Opinião de Duarte Gomes Florentino fez penálti no Benfica-Moreirense
'O poder da palavra' é o espaço de opinião semanal de Duarte Gomes, antigo árbitro
No sábado, o Benfica recebeu o Moreirense para a 21.ª jornada da Liga. À passagem do minuto 90, um lance muito contestado pelos forasteiros não foi sancionado pela equipa de arbitragem: um cruzamento da esquerda de Joel Jorquera foi intercetado pelo corpo/braço esquerdo de Florentino, em ação dentro da área da equipa da casa. Na minha opinião e tendo em conta as poucas imagens que a transmissão forneceu, não foi possível determinar que a ação do médio tenha sido irregular. Pelo contrário. O que se viu foi um corte atabalhoado, com o corpo apanhado em posição pouco ortodoxa face à trajetória da bola, tendo o jogador encarnado os braços ao longo do corpo, logo sem volumetria evitável/anormal. Aparentemente tudo legal.
No entanto, imagens colocadas a circular nas redes sociais no dia seguinte (não oficiais, porque filmadas das bancadas) mostraram uma realidade diferente: de facto, Florentino não tinha os braços em posição de risco, ou seja, com volume desnecessário, mas movimentou o esquerdo na direção da bola, estancando assim a sua trajetória. Se essas imagens forem fidedignas, então é claro que o lance foi mesmo irregular e devia ter sido sancionado com pontapé de penálti favorável ao Moreirense. É quase certo que a equipa de videoarbitragem não teve acesso a imagens com essa perspetiva e detalhe, caso contrário teria tomado a decisão expectável.
Historicamente não é a primeira nem a segunda vez que lances de jogo são reanalisados em funções de imagens facultadas à posteriori. Imagens que, em boa verdade, acabam por ilibar ou condenar decisões iniciais.
A mais notória aconteceu no Mundial de 1998, num célebre Brasil-Noruega. Os canarinhos entraram em campo já apurados para os oitavos de final, mas a seleção adversária ainda lutava por uma vaga. O jogo caminhava empatado para o fim (1-1), quando o norte-americano Esse Bahamast assinalou pontapé de penálti favorável aos noruegueses por alegada falta de Júnior Baiano sobre Flo.
As várias repetições do lance provaram não ter havido infração do brasileiro. O Brasil acabou por perder o jogo e o assunto tornou-se escândalo internacional devido a um penálti inventado por um árbitro apelidado de sem experiência nem categoria.
Numa era em que a internet ainda dava os primeiros passos, tudo indicava que Bahamast (mais tarde dirigente de topo da arbitragem mundial) tinha cometido erro épico, daqueles que marcam e definem carreiras. No entanto, dois dias depois e já com o norte-americano morto e enterrado, uma televisão sueca mostrou o que ninguém tinha visto: uma imagem filmada de ângulo diferente, em que era claro e inequívoco o agarrão de Baiano a Flo. Afinal, o castigo máximo tinha sido bem assinalado. Afinal, a decisão tinha sido acertada. Afinal, o árbitro já não era corrupto, ladrão ou amigo dos noruegueses.
A verdade é que, cada vez mais, o futebol vive tempos sui generis. A análise de lances, por exemplo, mais do que depender de opiniões pessoais dadas em cima das provas que existem, assenta sobretudo nos meios e condições que permitem a sua avaliação. Uma ou duas câmaras posicionadas no ângulo certo, a gravar o momento adequado ou a focar na parte do corpo que importa, podem fazer toda a diferença. Num universo assim, tão entregue ao detalhe de zooms salvadores (ou comprometedores), o que é hoje verdade absoluta pode amanhã ser uma mentira patética. É estranho, mas ao menos é igual para todos. Vá lá.
Eleições FPF
Da próxima vez que escrever neste espaço de opinião semanal — de hoje a uma semana —, uma nova equipa diretiva estará a tomar posse na sede da Federação Portuguesa de Futebol, em Oeiras. As eleições desta sexta-feira ditarão quem serão os órgãos sociais que passarão a dirigir o futebol em Portugal. A escolha parece-me muito fácil de fazer, no entanto são os votos que contam. Ganha quem tiver, no mínimo, 43. É esse o número que faz toda a diferença.
O mais importante é que a modalidade fique a ganhar em competência, experiência e vontade de a tornar melhor cá dentro e maior lá fora.
No que o protocolo diz e pela regra de mão na bola o lance não foi não foi motivo para pênalti. Pelo simples facto do jogador ter o braço junto da anca e perna, e se virem as imagens frame a frame como eu já vi é verdade que a bola bate na parte direita do antebraço esquerdo juntamente com a barriga e a coxa esquerda. Vamos lá falar de física agora, depois quando vai a cair no chão o movimento do braço esquerdo abre para o lado esquerdo, mas a bola permanece junto da sua coxa e dominada com a coxa, logo se o braço tivesse mudado a trajetória da bola ela não ficaria junto dele era fisicamente impossível, então resumindo isto é só falatório para destabilizar, ouve um lance idêntico no jogo Sporting - Benfica para o campeonato onde o akturkoglu faz o cruzamento e o Eduardo faz exatamente o mesmo que Florentino fez, e não ouve falatório como está a existir até agora depois do jogo. Pois todos já vimos que as cores das camisolas fazem diferença na opinião da comunicação social. Isto tudo para abafar os casos que sim existiram no jogo do porto - Sporting onde o morita vio o árbitro a perdoar um vermelho direito e o porto vio 2 penaltis perdoados. Tenham vergonha de falar num lance que foi devidamente bem avaliado pelo var e que foi sim legal.