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«Hoje em dia vão treinadores para a Premier League que eu nem sei o nome»
A preparar mais uma pré-época ao serviço do Fenerbahçe no Algarve, José Mourinho aproveitou para dar uma entrevista ao Canal 11 e abordou a mudança no futebol ao longo dos últimos 25 anos, altura em que começou a sua carreira de treinador, mas primeiro começou por garantir que não vê hora de parar.
«O que é me alimenta? Quero ganhar o próximo jogo, gosto muito daquilo que faço. Não consigo encontrar nenhum motivo para não continuar, para não me sentir jovem. Depois tenho uma família que me continua a motivar, a dizer que ainda tenho muito pela frente e a fazer. Não consigo encontrar nenhuma diferença entre o Mourinho que começou há 20 e tal anos e o de hoje, a maneira como preparo épocas, treinos, como vivo os treinos, tento criar empatias com aqueles que trabalham comigo. Não consigo encontrar nenhuma diferença. É que nem consigo vislumbrar o dia em que vou dizer ‘olha, está para chegar, vou fazer mais 5, 10 dez’, não consigo», começou por dizer, garantindo que os dias de hoje são mais complicados para um treinador.
«Hoje é mais difícil ser treinador. É mais difícil numas, é mais fácil noutras. O jogo mudou, é diferente ao nível do treino, a especialização das equipas técnicas. No início dizia que o treinador já era um gestor, imagina agora. A educação desportiva da parte dos jogadores, os media… A coisa mais importante de hoje é ter um PR de altíssimo nível, porque o mundo vive de perceções. Antigamente era quem ganha mais é o melhor, agora não é isso. Agora é o que cria mais perceções é o melhor», explicou, elaborando essa ideia e dando exemplos.
«Eu fui para a Premier League, em 2004, campeão europeu, e nesse ano só foram dois treinadores estrangeiros para a Premier League: eu e o vencedor da Taça UEFA, Benítez ganhou com o Valência e vai para o Liverpool, eu ganho com o FC Porto e vou para o Chelsea. Hoje em dia vão treinadores para Premier League que eu nem sei o nome, e não estou a dizer de um modo desrespeitoso, é verdadeiramente a realidade. Há treinadores que são escolhidos em base de datas, números, números não de vitórias. Criam-se perceções e hoje vende-se a grande ideia de que, mais importante do que ganhar, é jogar assim, é parecer assado… a esse nível as coisas mudaram radicalmente», atirou, admitindo que a época de estreia na Turquia não correu de feição.
«Pressão para ganhar aqui? Isso a culpa é minha, não é de mais ninguém. Como ganhei muitas vezes, não ganhei no Tottenham tive pouco tempo, mas cheguei a uma final que depois não me deixaram jogar, fui despedido dois dias antes. Na Roma ganhei e fui a uma segunda final europeia, o Fenerbahçe é verdadeiramente o primeiro clube onde eu estou uma época inteira sem conseguir nem jogar uma final nem ganhar um título», afirmou.