão qualquer sinal de crescimento no futebol praticado e em Braga a exibição foi paupérrima. Modelo deixa os jogadores desconfortáveis em campo e ainda à procura de um fio condutor
Na projeção do encontro com o SC Braga, Martín Anselmi perspetivou que a matriz de jogo do FC Porto ia ser mais visível tendo em conta o facto de ter agora semanas limpas para trabalhar e colocar em prática no Olival a implementação ao mais ínfimo pormenor do modelo que preconiza para terminar a época com sucesso desportivo. A verdade, a avaliar pela exibição paupérrima que a equipa rubricou em Braga onde perdeu três pontos precisos na luta pelo título — que passou a ser uma autêntica miragem —, é que os dragões não dão qualquer sinal de evolução no seu processo evolutivo, com a equipa sempre sem um fio condutor em campo, sem ideias e, acima de tudo, muito afastada da baliza contrária, como atesta o facto de na segunda parte não ter um remate enquadrado.
Martín Anselmi aceitou um enorme desafio ao suceder a Vítor Bruno no comando técnico dos dragões, mas se ao nível da comunicação sente-se como peixe na água no jogo falado com os jornalistas, já no que diz respeito ao trabalho de campo continua sem conduzir os dragões ao tão desejado sucesso. Obviamente que é preciso tempo para solidificar a sua metodologia de trabalho, ainda para mais tendo um plantel carenciado de matéria-prima qualificada, mas também não é menos verdade que sente-se amiúde que os jogadores não sabem o que fazer em campo, parecem desconfortáveis e até meio perdidos, tolhidos de ideias para que a equipa tenha um rendimento regular em toda a partida.
Na hora da verdade, as soluções encontradas pelo português, apesar de ter um banco mais pobre, superaram as do argentino, que com mais alternativas acabou a jogar de pontapé para a frente, à procura de um milagre
Mais do que a derrota em Braga, gritante foi a ausência de um pensamento coletivo que levasse o FC Porto até pelo menos o golo do empate. Salta à vista desarmada o facto de este sistema não beneficiar Samu, sempre muito distante do golo, à procura de bola na zona de meio-campo e quando chega à área contrária nunca é servido a preceito e, quando o é, não tem o discernimento necessário para fazer aquilo que tão bem fez no início de temporada, ou seja, encostar para golo.
Eborense Luís Godinho esteve bem no lance capital na área do SC Braga
O cenário que encontrou no Dragão não foi o mais favorável, mas Martín Anselmi predispôs-se a ultrapassar a crise de confiança e de resultados que teima em se afastar do universo azul e branco. O argentino prometeu uma luta pelo título até ao fim, pois essa é a exigência do clube e sua, mas o FC Porto terá de mudar radicalmente nos próximos jogos para acabar 2024/2025 com a maior dignidade possível e para isso é necessário mudar em muitos aspetos. Já se percebeu que o treinador manter-se-á fiel às suas ideias até ao fim, mas tem de encontrar novas soluções para que a matriz de jogo que tanto idealiza tenha resultados práticos. E até ao momento isso ainda não se verificou...
Pior pontuação desde 2013/2014
Com a derrota averbada em Braga por 1-0, com um golo de Ricardo Horta, o FC Porto termina a 25ª jornada com o pior registo pontual desde 2013/2014. Nessa temporada, os portistas somavam 49 pontos no campeonato após 25 rondas, menos um do que aqueles que amealharam na atual edição (50). Tal como nesta época, também então o FC Porto registou uma mudança no comando técnico, tendo Paulo Fonseca começado a temporada ao leme, antes de ser rendido por Luís Castro na 22ª jornada. Em 2013/2014, os portistas terminaram a Liga no terceiro lugar, a 13 pontos do campeão Benfica. Segue-se, no sábado, pelas 18 horas, uma receção ao Aves SAD, na qual os dragões pretendem retomar o trilho das vitórias e associar a isso uma boa exibição...