OPINIÃO Varandas tem o lugar em risco
João Pereira soma derrotas e o problema do Sporting é de liderança. A partir de agora tem de ser o presidente a dar a cara em todas as situações e tomar todas as decisões. É que a oposição vai movimentar-se e as eleições são já em 2026…
É oficial: o Sporting está em crise. Num ápice, a equipa passou de dominadora do futebol português, com as expectativas dos adeptos num nível de que não há memória, para um conjunto frágil. Demasiado frágil. Como se verificou na Bélgica, diante de um Club Brugge de segunda linha europeia. E o jogo de terça-feira até foi o melhor dos leões na era João Pereira, descontando, claro, o Amarante, da Liga 3, para a Taça de Portugal.
O momento é preocupante, principalmente para Frederico Varandas. O presidente fez uma aposta de risco em João Pereira, embora defensável do ponto de vista de alterar o menos possível o que estava perto da perfeição para a realidade do clube, mas o certo é que, para já, falhou-a.
Sabia-se que a herança deixada por Ruben Amorim era muito pesada. A equipa ganhava e encantava. O treinador granjeava fãs de forma transversal. Para os sportinguistas era um verdadeiro ídolo e para os rivais um autêntico exemplo.
O atual técnico do Manchester United criou uma equipa de autor em Alvalade e simultaneamente era um mestre da comunicação. E, de um momento para o outro, o clube ficou órfão de liderança. Este é, para mim, o grande problema do Sporting.
Ruben Amorim já era, João Pereira cometeu a proeza de sofrer quatro derrotas consecutivas e, já se sabe, tudo é agora colocado em causa. Certo é que o clube passou do céu ao inferno e só há uma pessoa que pode travar a queda vertiginosa: Frederico Varandas.
O presidente, no meio desta depressão em que entraram os leões, já veio a público e foi claro na mensagem: «Enquanto esta Direção aqui estiver, sabem quando é o Sporting será gerido de fora para dentro? Nunca», disse, à partida para a Bélgica. Tudo certo.
O problema é que Amorim, percebe-se melhor a cada dia que passa, era o suporte de todo o futebol. Era quem, ninguém duvide, tomava muitas das decisões e era quem todos ouviam. Dos adeptos aos jornalistas, dos dirigentes aos jogadores.
Na prática, o Sporting — ou, se preferirem, Frederico Varandas — ficou refém de Ruben Amorim. O que foi ótimo durante quatro anos, com o treinador a servir ora de bandeira ora de… escudo. E o que está a tornar-se agora um problema… gigante.
«Muito mais importante do que a habitual comunicação corriqueira para inglês ver, é a comunicação interna entre estrutura, treinador e jogadores. O presidente irá falar para fora quando entendermos que é o melhor momento e que defende os interesses do Sporting», disse ainda Frederico Varandas, há três dias, no aeroporto. Chegou a hora de o fazer!
No futebol tudo muda muito rápido e o que está a acontecer em Alvalade é um bom exemplo. Há um mês, Varandas era intocável, o mesmo será dizer que não tinha oposição. O reinado de Bruno Carvalho estava bem distante e o ataque a Alcochete enterrado. O Sporting estava bem e recomendava-se e o presidente somava simpatizantes a cada dia.
Agora, bem, agora é tempo de Frederico Varandas começar a pensar nas… eleições, mesmo que decorram apenas em 2026. É que se os resultados não mudarem rapidamente a oposição vai começar a movimentar-se. E o presidente tem de alterar a estratégia, pois sabe que o lugar vai começar a ficar em risco.
João Pereira não tem perfil de líder e o diretor desportivo Hugo Viana está de malas aviadas para o Manchester City. A partir de agora é Varandas ou… Varandas. Para dar a cara em todas as situações e tomar todas as decisões.