Rui Borges diz que os jogadores têm de se sentir capazes de vencer um jogo como o desta quinta-feira
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CONFERENCIA-Bruno Lage - Di Maria Substituido Ao Intervalo
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Gil Vicente-Sporting, 0-1 Afinal, o leão também sabe ser bom nas segundas partes (crónica)

NACIONAL27.02.202523:37

Desapareceu em Barcelos o fantasma das metades finais de pesadelo que atacou com FC Porto, Dortmund, V. Guimarães e Aves SAD. Viu-se, assim um Sporting veloz e dominante (e com Gyokeres) após o intervalo, num segundo tempo que garantiu as meias-finais da Taça

E, subitamente, o vento mudou. O Sporting está nas meias-finais da Taça de Portugal porque, diante do Gil Vicente, ao invés do que vinha a suceder regularmente desde que Rui Borges assumiu o comando técnico, desta vez não caiu na segunda parte, como havia acontecido com o V. Guimarães (de 3-1 para 3-3), com o FC Porto (de 1-0 para 1-1), com o Dortmund (de 0-0 para 0-3) e com o Aves SAD (2-0 para 2-2), só para citar alguns exemplos.

Ao invés do que vinha, aflitivamente, a suceder, desta vez os leões foram melhores (aliás, muito melhores) na segunda metade do que na primeira. E a isso aliaram, ainda, a sorte que noutras ocasiões tem sido azar: em Barcelos o jogo acabou com 11 leões contra 10 galos e, à beira do fim, os primeiros livraram-se do 1-1 por uma questão de... 30 milímetros.

Assolado por uma onda de lesões sem paralelo, Rui Borges teve de voltar a delinear um plano B (ou C, ou D), lançando Harder de início e, entre outras variações, apostando, também, entre os titulares em Esgaio no centro da defesa e Alexandre Brito no meio-campo. Que remédio...

E... começavam mal os leões, a sofrerem um valente susto logo aos 2', quando Aguirre se isolou entre os centrais e disparou cruzado, com muito perigo, para grande defesa de Rui Silva. Ficava o aviso, o Sporting respondia logo e em dose dupla.

Primeiro, por Debast, ele que viria a ser o herói leonino (mas já lá vamos), a Debast a rematar sem aviso de fora da área, mas a ver bola, venenosa, a sair ligeiramente ao lado. Logo depois, aos 7’, seria Harder, após passe de Maxi Araújo, a rematar de primeira, mas para fora, após desvio do guarda-redes Brian Araújo — o dinamarquês pediu canto, o árbitro, com um rigor raramente visto, mostrou logo amarelo ao atacante leonino.

Às fortes emoções dos primeiros 10 minutos seguia-se... um sonolento torpor. As equipas, bem organizadas sem bola e eficazes a defender, iam falhando ao nível do rasgo de talento e na velocidade na aproximação às balizas. O jogo perdia-se em lutas a meio-campo, com muitos passes para o lado e para trás, morno e sem grandes motivos de interesse.

Assim foi na maior parte do primeiro período, juntando-se aos ingredientes já mencionados um enorme receio de parte a parte, um medo claro de cometer erros, sabendo ambas as formações que, sendo o duelo a eliminar, qualquer desleixo poderia resultar na derrota.

Ainda assim, iam revelando maior atrevimento os homens da casa, em particular Félix Correia, Santi García, Aguirre e Zé Carlos... Crescia o Gil Vicente, acreditava que era possível e ia aproveitando a quase total ausência de pressão alta do Sporting — e o enorme buraco que havia entre linhas atacante e defensiva dos leões.

Do lado do Sporting, só Trincão e Maxi Araújo mostravam a atitude que se exige, tentando surgir nos espaços deixados livres pelo Gil, sobretudo o português, procurando linhas de ataque, fintando, ora na esquerda, ora no meio, ora na direita, mas quase sempre esbarrando no muro gilista...

Jogadas de perigo, porém, surgindo só mesmo junto à baliza verde e branca: aos 33', Aguirre, a dois tempos, ficou muito perto do golo, acabando Rui Silva por ser determinante; aos 36', Félix Correia, com um passe fantástico, rasgou meia equipa do Sporting, isolando Zé Carlos, que foge a Maxi Araújo e, isolado perante Rui Silva, dispara por cima; e, à beira do intervalo (41’), esteve novamente à vista o festejo do Gil: o cruzamento de Sandro Cruz é perfeito, a finalização de Félix Correia, na cara de Rui Silva, saiu mal e o lance perdeu-se.

O jogo do Sporting gritava por alguém que causasse impacto imediato. Com Gyokeres no banco, a solução era clara: lançar o sueco para a segunda parte; foi o que Rui Borges fez, tirando Harder que se destacara naquele lance aos 7 minutos e... pouco mais.

Os leões surgiram, finalmente, mais aguerridos e com uma atitude mais proativa do que na primeira parte. Desde logo, intensificando a pressão na saída de bola do Gil e acelerando no momento de atacar. Neste capítulo, há que destacar um lance que parece ter mexido emocionalmente com os visitantes: um potencial penálti a favor dos homens de Alvalade, porém revertido (bem) pelo árbitro após visionar as imagens (depois de cruzamento de Trincão, Castillo tinha o braço junto ao corpo quando a bola lhe tocou).

A pressão alta do Sporting trazia resultados claros: mais bolas conquistadas no meio-campo adversário e o Gil a mostrar-se incapaz de sair rápido para o ataque como em alguns instantes da primeira metade do encontro.

Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos tempos, desta vez o que se via era um Sporting que, afinal, também sabe ser superior nas segundas partes. Mais veloz do que na primeira, mais pressionante e mais incisivo e intenso a lançar-se no ataque...

O perigo, agora, rondava a baliza do Gil, os leões iam rodeando as suas prezas, adivinhava-se algo. Até que, ao minuto 68, servido por Gyokeres, Debast dispara uma bomba do meio da rua, a bola ainda embate em Castillo, traindo o guarda-redes. Estava feito o 1-0, os verdes e brancos mandavam no jogo.

Tudo corria bem ao conjunto de Rui Borges. Logo depois, Gyokeres quase faz o 2-0 e, na sequência do lance, o Gil fica a jogar com menos um, por expulsão de Zé Carlos. E, no livre correspondente, de novo o sueco a atirar muito perto do poste. Só dava Sporting e... só não deu mais porque o guardião dos galos, Brian Araújo, foi segurando a desvantagem mínima. E, também, porque à beira do fim (88’), o VAR encontrou um fora de jogo, por 3 centímetro, que invalidou o que seria o 1-1 para o Gil. Não foi. É o Sporting a seguir para as meias-finais onde encontrará o Rio Ave.