Dérbi lisboeta aquece fora das quatro linhas na reta final da Liga
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Foto: IMAGO

Análise A BOLA: Sporting com mais razões de queixa da arbitragem do que o Benfica

NACIONAL14.04.202520:56

Leões e águias em luta acesa pelo título e com a arbitragem em foco nas últimas semanas. Veja aqui todas as análises do especialista Duarte Gomes desde o arranque do campeonato

Está quente, bem quente, a luta pelo título de campeão nacional. Se parecia que o Benfica tinha ganho uma vantagem importante após a jornada transata, tudo voltou a mudar nesta ronda, em que as águias escorregaram na Luz com o Arouca. (2-2).

O jogo ficou marcado por nova polémica em torno da arbitragem, com muitas queixas dos encarnados em relação ao penálti assinalado a favor dos lobos da serra da Freita, que esteve na origem do comunicado oficial do Benfica, no qual as águias tecem duras críticas não só ao trabalho da equipa de arbitragem liderada por António Nobre, como também ao desempenho do juiz Cláudio Pereira (e do VAR Hélder Malheiro) na vitória magra do Sporting nos Açores (1-0), na véspera.

Face à jornada marcada pela controvérsia, A BOLA decidiu passar a pente fino os casos de maior polémica desde a jornada inaugural do campeonato (em relação apenas às partidas em que participaram Benfica ou Sporting), tendo por base as análises dos especialistas de arbitragem Duarte Gomes e, também nas rondas mais recentes, de Pedro Henriques. Eis as conclusões a que chegámos.

O comparativo entre Sporting e Benfica

Jornada a jornada e os jogos de maior polémica

Depois de duas jornadas inaugurais sem polémicas de relevo, logo a ronda 3 da Liga trouxe alguns lances controversos: na vitória gorda dos leões (5-0) em Faro, houve um penálti mal marcado a favorecer o conjunto (ainda) orientado por Ruben Amorim e uma expulsão por assinalar para Cláudio Falcão (Farense), na leitura de Duarte Gomes. A receção dos encarnados ao Estrela da Amadora (1-0) também não terminou sem polémica: Álvaro Carreras devia ter visto o segundo cartão amarelo, ainda no primeiro tempo.

A jornada seguinte, em que o Sporting bateu o FC Porto no clássico de Alvalade (2-0), ficou marcada pelo empate do Benfica de Roger Schmidt - o alemão foi despedido após este resultado - em Moreira de Cónegos (1-1). Os encarnados beneficiaram de um erro de análise de arbitragem, considerou Duarte Gomes, já que Marcos Leonardo tocou na bola com o braço antes de ser carregado em falta dentro da área. O penálti não deveria, portanto, ter sido assinalado depois da infração do avançado benfiquista. O único golo das águias nesse desafio surgiu da marcação da referida grande penalidade, que resgatou um ponto na casa do Moreirense.

A equipa de arbitragem interpretou que a interceção de Marcos Leonardo (momentos antes do penálti) foi legal, em função da circunstância em que se encontrava. Compreendemos a análise, mas temos opinião diferente: houve "demasiado braço" do avançado brasileiro (estava bem fora do corpo, aberto, quase na horizontal, intercetando/dominando a bola em lance que se relevou profícuo para a sua equipa). Foi através dessa volumetria notória que o atleta ganhou vantagem clara na jogada. Ficou por assinalar falta atacante em momento relevante do encontro.

A 5.ª ronda teve casos, mas os erros de análise acabaram por não ter influência direta nos resultados: Sporting e Benfica venceram de forma confortável, respetivamente, Arouca (3-0) e Santa Clara (4-1). No duelo na serra da Freita, terá ficado por marcar um penálti a favor dos leões, enquanto na receção do emblema da Luz aos açorianos houve uma falta de Otamendi antes do golo que permitiu aos encarnados chegar ao empate, assinado por Akturkoglu.

Nova jornada, novos erros de arbitragem, mas mais uma vez sem peso nos triunfos seguros dos rivais lisboetas. Ficou por assinalar um penálti a favor do clube de Alvalade frente ao Aves SAD (3-0) e ainda uma expulsão (por acumulação de amarelos) para o defesa Baptiste Roux. O Benfica também teve razões de queixa, com Gustavo Correia a não marcar uma grande penalidade a favor da turma de Bruno Lage à passagem dos 72 minutos.

Duas jornadas sem erros de grande relevância depois, na ronda 9 da Liga, leões e águias voltaram a cumprir a sua parte (3-0 ao Famalicão e 5-0 ao Rio Ave, respetivamente), embora tenha havido, na opinião do especialista de arbitragem de A BOLA, lances mal ajuízados nos dois encontros. No duelo no Minho, ficou por marcar um catigo máximo para cada lado, enquanto na Luz o defesa dos vila-condenses Jonathan Panzo devia ter ido para a rua nos minutos iniciais.

Na jornada 11 houve clássico histórico no Estádio da Luz, com o Benfica a atropelar o FC Porto por 4-1. Na visão de Duarte Gomes, Alan Varela devia ter sido expulso aos 81 minutos. No triunfo leonino em Braga (4-2), no jogo que marcou a despedida de Ruben Amorim do Sporting, não houve casos de relevo a assinalar.

Seguiu-se uma das jornadas em que a arbitragem fez correr mais tinta. Na ronda 12 do campeonato, o Sporting perdeu o estatuto de invencível (tinha vencido os primeiros 11 jogos), em Alvalade, ante o Santa Clara (0-1), na estreia de João Pereira no principal escalão. No desafio com os açorianos, Duarte Gomes considera que ficaram por assinalar duas grandes penalidades a favor dos verdes e brancos: uma sobre Geny Catamo, aos 16', e outra cometida por Safira, que tocou na bola com o braço. O Benfica passou em Arouca (2-0), num embate também marcado por lances mal ajuizados, segundo o antigo árbitro internacional. Otamendi derrubou Ivo Rodrigues na área, mas nem Luís Godinho nem o VAR viram o pisão do argentino. No segundo tempo, Chico Lamba devia ter visto o segundo amarelo e consequente expulsão.

Nas três rondas seguintes houve novos casos: na derrota do Sporting em Moreira de Cónegos (1-2), Marcelo podia ter visto o vermelho no penálti que cometeu sobre Gyokeres; na igualdade dos encarnados nas Aves (1-1) ficou por marcar um castigo máximo para os homens da casa e na ronda 15, no empate leonino em Barcelos (0-0), houve celeuma em torno de um lance que envolveu Debast, com a bola a terminar no fundo das redes mas o lance já tinha sido invalidado.

Cinco jornadas depois, na 21.ª, a arbitragem voltou a ser central na discussão, nomeadamente após o quentinho clássico no Dragão entre FC Porto e Sporting, que terminou empatado (1-1). Os leões queixam-se de um penálti não assinalado sobre Quenda já nos descontos. Na leitura de Duarte Gomes, bem como na opinião de Pedro Henriques, João Pinheiro devia ter marcado a infração de Zé Pedro sobre o jovem dos verdes e brancos na área portista. Duarte Gomes considera ainda que as expulsões de Matheus Reis e de Diomande foram exageradas. Já na receção do Benfica ao Moreirense, Florentino intercetou a bola com o braço esquerdo no interior da área, aos 90'. Ficou por assinalar o castigo máximo para os cónegos, num duelo ganho pela margem mínima pelos encarnados (3-2).

Pedro Henriques aponta erro à arbitragem de João Pinheiro no FC Porto-Sporting
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Equipa de futsal festeja golo de Eduardo Quaresma
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Na 22.ª ronda, o Sporting marcou de forma irregular o golo do empate frente ao Arouca, num embate que terminou empatado a duas bolas.

Erro da equipa de arbitragem, em particular do videoárbitro, que dispunha de imagens suficientes para dissipar quaisquer dúvidas: o Sporting empatou por intermédio de Conrad Harder, mas na sequência de infração anterior de Gonçalo Inácio sobre Henrique Araújo. O central português empurrou as costas do avançado madeirense de forma muito clara (com a mão esquerda).

Novos casos polémicos nas jornadas 23 e 24, ambos em jogos da formação de Rui Borges. Na Vila das Aves (2-2), Diomande devia ter visto o vermelho direto aos 63 minutos, por agressão. Nesse encontro, o golo de Gyokeres aos 33' foi ilegal.

Bom lance para explicar o protocolo. A fase de ataque que resultou na finalização do avançado sueco foi legal, ou seja, desde que a bola partiu dos centrais do Sporting (no seu próprio meio-campo) até chegar ao fundo da baliza de Ochoa, não houve irregularidade. Mas a verdade é que, momentos antes, Fresneda jogou a bola estando em fora de jogo e essa infração não foi assinalada. Na prática, a posse de bola foi sempre da equipa lisboeta e o golo aconteceu 24 segundos depois. Moral da história: o VAR nunca podia intervir (visto tratar-se de jogada anterior), mas isso não anula a existência de uma ilegalidade, que aconteceu pouco antes do golo e sem que a equipa adversária entretanto tivesse tocado/jogado a bola.

Na vitória leonina frente ao Estoril (3-1) foi Xeka quem devia ter ido para os balneários mais cedo, à passagem dos 50'.

Na ronda 26 rebentou nova polémica, e desta vez nos dois jogos dos rivais. Em Alvalade, contra o Famalicão (3-1), devia ter sido marcado penálti sobre Maxi Araújo, aos 13', mas a grande penalidade assinalada sobre o uruguaio na etapa complementar não foi bem ajuízada. Nos Arcos (3-2), os benfiquistas queixaram-se (com razão, segundo Duarte Gomes), de um castigo máximo não assinalado sobre Amdouni, enquanto no segundo tempo havia uma falta de António Silva sobre Clayton, que escapou ao árbitro, na jogada que antecede o penálti sobre Pavlidis.

Na jornada seguinte, ficou por marcar uma expulsão para o Estrela da Amadora frente ao Sporting (a Alan Ruiz), enquanto no Estádio da Luz António Silva sofreu falta na área, diante do Farense (3-2), e o juiz nada assinalou.

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A jornada de clássicos entre FC Porto e Benfica (1-4) e entre Sporting e SC Braga (1-1) não levantou muitas ondas em termos de polémicas com a arbitragem, o que nos leva à ronda que terminou no passado fim de semana. Na opinião de Duarte Gomes e de Pedro Henriques, as águias têm razões de queixa no empate amargo em casa com os arouquenses (2-2), já que a grande penalidade que favoreceu a equipa de Vasco Seabra foi mal assinalada. Já na visita dos leões aos Açores (1-0), Eduardo Quaresma cometeu falta na área sobre Matheus Pereira, aos 11 minutos, uma infração que nem o árbitro nem o VAR descortinaram.

Antigo árbitro analisa lance entre Eduardo Quaresma e Matheus Pereira, logo na fase inicial do encontro
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Os comunicados e reações oficiais dos rivais lisboetas

Na 2.ª Circular o primeiro ataque oficial à arbitragem esta temporada, no que diz respeito ao futebol masculino, teve lugar depois do Aves SAD-Sporting, em fevereiro. As águias contestaram a legalidade dos dois golos dos leões e consideram que Diomande deveria ter visto cartão vermelho direto. Frederico Varandas reagiu ao comunicado das águias no dia seguinte. «Em relação ao comunicado do Benfica, é o modo normal do nosso rival: atirar areia para os olhos das pessoas e achar que todos são estúpidos», atirou à margem da tomada de posse de Pedro Proença na FPF.

O segundo e último comunicado do Benfica veio, como se sabe, esta semana, depois das controvérsias nos Açores e na Luz. O Sporting, refira-se, ainda não reagiu a polémicas, pelo menos de forma oficial, mas Varandas deixou fortes críticas à arbitragem quando deu uma entrevista ao canal oficial do Sporting, a 21 de fevereiro.

Conclusão e números

Feitas as contas e analisados todos os lances mal ajuizados, na opinião dos especialistas de arbitragem de A BOLA, ao longo das 29 jornadas da Liga até ao momento, conclui-se que é o Sporting quem tem mais razões de queixa. Segundo os dados recolhidos, os leões terão sido prejudicados em 14 lances na presente edição do campeonato, enquanto o Benfica pode queixar-se de sete erros em seu dispêndio.

No que toca aos lances em que foram beneficiados, contam-se, também segundo as análises de Duarte Gomes, sete erros a favor das águias e oito em benefício dos leões.

Não há margem de erro nesta fase em que tudo se vai decidir e as semanas que antecedem o dérbi eterno que vai (ao que tudo indica) definir o campeão vão aquecer ainda mais a luta pelo trono do campeonato. Descubra nos próximos episódios do futebol português...

Sugestão de vídeo:

A leitura do especialista de arbitragem de A BOLA sobre o lance entre Otamendi e Jason, que deu o 1-1 ao Arouca na Luz
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