Como é jogar em Taiwan?

Taiwan Como é jogar em Taiwan?

INTERNACIONAL25.04.202013:35

Bielorrússia, Tajiquistão, Nicarágua e Burundi (entretanto suspenso devido a eleições) eram as exceções num mundo em que o Covid-19 parou todo o futebol. A estes juntou-se Taiwan, mas com a particularidade de a liga ter apenas começado e do governo não ter cancelado o desporto. Assim, basebol, basquetebol e futebol estão em competição naquela ilha ao largo da China, fora do domínio chinês desde 1949.


Os jogos são todos à porta fechada, onde apenas estão autorizados a entrar, além de jogadores e árbitros, treinadores, elementos da equipa técnica e pessoas consideradas imprescindíveis para a realização do jogo. O campeonato foi criado apenas em 2017, e está na segunda jornada e começou na semana passada, com os jogos a serem transmitidos no YouTube. 12 mil pessoas viram em direto em Taiwan Tatung-Taipower, este último com uma equipa constituída apenas por jogadores locais. O campeonato é constituído apenas por oito equipas, jogado a três voltas. O vencedor tem acesso à Liga dos Campeões Asiáticos.

Uma pesquisa pelas equipas deu para constatar que a liga tem poucos estrangeiros e que a constituição de plantéis varia de site para site. Talvez curioso, um dos países que mais futebolistas exportou para Taiwan foi as Honduras.

Entra-se em contacto com Elias Argueta pela internet, com sete horas de diferença entre Lisboa e Taiwan. Está a jogar no Taiwan Tatung, tricampeão de Taiwan, agora à procura do tetracampeonato. «Vim para Taiwan com 18 anos para jogar e estudar se fosse possível. Estudei Gestão e Tecnologias, mas agora só jogo a tempo inteiro, não estudo», diz-nos Elias Argueta, 29 anos, médio do Tatung.

Quando surgiram os primeiros casos na ilha, o governo não fechou espaço aéreo, nem ordenou quarentena, mas os habitantes passaram a cumprir regras de distanciamento e o uso de máscara passou a ser obrigatório.

«O Covid esta controlado por aqui. Tivemos poucos casos, menos de 400 até ao dia de hoje [à data da entrevista]. Há seis mortos. Mas continuam muitas pessoas em quarentena, estão a manter o controlo e estão a fazê-lo bem», refere Elias Argueta. O controlo alastrou ao desporto, sobretudo ao futebol. O médio hondurenho admite algum receio por estar a jogar, mas confia nas autoridades.

«Medo a jogar? Claro, nunca se sabe. Os jogadores estão a ter a temperatura medida, as mãos desinfetadas. Toda a gente no estádio anda com máscaras. Quem não estiver ligado à estrutura da equipa, não entra no estádio. Tenho um pouco de medo, mas confio nas autoridades de saúde. Temos que confiar. Se não dissessem para parar de jogar, então não temos porque parar. Temos precauções naturais, de manter a distância entre as pessoas nas ruas», explica o jogador do Tatung.

Todos os jogadores e demais elementos são testados. Se algum jogador testar positivo para o Covid-19, o campeonato é automaticamente suspenso por 14 dias.


«Ser jogador num dos quatro campeonatos abertos no mundo é divertido. Há uns dias falava com colegas meus que argentinos estavam a perguntar como é a liga. Ninguém prestava atenção à liga de Taiwan no mundo e agora as pessoas sabem que há futebol em Taiwan. Toda a gente gosta de ver Inglaterra, Espanha e Itália e agora há uma percentagem de gente que está a ter atenção à nossa liga», confessa Elias Argueta. 

Leia na íntegra na edição impressa ou digital de A BOLA