Benfica: Reforços, mas pouco
A grande diferença na Luz: jogadores que chegaram na época passada tiveram impacto imediato, nesta época o balanço é negativo; investimento foi quase o mesmo: €70 milhões
Quando foi recentemente questionado sobre o motivo de o Benfica ter feito, esta época, uma Liga dos Campeões muito abaixo da temporada anterior, Roger Schmidt foi muito claro: os jogadores que chegaram para preencher as vagas deixadas em aberto por elementos nucleares que saíram ainda estão longe de atingirem o ponto.
Além de Grimaldo e Gonçalo Ramos, o treinador das águias voltou a colocar o nome de Enzo Fernández na equação, apesar de o argentino ter saído em janeiro para o Chelsea. «É bom não esquecer o nome dele», enfatizou Schmidt, que na segunda metade da temporada anterior fez de Chiquinho protagonista, mas relegou-o este ano para um posto inferior.
Os registos conferem, mas levam a questão para outro nível, nomeadamente a capacidade decisória na hora de escolher reforços. De um ano para o outro é grande a diferença entre o que cada novo jogador deu à equipa em ano de estreia, e praticamente com o mesmo nível de investimento.
Enzo e Aursnes
Em 2022/2023 o contributo dos reforços do mercado de verão foi decisivo para a conquista do título e de uma Liga dos Campeões de bom nível. Com perto de €70 milhões gastos, quatro dos nove reforços tiveram um impacto tremendo e ainda um quinto (Musa) revelou ótimo desempenho a partir do banco.
Enzo Fernández e Aursnes foram indiscutivelmente os que mais acrescentaram do ponto de vista da influência, cujas estatísticas não traduzem a real importância de ambos, principalmente no caso do norueguês — três golos e três assistências; o argentino fez quatro golos e seis assistências.
Imediatamente abaixo na escala de sucesso (ver quadro) surgiu o caso de caso de David Neres, um abre-latas em tantos jogos, autor de 12 golos e 15 assistências (muito longe). Menos exuberante, mas ainda assim importante foi o desempenho de Alexander Bah, lateral que fez seis assistências e marcou um golo. Um balanço foi claramente positivo e disfarçou os insucessos de João Victor, Draxler e Ristic.
€34 milhões sem retorno
Em 2023/2024 a história tem sido outra. A relação rendimento/investimento caiu drasticamente, porque dos novos jogadores apenas dois se destacaram e mesmo assim de forma oscilante: Trubin começou mal mas recuperou e estabilizou (tem melhor média de golos sofridos que Vlachodimos, 0,66 vs. 0,72), Di María iniciou bem mas começou a baixar de forma.
Muito melhor, ainda assim, que os casos gritantes de Jurásek e Arthur Cabral: €34 milhões ainda sem retorno.